Após mais de sete meses desde a suspensão das aulas presenciais, impedidas a partir do dia 16 de março após decisão do Consórcio Pernambuco Universitas, as universidades e institutos públicos de Pernambuco começam a considerar retorno de atividades in loco em 2021. No entanto, em resposta à reportagem do JC, instituições federais e estaduais afirmam que vão continuar analisando a situação da pandemia da covid-19 no Estado antes de tomar quaisquer decisões. Por enquanto, todos funcionam com ensino remoto.
Até o dia 20 de novembro, pelo o menos, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que iniciou as aulas online opcionais no dia 24 de agosto para os mais de 30 mil alunos de 109 cursos de graduação, debate o retorno do calendário 2020.1, paralisado desde a chegada dos primeiros casos de coronavírus no Estado.
Por nota, a instituição respondeu que a retomada do semestre letivo "tem sido pauta de discussões constantes junto a sua comunidade acadêmica. Desse modo, as datas e modalidade de aulas (remotas, presenciais e híbridas) para o retorno ao calendário do ano letivo 2020 ainda não foram definidas. Ao se finalizarem os debates sobre esses pontos, a proposta será submetida para apreciação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), e somente então divulgados nos meios de comunicação da UFPE. Há a previsão de discussão no CEPE até dia 20 de novembro de 2020."
Com 14 mil graduandos de 54 cursos, a Universidade de Pernambuco (UPE), que encerra o semestre suplementar remoto no dia 25 de novembro, ainda não tem definição final sobre retorno às salas de aula em 2021, mas admite discutir a adoção do ensino híbrido. "A ideia é que a gente inicie com o ensino híbrido. A gente teria a base das aulas teóricas online, mas algumas atividades práticas começariam [presencialmente]. A gente está conversando nesse sentido, mas não tenho definição ainda", disse o reitor Pedro Falcão.
Para o próximo ano, a expectativa é de que sejam realizados três semestres na UPE - um a mais do que o usual - para desafogar 2020.1, que foi paralisado. "Pretendemos, em 2021, ter pelo menos três semestres, para deixar as coisas mais equilibradas, porque vão ter outros processos de ingresso, como o SSA e Enem. A gente vai diminuir cada semestre em algumas semanas, mantendo a carga horária da disciplina, mas realizando em menos tempo. Acredito que na próxima semana já tenhamos isso ajustado", explicou Falcão.
O reitor da UPE, que também é o coordenador do Consórcio Pernambuco Universitas, afirmou que não houve articulação recente com reitores de outras instituições, mas que uma reunião deve ser marcada nos próximos dias para discutir a situação da educação superior no Estado. Atualmente, o grupo é formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade de Pernambuco (UPE), a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), o Instituto Federal Sertão (IF Sertão), a Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (Ufape), a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).
Após a suspensão das aulas presenciais, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que conta com cerca de 15 mil estudantes em 59 cursos de graduação, elaborou chamados Grupos de Trabalho, reunindo diversos atores institucionais, Consulta Pública e posterior aprovação de propostas para o ano letivo durante a pandemia nos Conselhos Superiores. Assim, foi decidido, ao contrário da UPE e UFPE, pela adoção de dois períodos letivos remotos. O primeiro teve início no dia 17 de agosto e fim no dia 23 de outubro. O próximo, começa no dia 30 de novembro e termina em 26 de fevereiro de 2021. Segundo o reitor Marcelo Carneiro, tais grupos de trabalho serão reativados em novembro, para discutir as atividades do próximo ano.
"A partir de novembro, estamos reativando os grupos de trabalho, que elaboraram os planos de funcionamento de ensino, pesquisa e administração, e até fevereiro esperamos ter levado à consulta pública à comunidade e votado nos três conselhos: o universitário, o de pesquisa e extensão e o de curadores", contou. O gestor, no entanto, explica que definição sobre eventual retorno presencial dependerá do "desenrolar da pandemia" e da "questão das vacinas". A expectativa é de que, em abril, haja um novo período letivo excepcional (online) ou que a UFRPE "avance para nova etapa, o que seria o ensino híbrido, com algumas atividades voltando presencialmente de forma muito controlada, com grupos reduzidos", explicou Carneiro.
O Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) informou que o semestre 2021.1 será iniciado em abril e o modelo de ensino para ele será avaliado com base na evolução da pandemia nos diversos municípios em que está presente, e que ainda não há data para o retorno presencial. "Estamos em contínuo processo de avaliação do cenário pandêmico, ação necessária para a tomada de decisão sobre o retorno presencial. Nessas avaliações periódicas, levamos em conta as experiências de outros institutos da Rede Federal de Educação e também de outras instituições. As aulas do semestre em curso, 2020.1, serão mantidas no modelo remoto. O semestre 2021.1 será iniciado em abril e o modelo de ensino para ele será avaliado com base na evolução da pandemia nos diversos municípios em que estamos presentes. Ainda não temos uma data para o retorno presencial, o que ocorrerá, de forma gradual, assim que for assegurada a total segurança de toda a nossa comunidade acadêmica, que tem um perfil extremamente diversificado, espalhada por 16 campi, além de polos de EAD, em todo o estado", afirmou o IFPE.
De acordo com a assessoria, cada um dos 16 campi do IFPE adota hoje uma dinâmica própria de funcionamento, de acordo com a necessidade da comunidade acadêmica. Assim, por exemplo, alguns abrem as bibliotecas e outros disponibilizam os laboratórios de informática com horário marcado.