No próximo mês de agosto, a Ferreira Costa abre sua sétima loja no Nordeste, na cidade de Caruaru, no Agreste de Pernambuco. Com 9 mil m² de área de vendas e 80 mil itens de catálogo, o empreendimento vai gerar 500 empregos diretos e funcionará integralmente adaptada aos modernos conceitos de sustentabilidade, que inclui reciclagem do lixo, tratamento de efluentes líquidos e geração de energia solar suficiente para suportar parte do consumo destinado ao sistema de ar-condicionado.
Como as outras cinco unidades, o home center Ferreira Costa Caruaru será referência no mercado. Tanto pelo pacote de inovação que embute na loja, a partir da automação de todas as rotinas fiscais, quanto pelo treinamento de suas equipes.
Em outubro, a companhia, que está na quinta geração de comando e no mercado há 136 anos, chegará a Natal (RN) e, ano que vem, a Brasília. A expansão faz parte de um projeto que visa operar 20 unidades nos próximos seis anos, quando chegará aos 140 anos.
A Ferreira Costa se tornou sinônimo de inovação no varejo, introduziu o conceito de home center no Nordeste, foi a primeira empresa adquirir, em 1974, um computador para sua contabilidade e também a primeira que adotou a tecnologia Palm para a equipe de vendas externa. Quando inaugurou sua nova loja matriz, em 1989, em Garanhuns, ela funcionou integralmente automatizada e adotando as exigências do e-Fisco.
O que pouca gente sabe é que, por trás desse pacote de inovação que cada consumidor percebe quando compra numa loja da Ferreira Costa, está o empresário Cyro Ferreira da Costa. Ele é o terceiro descendente do português João Ferreira da Costa, nascido na freguesia de Campanhã, hoje um bairro da cidade do Porto, no Norte de Portugal. É Cyro o responsável pelo novo modelo de negócios e de gestão que a tornaram a Ferreira Costa referência no setor no final do século passado.
O empresário também se orgulha de práticas de sustentabilidade ambiental, comerciais e respeito aos colaboradores, adotadas bem antes do conceito de ESG (meio ambiente, social e governança, na sigla em inglês) começar a ser difundido no Brasil.
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Emancipação aos 13 anos
A contribuição de Cyro Ferreira da Costa à empresa e ao varejo moderno começou cedo, quando precisou ser emancipado aos 13 anos (ele nasceu em 1931) e assumir os negócios da família de comerciantes ao lado da mãe. Isso aconteceu após a morte do pai João Ferreira da Costa Filho, em 1950, depois de uma longa batalha contra uma artrite que o levou aos Estados Unidos, em 1946, em busca de tratamento, na companhia de Cyro.
Disciplinado, Cyro começou a organizar a Ferreira Costa procurando incorporar na pequena loja de 300 m² o que fosse possível de modernização, mantendo a tradição de comércio, que se iniciou em 1884 com seu avô João Ferreira da Costa, que escolheu Garanhuns para se fixar após a construção da ferrovia que ligou a cidade ao Recife, no prolongamento do trecho Recife-Catende.
Foi o pai de Cyro quem começou a estruturar a loja de secos e molhados, ferramentas e artigos diversos numa Garanhuns que era conhecida pela produção agrícola e dinamismo econômico. Especialmente pelo café, por ser um centro de negócios no chamado Agreste Meridional, e até pelo turismo devido ao clima frio em relação às cidades da microrregião.
O velho João Ferreira mandou o filho Cyro estudar no Colégio Salesiano do Recife, iniciando uma preocupação da família Ferreira Costa com educação e formação profissional de alto nível, que se mantém até hoje.
Mas a vida não permitiu que garoto Cyro chegasse a uma universidade em função das necessidades de assumir o negócio da família. Primeiro, indo acompanhar o pai no tratamento da artrite, nos Estados Unidos, depois ao tomar conta dos negócios da família na sua cidade natal a partir de 1950, com a morte do pai que o já emancipara aos 13 anos. Foi também o pai que determinou que o garoto assumiria os negócios ao lado da mãe.
Modelo de varejo dos EUA
Cyro, entretanto, não perdeu tempo. Nos Estados Unidos, virou leitor habitual do The New York Times e voltou várias vezes ao país para ver o avanço do varejo.
E tratou de mandar os filhos para terem experiências fora da empresa e adquirirem visão externa dos negócios. Guilherme trabalhou na Arthur Andersen e André Ferreira na PWC. Os dois entraram na companhia depois de trabalharem como auditores nessas duas grandes empresas, estimulados pelo pai e empresário que se orgulha de seu inglês fluente e das viagens a diversos países na busca pela inovação.
O temperamento discreto e a disciplina de Cyro o fizeram personagem de uma curiosa história de negociação imobiliária. Quando decidiu criar o que seria o primeiro home center do Nordeste, em Garanhuns, Cyro percebeu que não tinha os 6.000 m² para a loja que ele próprio estava começando a desenhar.
Durante 10 anos, ele passou a comprar, casa por casa, a área onde hoje está loja matriz, fazendo troca de áreas com Câmara Municipal, a Associação Comercial e até os Correios para quem a Ferreira Costa construiu as sedes atuais.
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Viagens e inovação
Suas andanças por vários países o levaram a introduzir, no Nordeste, anos mais tarde, o modelo de construção pré-moldada para grandes áreas hoje comuns no mercado. O curioso é que ele mesmo projetou, desenhou e desenvolveu as formas em metal que foram usadas para montar a estrutura da loja matriz, que foi concebida para chegar aos 12 mil m², com quatro escadas rolantes e previsão de mais oito.
