Por Fernando Castilho, da Coluna JC Negócios
Quando na semana passada a Revista Forbes revelou a lista dos dez maiores bilionários brasileiros afirmando que o libanês naturalizado brasileiro, Joseph Safra, com R$ 119,08 bilhões, era o homem mais rico do Brasil, o detalhe da notícia que mais chamou a atenção não foi o fato de Jorge Paulo Lemann, com R$ 91 bilhões (criador da Ambev), ter perdido a liderança. Mas o fato de o terceiro ser uma pessoa que poucos conhecem: Eduardo Saverin, dono de um fortuna de R$ 68,12 bilhões.
Joseph Safra é rico de nascença. Herdou, em 1955, o banco fundado pelo pai hoje é o dono do banco Safra (Brasil), do J. Safra Sarasin (Suíça) e do Safra National Bank (EUA).
Mas Eduardo Saverin começou rico em 2004, aos 22 anos depois de fundar com Mark Zuckerberg e mais outros três colegas - Andrew McCollum, Dustin Moskovitz e Chris Hughes -, a rede social Facebook que seria voltada para comunicação interna e interação entre alunos da faculdade.
Severin brigou com Zuckerberg e, após a expansão meteórica da rede social que, em 2006, foi aberto para qualquer pessoa com idade superior a 13 anos o que mudou radicalmente os rumos do site, ele nunca mais falou com Zuckerberg.
Segundo um perfil de Eduardo Saverin publicado no Suno Research, uma casa de análise de investimentos focada em fornecer informações para o público interessado no mercado de capitais, mesmo com tanto sucesso, a relação entre os fundadores nunca foi das melhores. Principalmente a de Zuckerberg com o restante. E Eduardo Saverin recorreu à Justiça para ter reconhecimento como um dos fundadores do Facebook.
O acordo se deu longe dos tribunais e por isso pouco se sabe dos detalhes. O que se especula é que o bilionário brasileiro tenha menos de 5% das ações do Facebook. Provavelmente entre 1% e 2%.
Mas isso já garante que ele esteja sempre na lista nos maiores bilionários mesmo que pouco gente no Brasil o conheça.
Eduardo Saverin nasceu no dia 19 de março de 1982, em São Paulo, filho mais novo do casal Roberto Saverin e Paula Saverin e se mudou com a família (Eduardo tem dois irmãos mais velhos, uma irmã e um irmão) para Miami junto com os pais.
Saverin é neto de família rica. Seu avô, Eugênio Saverin, fundou a fábrica de roupas infantis Tip Top, que trazia ao mercado e nacional os primeiros macacões para criança, e Eduardo estudou parte do 1° grau e concluiu os estudos médios na escola Gulliver Preparatory School, em Miami.
Essa boa formação no ensino médio lhe possibilitou ingressar no curso de economia da Universidade de Harvard. E foi lá que se tornou presidente da Associação de Investimentos de Harvard.
Na presidência dessa entidade ele conseguiu lucrar 300 mil dólares através de investimentos na área de petróleo. O que lhe rendeu a honraria “Magna Cum Laude”, em sua graduação, no ano de 2006. Esse título é concedido como distinção acadêmica no qual o aluno está se formando.
Segundo o site Suno Research, especula-se que as ações e expertises de Eduardo na faculdade tenham chamado a atenção do aluno e colega Mark Zuckerberg. A ponto de Zuckerberg querê-lo como sócio em seu projeto, Thefacebook.
Desfeita a sociedade com Zuckeberg, Eduardo iniciou uma diversificação de investimentos referente aos seus negócios. Hoje, ele vive em Singapura para onde se mudou desde 2009. Casado com Elaine Andriejanssen, leva uma vida calma e trabalha de casa.
Em 2011 ele investiu 8 milhões de dólares na enciclopédia visual Qwiki. Em 2016, começou um fundo tendo como sócio o indiano Raj Ganguly, a B Capital Group. Esse fundo é voltado – especialmente-, para startups inovadores, e que em 2017 lucrou 360 milhões de dólares.
Eduardo Saverin foi personagem de um fato curioso. Em 2012, mais precisamente no dia 11 de maio, uma semana antes da abertura de capital do Facebook na bolsa de valores das empresas de tecnologia, a Nasdaq, o blog Bits, do New York Times, cometeu um erro antológico. O blog disse que “Um fundador do Facebook renuncia à cidadania americana”
Momento depois o site teve que corrigir o equívoco: “Uma versão anterior deste texto incluía uma foto publicada erroneamente; ela mostrava Andrew Garfield, o ator que interpretou Eduardo Saverin no filme A Rede Social, e não o próprio Saverin”. Saverin contesta seu personagem no filme feito por Hollywood que segundo ele, não tem nada tem a ver com o Saverin real. “Aquilo é Hollywood, não é documentário”, diz.
De real se sabe que Saverin é o sócio número 2 desse clube (cujo primeiro endereço foi registrado na casa dos pais do brasileiro em Miami, ainda como Thefacebook, em 2004), atrás apenas de Mark Zuckerberg. Mesmo relacionado como brasileiro, Eduardo Saverin vem poucas vezes ao Brasil.
Quanto a Tip Top, fundada em 1952, com o nome de Fábrica de Jersey Tip Top e que a partir de 1983, passou a ser Tip Top Têxtil S/A, foi vendida pouco depois, em 1987, para a então TDB Têxtil David Bobrow, tradicional empresa fundada em 1936, que adquiriu o controle acionário da empresa fazendo dela uma de suas subsidiárias. Anos depois a Tip Top virou uma bem sucedida empresa franqueadora de lojas de roupas e materiais para moda infantil.