Veja quando será a volta às aulas nas universidades e institutos federais de Pernambuco

UFPE, UFRPE, IFPE e IF do Sertão retomam as aulas em agosto. UPE propõe retorno em setembro. UFAPE decide sexta-feira (24). Univasf só deve definir no próximo mês
Margarida Azevedo
Publicado em 21/07/2020 às 21:55
Com gestão pró-tempore, a Univasf é a que está com o calendário de retorno das aulas mais indefinido Foto: Ascom Univasf


(Atualizado às 11h45 de 22/07 para acréscimo de informações sobre a Univasf e às 17h30 para acréscimo de informações sobre a UFAPE)

Enquanto pais e alunos da educação básica estão na expectativa pela data de liberação das aulas presenciais em Pernambuco, suspensas desde 18 de março por causa da covid-19, os cerca de 100 mil estudantes de cursos técnicos e de graduação das cinco universidades públicas (UFPE, UFRPE, Univasf, UFAPE e UPE) e dos dois institutos federais (IFPE e IF do Sertão) do Estado já sabem que dificilmente haverá aulas, este ano, nesse formato.

Quatro dessas instituições - UFPE, UFRPE, IFPE e IF do Sertão - já definiram seus calendários de retorno, exclusivamente no modelo remoto, com retomada em agosto. A Universidade de Pernambuco (UPE), única estadual desse grupo, vota na próxima quinta-feira (23) a proposta de um semestre extra, previsto para começar no início de setembro. A Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE) fará o mesmo na sexta (24), com planos de retomar as atividades em 17 de agosto. Já a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) deve apreciar um cronograma no próximo mês.

Como essas instituições vão usar o ensino remoto não precisam esperar a divulgação, por parte do governo estadual, das datas em que as aulas presenciais serão liberas em Pernambuco. A previsão é ter esse cronograma até o final da próxima semana, garantiu o governador Paulo Câmara em entrevista à Rádio Clube nesta terça-feira (21). Decreto que proíbe aulas presenciais em escolas, faculdades e universidades do Estado, públicas e privadas, expira em 31 de julho.

PROPOSTA DA UPE

"Inicialmente havíamos pensado no modelo híbrido, misturando aulas virtuais e presenciais. Mas na discussão com os diversos segmentos da universidade alguns grupos foram reticentes quanto às aulas presenciais por causa dos riscos da pandemia. Então a proposta que será votada é de um período excepcional suplementar, com aulas remotas e que deve durar dois meses e meio", explica a vice-reitora da UPE, Socorro Cavalcanti. Caso o calendário seja aprovado pelos Conselhos Universitário e o de Ensino, Pesquisa e Extensão, as aulas seguirão até meados de novembro. Estudam na UPE, na graduação, cerca de 14 mil alunos.

Na UFPE e na UFRPE, que igualmente vão ofertar um semestre extra, a participação de docentes e estudantes será facultativa. Na UPE, apenas para os alunos a matrícula vai ser opcional. O primeiro semestre de 2020 permanece suspenso nas três instituições. "Os professores terão que participar. Se não ministrarem disciplinas poderão propor outras atividades. As exceções serão aqueles que tiverem comorbidades ou algum outro impedimento", observa Socorro. "Se houver condições, esperamos ainda em dezembro voltar com o primeiro semestre letivo de 2020", afirma a vice-reitora.

"Não vejo a hora de voltar a estudar. Tenho internet, mas em algumas plataformas o sinal trava. Não possuo computador. Tive algumas experiências com cursos online. Usei o celular, mas não é a mesma coisa. A tela é pequena", conta Hemerson Nunes, 21 anos, aluno do 3º período do curso de ciências biológicas da UPE, câmpus Garanhuns, no Agreste. Filho único de um vigilante e uma merendeira, ele diz que não tem condições de comprar um micro. Para atender jovens como Hemerson, a UPE está negociando com a Secretaria de Educação de Pernambuco a oferta de pacotes de dados. Planeja também apoiar os que não dispõem de equipamentos.

UNIVASF

Na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), uma comissão de representantes da comunidade acadêmica está elaborando a proposta de atividades remotas, com perspectiva de concluir o processo até o final de agosto. A instituição está com uma gestão pró-tempore desde meados de abril.

"Apresentamos um cronograma que previa o retorno das aulas em 15 de junho. Mas foi rechaçado pelo Conselho Universitário, que não concorda com a gestão pré-tempore e não permite que participemos dessa comissão", informa o pró-reitor de ensino, Manoel Messias. A universidade tem cerca de 7 mil graduandos em câmpus em Pernambuco, na Bahia e no Piauí.

O presidente da comissão que está elaborado a proposta de calendário para Univasf, Adelson Oliveira, refuta a afirmação do pró-reitor de que o grupo não aceita a participação da gestão.

"Estamos nos empenhando e trabalhando muito para fechar uma resolução até o fim de julho, com votação em agosto. Nossa previsão é retomar com aulas remotas, no mais tardar, em setembro. A comissão não impede a participação da gestão pró-tempore. Nosso trabalho é coletivo e feito em constante diálogo", assegura Adelson.

