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Por Mirella Araújo e equipe
COLUNA ENEM E EDUCAÇÃO

Eleições 2022: o que a suspensão de aulas na Unicap tem a ver com democracia?

Unicap, uma das mais tradicionais universidades de Pernambuco, suspendeu aulas e atividades administrativas até sábado, diante do acirramento de ânimos provocado pelas eleições presidenciais

Cadastrado por

Margarida Azevedo

Publicado em 27/10/2022 às 16:52 | Atualizado em 27/10/2022 às 16:56
Estudantes sempre se posicionaram contra problemas sociais - Foto: Diego Nigro/JC Imagem

A que ponto chegamos. Como local de formação, difusão e construção do conhecimento, as universidades sempre foram espaço para debates sociais e políticos. Dos bancos universitários já saíram muitas lideranças estudantis que hoje se tornaram políticos.

A cinco dias do segundo turno das eleições presidenciais, uma das mais antigas instituições de ensino superior do Estado, a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), cujo câmpus fica na área central do Recife, no bairro da Boa Vista, decidiu suspender aulas e atividades administrativas. Anunciou, na última quarta-feira (26), que estará fechada até o próximo sábado (29).

A decisão foi tomada, conforme a universidade, "preocupada com o acirramento dos ânimos nesses dias que antecedem o 2º turno das eleições".

Na história nacional, os estudantes participaram de importantes momentos: durante a ditadura militar (décadas de 60 e 70), no Movimento Diretas Já (início dos anos 80) e mais recentemente, 20 anos atrás, em 1992, como os Cara Pintadas nas passeatas que resultaram no impeachment do então presidente Fernando Collor, só para citar alguns exemplos.

Estavam presentes também, nos últimos anos, em protestos contra as mudanças no ensino médio e por causa da diminuição e dos cortes de verbas federais para as instituições de ensino.

O momento político pelo qual estamos passando é pauta sim para se discutir na sala de aula, nos corredores, nas ruas, dentro de casa, com a família, com vizinhos, com amigos e até desconhecidos.

Isso não quer dizer que os debates precisam ser partidários ou autoritários. Mas o diálogo, a troca de ideias, a diversidade de pontos de vistas precisam fazer parte dessas conversas. Assim como o respeito. A partir da escuta, da fala, das análises, contribuímos para a democracia.

Como ressaltou a professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), Janice Theodoro da Silva, em um artigo escrito em novembro do ano passado e publicado no Jornal da USP - não trata desse assunto, obviamente - mas que cabe nesse atual contexto: "A educação é um lugar importante para a construção de uma sociedade democrática. Esta não é uma frase de efeito. A morte do aprendizado do contraditório é a morte da democracia."

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