Com os avanços no plano de convivência com à Covid-19 em Pernambuco e a retomada gradual de alguns setores, o momento ideal para a volta das aulas presenciais vem sendo questionado. Na última terça-feira (15), o Governo do Estado decidiu prorrogar pela sétima vez o decreto que suspendeu as aulas presenciais em março. A proibição foi renovada até o dia 22 de setembro, com exceção da Ilha de Fernando de Noronha que já possui autorização para realizar o retorno gradual a partir da próxima terça-feira (22).
Em julho, o protocolo que deverá ser seguido pelas escolas foi estabelecido. As determinações incluem o distanciamento mínimo de 1,5 m entre os estudantes e trabalhadores em educação, estabelecendo a possibilidade de que, dependendo do espaço físico da instituição de ensino, o número de alunos por turma seja reduzido e o rodízio de alunos implementado. Outras medidas como a limpeza frequente do ambiente e a colocação de itens de higiene como álcool em gel em locais acessíveis para os alunos também deverão ser observadas.
Para o infectologista Filipe Prohaska, as escolas possuem uma vantagem em relação ao comércio. “Na escola você consegue controlar quantas pessoas vão, estabelecendo um sistema híbrido e um rodízio de alunos, de uma forma que você não tenha o número máximo de alunos presencialmente. Uma forma de garantir um tripé importante nessa retomada: o uso de máscaras, distanciamento social e limpeza e sanitização dos ambientes."
Outros fatores devem ser avaliados antes da retomada, “se você tem uma queda dos números de casos graves e maior controle da doença, esse é o melhor momento”, afirma o infectologista. O médico destaca que no caso de Pernambuco, é importante observar que o plano de convivência não sofreu regressão em nenhum momento. Prohaska considera que o estado está no “momento mais adequado, só tivemos avanço em relação ao plano de convivência, chegou a hora de avançarmos mais uma vez”.
Responsável por realizar consultoria em algumas escolas da rede privada do estado, o infectologista listou os momentos que exigirão maior atenção na retomada. “O uso da máscara e quando trocá-la, como agir no recreio e na entrada e saída das aulas”, afirmou Prohaska. Para minimizar os riscos, as escolas deverão estabelecer horários diferentes para entrada e saída de alunos, recreio, aumento no distanciamento no momento da troca da máscara e um cuidado especial no reabertura das cantinas. O objetivo é evitar aglomerações e diminuir o risco de que as crianças sejam infectadas.
O médico observou que a maior dificuldade enfrentada pelos estabelecimentos de ensino é relacionada a sanitização dos ambientes. “Existe uma necessidade de reaprender a limpar os espaços como um todo”, acrescentou. Buscando cumprir o protocolo estabelecido, algumas escolas precisaram desativar salas que não permitiam o distanciamento social efetivo ou a ventilação necessária. Na tentativa de compensar a perda desses espaços, quadras esportivas deverão ser utilizadas para garantir a segurança dos alunos.
Prohaska destaca que, segundo a OMS, não será possível trabalhar com 100% de segurança até agosto de 2022. Segundo a Organização Mundial da Saúde, responsável por estabelecer os protocolos a serem seguidos para o retorno das aulas presenciais, é somente nessa data que, com uma segunda dose da vacina e imunização de rebanho, os riscos deverão ser zerados.