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Cena Política

Por Igor Maciel

Cena Política

A segurança do carnaval e a verdade como ponto de partida da política

Confira a coluna Cena Política desta sexta-feira (26)

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Igor Maciel

Publicado em 25/01/2024 às 20:00
Raquel Lyra e João Campos, no Palácio
Raquel Lyra e João Campos, no Palácio - HESÍODO GÓES/SECOM

O Governo de Pernambuco assumiu uma responsabilidade grande ao mudar toda a cúpula da Segurança (menos o secretário) às vésperas do carnaval. Salvo se houver na gestão uma certeza de 115% sobre os resultados, o que é impossível, há um risco político grande. E a pressão por bons resultados acaba aumentando muito para o evento.

Não se discute

Não há problema nenhum em mudar os postos para buscar melhores resultados. É prerrogativa da governadora mudar quem ela quiser, na hora em que bem entender. Também não há o que se discutir sobre a iniciativa ter partido do atual secretário, já que a equipe foi escolhida pela secretária anterior.

É natural que ele prefira trabalhar com o próprio time.

Precisava mudar

Também não há motivos para se questionar a decisão do ponto de vista dos resultados. A equipe que sai não conseguiu apresentar bons números e não cabe aqui discutir os motivos que levaram a isso. O fato é que não houve redução da violência como se esperava e episódios lamentáveis como a recente briga de torcidas no dia do jogo entre Sport e Santa Cruz contribuíram para as mudanças.

Que hora

O problema é fazê-la às vésperas do carnaval e, mais que isso, logo depois que a governadora recebeu o prefeito do Recife, João Campos (PSB), no Palácio do Campo das Princesas, naquilo que resultou em declarações garantindo a segurança do carnaval.

Independe

O risco de a violência atrapalhar a festa cresceu com as mudanças feitas na cúpula da SDS? Não. As pessoas não estão menos seguras porque as mudanças foram feitas. As trocas, na verdade, não vão fazer crescer os índices de violência, porque o esquema de policiamento é muito mais amplo, organizado e independe de quem vai tocá-lo.

O roteiro da segurança já está pronto e é responsabilidade do secretário Alessandro Carvalho.

sem consequência direta

Não tem como piorar por causa das mudanças, essa é a verdade. Um assalto que acontecer durante o carnaval já iria acontecer independente do comandante da PM que estiver na função. Se o número de homicídios ou de roubos aumentar, não será porque trocaram a chefe da Polícia Civil.

Política

O problema é político e de construção de narrativas. Agora, haverá possibilidade de dizer que foi “culpa da governadora por ter garantido publicamente a segurança e depois trocado a equipe”. O que surpreende é que o caminho que levou a isso, a essa possibilidade de narrativa, foi inteiramente construído pelo próprio governo, não pela oposição.

Não é um fim

Existe algo que as boas pessoas na política esquecem sobre a política feita no Brasil (e em outras partes do mundo): a verdade costuma ser um ponto de partida, mas quase nunca é um fim. Não é possível impedir que as falácias lhe atinjam, mas convém não ser o responsável pelo seu cultivo.

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