Professores do Recife fincam cruzes em ato contra a reabertura de escolas em Pernambuco

Ato aconteceu em frente ao Pátio da Basílica de Nossa Senhora do Carmo, na Avenida Dantas Barreto, para alertar sobre eventuais novas contaminações pela covid-19 com a reabertura das unidades
Katarina Moraes
Publicado em 25/09/2020 às 8:10
Ato tem como objetivo alertar a sociedade sobre o perigo de uma nova onda de contaminações pelo coronavírus após a reabertura das escolas Foto: DAY SANTOS/JC IMAGEM


Atualizada às 12h33

A onze dias do retorno dos alunos do 3º ano do ensino médio de Pernambuco às aulas presenciais, o Sindicato dos Professores do Recife (SIMPERE) fincou cruzes no Pátio da Basílica de Nossa Senhora do Carmo, na Avenida Dantas Barreto, nesta sexta-feira (25), temendo por uma abertura posterior das escolas da rede municipal. O ato tem como objetivo alertar a sociedade sobre o perigo de uma nova onda de contaminações pelo coronavírus após a flexibilização na rede de ensino. Protesto acontece um dia depois dos professores da rede estadual, em assembleia virtual do Sindicato de Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), terem decretado greve por, segundo eles, não haver segurança necessária à reabertura.

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Inicialmente, apenas o 3º ano do ensino médio poderá retomar. No dia 13 de outubro, pode voltar o 2º ano e, em 20 de outubro, o 1º ano, cursos técnicos e a Educação de Jovens e Adultos (EJA) para ensino médio. Sendo assim, a rede municipal do Recife não é englobada pela flexibilização, já que suas escolas e o EJA ofertam aulas apenas até o ensino fundamental II.

No entanto, o diretor do Simpere Carlos Elias, explica que a abertura dos anos finais já sinaliza que, em breve, os anos iniciais também voltem ao ensino presencial. "A gente está fazendo a atividade contra a abertura das escolas estaduais porque a gente sabe que tem consequência sobre a rede municipal, já que é o mesmo governo e é a mesma política. Não está garantido que amanhã ou depois as escolas municipais não estejam abertas. Há uma pressão dos empresários para que abram [também] as creches para que as mães possam colocar seus filhos lá e fiquem livres para [irem] o trabalho", diz.

Por nota, os professores da rede municipal afirmam temer que os protocolos sanitários anunciados não sejam garantidos, pela estrutura das unidades escolares ser, de forma geral, precária. Eles relatam que é "comum faltar produtos de higiene, ventilação nas salas de aula, além de existirem unidades em que falta água."

“Os secretários da saúde, estadual e municipal, se isentam da responsabilidade de garantir que essas vidas sejam preservadas, colocando sobre as costas desses adolescentes, com capacidades cognitivas ainda em formação, a tarefa de segurar sozinhos a curva de contágio através de medidas de higiene e distanciamento dos colegas de classe”, diz o diretor do Simpere Igor Andrade.

O Simpere ainda acusou o governo do estado e a prefeitura do Recife de "comemorarem" recordes de queda do número de óbitos, e chamou atenção para o fato que 152 recifenses morreram entre os dias 14 a 20 de setembro.

O que diz o Governo de Pernambuco?

À reportagem do JC, o Governo do Estado afirmou que recebeu a manifestação "com surpresa", porque o Simpere "não tem qualquer relação com as escolas de Ensino Médio autorizadas pelo decreto estadual a retomar as aulas presenciais a partir de outubro." E completou: "A autorização para a retomada das aulas presenciais no ensino médio não envolve escolas municipais, não sendo oportuno no momento tratar sobre unidades escolares que ainda não receberão estudantes."

A gestão estadual também informou que, nas escolas estaduais, "a estrutura já está sendo preparada desde o mês de julho. As unidades receberam obras de instalação de novas pias e lavatórios para ampliar os espaços de lavagens das mãos, máscaras, faceshields, termômetros, totens de álcool gel e tiveram as salas de aula reorganizadas para garantir o distanciamento."

A Secretaria de Educação informou, ainda, "que tem mantido diálogo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe), este sim ligado aos professores e demais trabalhadores da educação da rede estadual e portanto o interlocutor da categoria em relação à rede estadual", disse, por nota.

O que diz a Prefeitura do Recife?

Já a Secretaria de Educação do Recife negou as denúncias feitas pelo Simpere sobre a infraestrutura do parque escolar, e lembrou que não há sequer data para o retorno das aulas presenciais do ensino infantil e fundamental, que são de responsabilidades do município.

A gestão municipal também garantiu que as escolas do Recife estão prontas para retorno presencial. "A Secretaria de Educação do Recife reforça que a rede municipal está pronta tanto em relação à infraestrutura como ao planejamento pedagógico.Quando houver data definida para o retorno, todo o protocolo de segurança anunciado pelo Governo do Estado Pernambuco será cumprido, assim como medidas adicionais de segurança serão adotadas observando as especificidades da rede do Recife para garantir a segurança de toda a comunidade escolar", disse, por nota.

E, por fim, afirmou que as unidades de ensino do município têm material de limpeza, estrutura e abastecimento de água, ao contrário do que diz o sindicato. "O fornecimento de material de limpeza é permanente nas escolas da rede municipal de ensino, assim como o abastecimento de água. As unidades escolares seguem o padrão Escola do Futuro, que investe em inovação, qualidade pedagógica, construção e requalificação de novas escolas e creches", completou.

Cronograma de reabertura

No anúncio da flexibilização, feito na última segunda-feira (21), o governo reforçou que o retorno será opcional, ou seja, vai depender da avaliação das escolas e das famílias, e que as datas de retomada podem ser definidas por cada unidade, a partir da data autorizada para cada série. A gestão também destacou que as turmas devem reduzir o número de alunos no modelo presencial.

"A decisão do retorno, neste momento, é de competência de cada pai ou responsável. A volta será opcional", ressalta o secretário estadual de Educação, Fred Amancio. "Continuaremos nas nossas escolas estaduais ofertando o ensino remoto. O que sugerimos que aconteça também nas outras redes", diz Fred. "Ao longo de outubro vamos tomar as decisões que envolvem a educação infantil e o ensino fundamental", destaca o secretário de Educação.

Os concluintes do ensino médio, ou seja, alunos do 3º ano, poderão ir pra escola a partir do dia 6 de outubro. Na semana seguinte, em 13 de outubro, retornarão os estudantes do 2º ano. Em seguida, em 20 de outubro, retomam os adolescentes do 1º ano do ensino médio, cursos técnicos e a Educação de Jovens e Adultos (EJA).

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