Ao fundo da transmissão do discurso de João Doria (PSDB), no qual ele anuncia a retirada da sua pré-candidatura à Presidência da República, uma figura aparece em evidência: Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB. O dirigente indicou que o nome de Simone Tebet caminha para ser oficializado pela aliança com o MDB e o Cidadania.
Após o discurso, Bruno se colocou à frente, tornando-se o centro das atenções da imprensa. Não seria para menos, já que o pernambucano é visto como condutor das conversas, dentro e fora do PSDB, para João Doria aceitar pacificamente a retirada da sua pré-candidatura.
"É uma entrega à democracia e um compromisso que será eternamente reconhecido pelo partido. (...) Doria mostrou compromisso maior que sua personalidade, um compromisso com o Brasil. (...) Demonstrou ser capaz de fazer uma entrega para oferecer a milhões de brasileiros uma alternativa que quebre essa polarização, questionada por dezenas de milhares de eleitores", disse.
Em outro momento, ele indicou o caminho da aliança: "Estamos focados agora no candidato à Presidência, mediante os compromissos com programas econômicos e sociais do PSDB e Cidadania, e com fortalecimento de candidaturas regionais. O nome de Simone Tebet já fazia parte do bloco, agora sua responsabilidade aumenta no contexto em que João Doria faz uma entrega tão relevante como essa".
Nos bastidores, enxerga-se que a retirada da candidatura de Doria, agora considerado um assunto já apaziguado internamente, é uma demonstração da capilaridade de Bruno Araújo. "Para você ver, ele sem mandato conseguiu uma articulação dessa", diz fonte interna do PSDB à coluna.
O ex-governador de São Paulo, que derrotou Eduardo Leite nas prévias do PSDB, ameaçava judicializar a situação caso a cúpula do PSDB tomasse uma decisão contra sua pré-candidatura, em detrimento de Simone Tebet ou outro nome escolhido para representar a aliança tucana com o MDB e o Cidadania. A ameaça não deve se concretizar.
O presidente tucano, ainda na segunda, indicou que o momento agora tocar o barco no diálogo com o Cidadania e o MDB. Disse que. além de definir o nome, é preciso construir um programa para o Brasil, representado pelo trabalho de João Doria e do PSDB, além de discutir as questões de palanques regionais.
De acordo com aliado de Bruno Araújo, o presidente do PSDB escolheu se recolher após a turbulência aparentemente encerrada nessa segunda. Não responde a imprensa e nem dá indicativo sobre quando o anúncio oficial de Simone Tebet pode ocorrer.
Durante a coletiva, ele se limitou a dizer que as decisões do partido não são feitas por unanimidade. "Se não, não seria partido, ele é feito na construção do diálogo. (...) Vamos construir um projeto que, sendo o nome de Simone, represente um compromisso com programas, com o país, para fortalecimentos de palanques importantes, como o Rio Grande do Sul".
Ainda durante a coletiva, Bruno Araújo fez um convite público a Luciano Bivar, presidente do União Brasil e pré-candidato à Presidência da República. O tucano disse que a porta estava aberta para a legenda voltar à construção.
A questão é que, questionado se o assunto avança internamente dentro do PSDB, fonte interna do partido responde: "nenhuma conversa está acontecendo nesse sentido".