"A proposta de resolução apresentada pela gestão pró-tempore não dialogava com a realidade da Univasf e não foi construída pelo conjunto da universidade. Por isso acabou reprovada pelo Conselho Universitário. A comissão começou a trabalhar, em 22 de junho, para construção dessa proposta", afirma Adelson.

Segundo ele, há a presença de membros da atual gestão em todos os quatro níveis da comissão (administrativo, gestão, temático e de base). Também de discentes. "Inclusive o professor Manoel Messias poderia participar do nível administrativo, mas optou por indicar outra pessoa da pró-reitoria de ensino", informa Adelson.

UFPE E UFRPE

A UFRPE aprovou nesta terça-feira (21) o calendário de retorno das atividades. A instituição vai implementar dois períodos letivos excepcionais, chamados de 2020.3 e 2020.4. Começarão em 17 de agosto e vão até 12 de março. Com isso, o primeiro semestre letivo de 2020 só deve ser retomado em março de 2021. Nos dois semestres excepcionais haverá prazos separados para matrículas de concluintes e ingressantes. Uma novidade é que os calouros aprovados pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para segunda entrada de 2020 poderão cursar, de maneira extraordinária, até duas disciplinas isoladas.

Na UFPE, que soma 30 mil graduandos, a volta das aulas está programa para 17 de agosto. O semestre extra é chamado de Calendário Acadêmico Suplementar. Todas as disciplinas serão ministradas virtualmente. A matrícula dos alunos é facultativa e os professores também têm autonomia para participar ou não. O estudante que não puder ou não quiser se matricular poderá voltar às atividades apenas quando o ano letivo de 2020 for reiniciado.

UFAPE

A UFAPE, localizada em Garanhuns, reunirá o Conselho Universitário na próxima sexta-feira (26) para apreciação da proposta de um semestre extra, chamado de Período Letivo Excepcional. Segundo a pró-reitora de ensino de graduação, Emanuelle Albuquerque, a previsão é retomar as aulas da graduação em 17 de agosto. "Vamos propor um semestre com 10 semanas de duração, participação facultativa de alunos e professores e todas as aulas remotas", informa Emanuelle.

A UFAPE é um desmembramento da UFRPE e passou a existir, legalmente, em abril de 2018, mas somente no final do ano passado, com a nomeação de um reitor pro tempore (Airon Melo), a separação foi consolidada. A instituição tem cerca de 2 mil alunos e 190 docentes. Oferece sete graduações. Caso a resolução proposta pela pró-reitoria de ensino seja aprovada, o semestre extra terá aulas até 23 de outubro, com encerramento em 13 de novembro.

INSTITUTOS

Diferentemente das universidades, que adotam data única para retomada das atividades em todos os câmpus, nos dois institutos federais de Pernambuco (IFPE e IF Sertão), as unidades acadêmicas, espalhadas por todo o Estado, podem escolher dias diferentes para o retorno das aulas nos cursos técnicos e superiores.

O IFPE tem cerca de 23 mil alunos em 16 câmpus. O maior deles é o de Recife, com aproximadamente 8 mil discentes. Na instituição, a decisão foi de voltar com as aulas do primeiro semestre letivo, a partir de 17 de agosto, e não criar um período extra.

"Cada câmpus poderá estabelecer estratégias diferentes para seus cursos, de acordo com suas realidades. Esperamos concluir esse primeiro semestre em novembro. O segundo período deve ir de dezembro até o final de fevereiro. Assim conseguiremos começar o ano letivo de 2021 em março", diz o reitor do IFPE, José Carlos de Sá. Inicialmente a oferta é de apenas aulas remotas, mas pode haver flexibilização, conforme se comportar o cenário da covid-19, com a inclusão de aulas presenciais.

No Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão), o retorno dos cerca de 9 mil alunos será entre 10 e 17 de agosto, também segundo decisão de cada um das oito unidades acadêmicas. "Precisamos concluir o primeiro semestre letivo de 2020. Nosso maior gargalo foi a falta de acesso a equipamentos e internet dos alunos mais carentes. Para eles criamos um auxílio tecnologia, cujo valor dependerá de cada câmpus", destaca a pró-reitora de ensino, Socorro Tavares.

RETOMADA DAS AULAS NO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO DE PERNAMBUCO

UFPE
Aulas num semestre extra, de 17 de agosto a 9 de dezembro, com aulas exclusivamente remotas

UFRPE
Aulas em dois semestres extras, também remotas. O primeiro de 17 de agosto a 13 de novembro e o segundo de 30 de novembro a 12 de março de 2021

UPE
Ainda não definiu, calendário será votado nesta quinta-feira (23). Proposta é retomar em um semestre extra, entre setembro e novembro, com aulas remotas

Univasf
Proposta está em discussão pela comunidade acadêmica. Previsão é haver uma definição até o fim de agosto

UFAPE
Proposta de semestre extra, com início em 17 de agosto e fim em 13 de novembro, será votada pelo Conselho Universitário na próxima sexta-feira (24)

IFPE
Retoma as aulas do primeiro semestre letivo de 2020 em 17 de agosto, mas cada câmpus tem autonomia para definir a data. Previsão de conclusão em novembro, inicialmente apenas com aulas remotas

IF do Sertão Pernambucano
O retorno do primeiro semestre letivo, com aulas remotas, será de 10 a 17 de agosto, de acordo com calendário estabelecido por cada câmpus

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