Lei do Superendividamento foi sancionada na última sexta-feira (2) pelo presidente Jair Bolsonaro. A lei já está valendo e promete criar mecanismos para devolver o crédito a pessoas que perderam sua capacidade de pagamento. Apesar de avançar em alguns pontos na proteção ao consumidor, um dos pontos que era destaque no projeto foi vetado pela Presidência. O que estabelecia novos limites ao crédito consignado. O previsto na lei era de 5% do salário líquido para pagar dívidas com cartão de crédito e 30% para outros empréstimos consignados.
Assim, continua a valer mudanças recentes aprovadas pelo presidente Jair Bolsonaro, que aumenta de 35% para 40% a margem para o crédito consignado de servidores públicos ativos e inativos, militares e aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A notícia, que aparentemente é boa, esconde grandes riscos.
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PLANEJAMENTO
Como resultado da crise financeira, em decorrência da pandemia, muitas famílias estão com problemas financeiros, contudo, a situação se agrava para os que solicitaram crédito consignado sem planejamento e sem a percepção do real impacto que isso terá nas finanças.
"O crédito consignado é uma modalidade de empréstimo na qual o trabalhador vincula o pagamento ao seu salário, ou seja, as parcelas são descontadas antes mesmo do dinheiro cair na conta. O lado positivo é que isso faz com que os juros sejam menores, já o lado negativo é que dificilmente se consegue negociar valores, além do que os ganhos mensais diminuirão", explica o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos.
Segundo o especialista, os problemas relacionados ao crédito consignado vêm antes mesmo da pandemia sendo que esse modelo de crédito estava crescendo muito se tornando uma das principais formas de endividamento da população. O resultado são recordes de inadimplência, portanto é preciso tomar muito cuidado na hora de utilizar essa linha de crédito.
ORIENTAÇÕES
O presidente da Abefin preparou dez dicas para quem optar por aderir ao consignado
• É importante conhecer a sua real situação financeira antes de tomar qualquer crédito, fazendo um diagnóstico financeiro, descobrindo para onde vai cada centavo do dinheiro durante o mês e registrando as dívidas caso existam.
• Não permita que este empréstimo e que os problemas financeiros reflitam em seu desempenho profissional, pois será muito mais complicado pagar as contas sem nenhum salário.
• Antes de buscar pelo crédito consignado é preciso ter consciência de que os gastos da família deverão ser reduzidos em até 40% do ganho mensal, isto porque a prestação do empréstimo reduzirá o seu ganho mensal diretamente em seu salário ou benefício de aposentadoria.
• A opção do crédito consignado é muito usada para quitação de cheque especial, cartão de crédito e financeiras, porém a troca simplesmente de um credor por outro, sem descobrir a causa do verdadeiro problema, apenas alimentará o ciclo do endividamento.
• A linha de crédito consignado pode ser bem utilizada, mas não deve fazer parte da rotina de um assalariado ou aposentado. Sua utilização deve ser pontual e ter um objetivo relevante.
• Tem sido comum tirar o empréstimo em nome de terceiros por parte de aposentados e até mesmo funcionários, mas este procedimento é prejudicial a todos, por isso, deve ser evitado.
• Caso encontre taxas de juros mais baixas, a portabilidade também deste crédito é necessária. Para os funcionários o caminho será falar com a área de Recursos Humanos, para os aposentados as possibilidades são inúmeras, é preciso pesquisar.
• Os juros também são um grande perigo. Mesmo com taxas baixas, a cada ano esses valores representam uma grande parcela do valor total emprestado, é preciso negociar.
Reinaldo Domingos ainda recomenda: "para quem quer tomar o crédito consignado, antes mesmo de assinar o contrato com a instituição financeira, é importante fazer uma boa reflexão e analisar se este valor, que será descontado diretamente no salário ou benéfico, não fará falta para os compromissos essenciais mensais", finaliza.