Pais divergem sobre volta às aulas presenciais para alunos da educação infantil e ensino fundamental em Pernambuco

Os favoráveis argumentam que as escolas particulares estão prontas para seguir os protocolos e o retorno significa tratar a educação como prioridade. Na avaliação dos que se posicionam contra, o melhor seria a volta ao ensino presencial apenas depois da vacina
Amanda Azevedo
Publicado em 29/10/2020 às 23:55
Aulas presenciais para educação infantil e ensino fundamental voltam em novembro Foto: BOBBY FABISAK/JC IMAGEM


A decisão que permite a volta das aulas presenciais para o ensino fundamental e educação infantil provoca divergências entre pais e responsáveis de alunos da rede particular. Os favoráveis argumentam que as escolas particulares estão prontas para seguir os protocolos sanitários e o retorno significa tratar a educação como prioridade. Para os que se posicionam contra, o melhor seria a volta dos estudantes ao ensino presencial apenas depois da disponibilização da vacina contra a covid-19.

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Pai de dois filhos de 9 e 2 anos, o defensor público Manoel Correia, 40, comemorou o "direito dos pais decidirem se levam ou não os filhos para a escola".

"Lugar de criança é na escola, não é na rua, dentro de casa ou em frente às telas de celular, computador e televisão. É convivendo, aprendendo. Não se compara o ensino presencial ao online. Nós estamos felizes, confiantes e atentos. Não há melhor fiscal de protocolo do que pai e mãe", acrescentou.

Na manhã desta quinta-feira (29), pais de alunos e donos de escolas chegaram a fazer um protesto no Recife pela liberação de aulas presenciais para ensinos infantil e fundamental.

 
Mãe de gêmeos de 8 anos, a servidora pública Jussara Alencar, 44, avaliou que as aulas presenciais já poderiam ter voltado. "Não via mais motivo algum para tantas atividades terem voltado e a educação não. O comportamento mundial, inclusive, foi preservar a educação e restringir outras atividades. Aqui foi diferente. Nunca entendi a educação ter sido deixada por último", afirmou.

A vendedora Valéria Sena, 45, mãe de um menino de 11 anos, considerou a decisão do governo muito precoce. "Eu acho que deveriam aguardar a chegada da vacina. As crianças não conseguem nem ficar de máscara direito. Além disso, a minha família, por exemplo, está mantendo o distanciamento desde o início da pandemia, mas não sabemos se outras famílias tiveram o mesmo cuidado com suas crianças", disse.

Para a analista de processos Graciele Alves, 30, mãe de um menino de 3 anos, ainda que haja esforço, não será fácil para os educadores a conscientização das crianças sobre os novos protocolos em sala de aula. "Não faz o menor sentido retornar agora. Por mais que a escola tente, não é fácil controlar as crianças. Se muitos adultos não seguem as normas da forma correta, imaginem as crianças", disse.

Rede municipal de ensino

A respeito da rede municipal de ensino, embora não haja mais um consenso como no início de agosto, quando os prefeitos de cidades pernambucanas defenderam que o retorno só ocorresse no próximo ano por causa dos riscos de contaminação pelo coronavírus, o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), José Patriota, explicou que a maior parte dos gestores municipais é contra a volta agora.

"No primeiro momento, os prefeitos tinham uma posição única. Recentemente, alguns municípios avaliaram que podem retomar as aulas presenciais com um princípio em comum: o respeito à liberdade da família de decidir mandar ou não os filhos para a escola. Outros, a maioria, são pela não volta ao ensino presencial agora", disse.

A instituição pediu governo estadual que garanta a autonomia para que cada município faça sua própria avaliação e decida o melhor momento para o retorno das aulas presenciais na rede municipal. "Os municípios continuam querendo governabilidade sobre isso, até porque o protocolo para a rede municipal é responsabilidade deles", afirmou.

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