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Por Mirella Araújo e equipe
retomada

Colégios da rede estadual de Pernambuco retornam ao ensino presencial sob ameaça de greve dos professores

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), os docentes ficam ainda mais expostos à pandemia do novo coronavírus com o retorno às salas de aula

Cadastrado por

Vanessa Moura

Publicado em 19/04/2021 às 9:51 | Atualizado em 19/04/2021 às 12:22
. - WELINGTON LIMA/JC IMAGEM

Nesta segunda-feira (19), cerca de 87 mil alunos de escolas estaduais de Pernambuco retornam ao ensino presencial. O quantitativo é composto por estudantes do 3º ano do Ensino Médio, 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental e crianças da Educação Infantil.

Longe da classe escolar, dos colegas de turma e dos professores desde 18 de março, o estudante Ítalo Marques acordou cedo para voltar à Escola de Referência em Ensino Médio Santos Dumont, onde cursa o terceiro ano do Ensino Médio: "Estou muito confiante que essa volta presencial vai ser muito boa pra nós".

A terceiranista Beatriz Fontes compartilha do mesmo sentimento. Ela confessa render muito mais nas aulas presenciais do que no ensino à distância. "Em casa não é um ambiente tão propício para estudar, a escola é um lugar muito melhor", contou.

No colégio, localizado no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, todos os protocolos sanitários de prevenção à covid-19 parecem estar sendo cumpridos. Na entrada, ocorre a aferição da temperatura dos estudantes e nas salas de aula o distanciamento mínimo entre as mesas. Álcool em gel é disponibilizado e o uso de máscara de proteção é obrigatório.

Mesmo sendo tão esperado pelos alunos, este retorno acontece sob circunstâncias conturbadas já que, nesta segunda, professores da rede estadual prometerem entrar em greve para aulas presenciais. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), os docentes ficam ainda mais expostos à pandemia do novo coronavírus com o retorno às salas de aula. 

Neste sentido, o governo do Estado, através da Procuradoria Geral do Estado (PGE), entrou com ação liminar na justiça e no sábado (17), o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) acatou a ação, decretou a greve ilegal e estipulou uma multa de R$ 200 mil caso a ordem seja descumprida. Mesmo assim, a presidente do sindicato da categoria, Valéria Silva, assegurou que a greve vai acontecer e informou que o Departamento Jurídico da entidade irá recorrer da decisão. Apesar disto, até a última atualização desta matéria, o sindicato não havia informado como estava a adesão ao movimento.

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"Esperamos ter uma boa adesão à greve. Vamos acompanhar o dia todo como será a movimentação nas escolas a partir desta segunda", comentou a presidente do Sintepe. A paralisação das aulas presenciais foi aprovada em assembleia virtual realizada na última quinta-feira (15). "Quem inicia ou acaba uma greve não é a diretoria do Sintepe e sim a categoria. Isso tem que ser feito em assembleia. Por isso nossa greve vai acontecer", enfatizou Valéria. Por enquanto não há nova assembleia programada.

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Para Leonardo Santos, secretário de Educação e Esportes de Pernambuco, no entanto, este retorno deve acontecer de forma tranquila nesta segunda-feira. Além disso, o gestor informou que não haverá equipes de fiscalização nas escolas nesta retomada e que conta com a conscientização dos professores para cumprirem com o cronograma. 

"A greve foi declarada ilegal baseado em todos os protocolos que tornam a escola um ambiente seguro. A gente espera a adesão dos professores o retorno às aulas para que a gente possam voltar normalmente, e acreditamos que existe a consciência dos nossos professores, e nossa equipe gestora, diretores e coordenadores estão junto com eles para garantir um retorno tranquilo". 

Em meio aos altos índices de contaminação pela covid-19 no Estado, professores temem que o retorno ao ensino presencial não seja seguro. Só no domingo (18), a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) confirmou 1.346 novos casos da doença, e 33 óbitos. Leonardo Santos, no entanto, alega que se todas as normas forem cumpridas o retorno não representará problemas. 

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"Gostaria de salientar que toda decisão de retorno às aulas é tomada no âmbito do comitê de enfrentamento estadual de prevenção à covid-19, onde prioritariamente as decisões são baseadas na saúde. O retorno está sendo feito de maneira escalonada e gradual justamente pensando na questão da saúde. Existem estudos que demonstram a escola como um local seguro quando todos os protocolos de biosegurança são seguidos", completou. O governo estadual não divulgou a quantidade de estudantes que voltaram, efetivamente, às salas de aula.

A partir do dia 26 de abril, uma nova leva de alunos deverá voltar a comparecer presencialmente às aulas. Desta vez, serão os estudantes do 2º ano do Ensino Médio e do 8º ao 9º ano do Ensino Fundamental que retornarão ao ambiente escolar. Por último, no dia 3 de maio, a autorização é para os 6º e 7º anos do ensino fundamental e 1º ano do ensino médio. 

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A reportagem do JC entrou em contato com a SEE solicitando uma avaliação sobre esta manhã de volta às aulas, mas a secretaria informou que ainda está finalizando o balanço. O Sintepe também foi contatado e questionado sobre a adesão da greve nesta segunda, mas ainda não se pronunciou. A reportagem será atualizada assim que respostas chegarem. 

Ensino privado e ensino municipal

Com cerca de 400 mil alunos, as escolas particulares de Pernambuco puderam começar a retomar as aulas presenciais a partir do dia 5 de abril, quando as turmas da educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental retornaram às salas de aula. No dia 12 de abril, foi a vez dos estudantes das séries finais do fundamental e do ensino médio também retornarem.

Já as unidades das redes municipais poderão voltar às atividades presenciais a partir de 26 de abril, com cronograma definido por cada prefeitura.

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