A Escola de Referência em Ensino Médio Maria de Menezes Guimarães, que fica no município de Itacuruba, no Sertão de Pernambuco, é uma das cinco finalistas do Prêmio Gestão Escolar 2020. Na edição deste ano, a premiação identificou as melhores experiências de unidades de ensino que estão fazendo a diferença com o ensino durante a pandemia de covid-19.
Entre as atividades, a escola levou tarefas impressas para os estudantes que moram na zona rural. Entre eles, muitos vivem em um quilombo e em três aldeias indígenas. Também apresentou um programa semanal na rádio local com podcast e paródias. Em outra ação, convidou comerciantes e moradores da cidade para apadrinharem alunos, dando a eles créditos de celular para conexão com a internet, garantindo assim o acompanhamento das aulas remotas.
Concedido anualmente pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação a Ciência e a Cultura (OEI), o Prêmio Gestão Escolar teve mais de 8 mil concorrentes de todo o Brasil. O anúncio da escola vencedora será feito na próxima quinta-feira (10), durante cerimônia virtual transmitida ao vivo, a partir das 16h30, pela TV Escola (www.youtube.com/tvescola).
A Erem Maria de Menezes Guimarães representará a região Nordeste. As outra quatro finalistas são a Escola Classe 15 de Ceilândia, localizada em Brasília (DF), representando a Região Centro-Oeste; a Escola Municipal Dr. Sérgio Alfredo Pessoa Figueiredo, de Manaus (AM), representando a Região Norte; a Escola Orlando Maurício Zambotto, do município de Jarinu (SP), representando o Sudeste; e o Colégio Estadual do Patrimônio Regina, de Londrina (PR), representando a Região Sul.
Dos 331 alunos do ensino médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Erem Maria de Menezes Guimarães, 83% se autodeclaram indígenas ou quilombolas. E mais da metade, 55%, não têm acesso à internet. Foi pensando neles que a equipe de docentes e os gestores criaram o programa Te vejo em casa. "A cada quinzena levamos material impresso para os alunos. Percorremos estrada de terra para levar as atividades para que não deixassem de estudar por causa da pandemia", conta a diretora da escola, Tatiany Leal. A entrega muitas vezes foi feita com recursos dos professores. Parte dos estudantes mora no Quilombo Negros de Gilu, situado às margens do Rio São Francisco. Outros vivem nas aldeias indígenas Pankará, Tuxá e Tuxá Pajeú.
Em parceria com a emissora de rádio local criaram o Programa Fala, Erem, apresentado todas as quartas-feira, das 14h às 16h, com podcast e paródias produzidos pelos docentes.
Para os alunos com acesso à web, as aulas remotas estão sendo ministradas por meio de ferramentas virtuais como Google Meet, Zoom Meeting, Google Classroom, além de grupos de WhatsApp e das redes sociais Instagram e YouTube. A diretora conta que foram criados grupos de WhatsApp por sala. Assim, as aulas passaram a ser ministradas diariamente, via essa rede social, com acompanhamento da equipe gestora.
"Percebemos que havia alunos que não conseguiam acompanhar todas as aulas porque o pacote de dados de acesso à internet não era suficiente. Convidamos comerciantes e outras pessoas da cidade a serem padrinhos de alunos e pagarem crédito para que pudessem continuar acompanhando as aulas. Conseguimos a adesão de mais de 50 pessoas", diz Tatiany. Mas para ganhar os créditos, os alunos tinham que vencer algumas provas. "Atrelamos à questão pedagógica. Realizamos concursos de redação, de leitura, simulados. Os ganhadores recebiam o pacote de dados", explica a diretora.
As cinco escolas finalistas receberão o prêmio de R$ 10 mil, além dos cursos de especialização da Univesp para a equipe escolar, e computadores e tablets oferecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Serão 7 notebooks e 10 tablets para cada uma das referências regionais. Já a escola vencedora nacionalmente ganhará, além dos equipamentos e das bolsas, o prêmio em dinheiro de R$ 30 mil.