A entrada de Guilherme, em 1979, e André, em 1981, ajudou a Cyro dar expansão às ideias que tinha para a Ferreira Costa. A experiência externa dos dois ajudou a trazer propostas sobre processos, especialmente, na área de gestão e de contabilidade, área da qual Cyro chegou a fazer curso técnico e com a qual também se identifica.
Quando a loja de Garanhuns abriu em 1989, ela estava integralmente informatizada. Anos antes, em 1974, Cyro chegou a testar um “possante computador Olivetti de 2 kytes de memória” na contabilidade de loja, originando o atual CPD do grupo que dá suporte de Tecnologia da Informação às cinco lojas e de preparação das novas unidades de Caruaru e Natal, previstas para este ano.
Aposta na energia limpa
A companhia se orgulha de, desde 2013, vir comprando energia elétrica de fonte comprovadamente renovável. Em 2019, quando a loja de João Pessoa foi inaugurada e operava uma usina solar.
Até o final deste ano, o projeto fotovoltaico será estendido para as lojas de Aracaju e incorporado à de Caruaru, Natal e na ampliação da própria usina da loja de João Pessoa. A proposta do Home Center é que, até o final de 2022, todas as suas lojas (Imbiribeira e Tamarineira, no Recife; Garanhuns; Salvador e demais) disponham desse tipo de suporte.
A proposta de usar termoeletricidade está num pacote que a empresa vem cuidando desde a década de 80, quando abriu sua nova loja matriz em Garanhuns. A instalação dos carregadores de carros elétricos nas lojas, portanto, não é só uma ação de marketing, mas um serviço compatível aos que ela já oferece no Centro Automotivo, outra área em a Ferreira Costa se tornou importante.
Todas as lojas do home center já contam com iluminação automatizada de alta eficiência combinada com natural que reduz a iluminação artificial; reutilização da água de chuva; fachadas com isolamento térmico de alta eficiência; telhado em branco ou metálico refletivo além de sistema inteligente de irrigação.
Economia de água
A empresa também obteve considerável redução de consumo de água com torneiras automáticas nos sanitários para reduzir o consumo; e reutilização de água de condensação que vem do sistema de desumidificarão do prédio nos projetos de paisagismo, para irrigar a vegetação do terreno ao ambiente.
Inovação, portanto, parece ser uma marca de Cyro Ferreira da Costa que, decidiu vir para o Recife em 1995, quando abriu a segunda loja com o conceito de Home Center, num terreno de 60 mil m² que abrigara, na Avenida Mascarenhas de Morais, a antiga fábrica de pneus Pirelli no Nordeste. A loja da Imbiribeira hoje tem 12 mil m² de área de vendas, depois de uma ampliação.
Em 2008, os Ferreira da Costa decidiram ir para Salvador, inaugurando ali o que seria chamado, na época, de “O maior home center do Brasil”.
Naquele ano, a filial da Bahia abriu suas portas com 11 mil² de área de venda, quatro pisos, 700 vagas de estacionamento e 60 mil itens para construir e reformar, incluindo utilidades do lar, decoração e iluminação, máquinas e equipamentos, eletrodomésticos e centro automotivo. Ela se tornou uma referência no setor na cidade pelo pacote de inovação que trouxe ao segmento.
A loja de Salvador marcou o início do projeto da Ferreira Costa de chegar a novas praças em outros estados, como foi a de Aracaju (SE) e João Pessoa (PB). Ainda este ano, em outubro, chega a Natal, e em 2022 estará em Brasília (DF).
Esse planejamento foi acompanhado de perto por Cyro na medida em que os filhos Guilherme e André foram assumindo novas funções, entre elas a de preparar a chegada da quinta geração dos Ferreira Costa. A nova geração da família atua na diretoria executiva da empresa, juntamente com profissionais de mercado, e são responsáveis pelos novos projetos, entre eles o da loja virtual, que hoje já desempenha um papel importante, se situando em termos de vendas pela internet. O seu sucesso de entregas na pandemia a transformou tecnicamente numa unidade de porte médio devido a força da marca obtida na pandemia da covid-19.
Crescimento na pandemia
A quarentena decretada em 2020 e em alguns períodos de 2021 acabou sendo uma oportunidade aproveitada pela Ferreira Costa. A rede passou ser, novamente, empresa supridora de itens de manutenção de centenas de outras empresas devido à sua estrutura de entregas no período de restrições de operação.
A entrega em domicílio durante as paradas determinadas pelo coronavírus, curiosamente, provou a força de uma estratégia que a Ferreira Costa sempre teve em relação material de construção.
Esse serviço, na verdade, sempre foi uma marca de origem do grupo lá em 1884, em Garanhuns, no pequeno armazém de ferragens e ferramentas, que depois evoluiria para o mercado de varejo de material de construção. Com a chegada da ferrovia em 1887, o trem trouxe mais progresso para a cidade e região e aguçou a percepção o sentimento de João Ferreira da Costa, que passou a importar da Europa produtos para prover o seu armazém. E sempre incluía o serviço de entrega.
A ferrovia se provou um canal direto para o crescimento dos produtos de materiais de construção de modo que após a II Guerra, na década de 50, a loja já era a mais importante empresa comercial de Garanhuns, inclusive por ter, já por decisão de Cyro Ferreira da Costa, incorporado uma indústria de pré-moldados de cimento, passando a produzir blocos, postes, e tubos de concreto. Isso permitiu desenvolver as formas para a futura loja já dentro do conceito de home center.
Chegando aos 136 anos
A Ferreira Costa com seus 136 anos está entre as 10 empresas mais antigas de Pernambuco em funcionamento, nas mãos de uma mesma família. Ela ocupa o 5º lugar no ranking nacional das lojas de material de construção de acordo com a revista Anamaco. Há mais de 20 anos está entre os 50 maiores contribuintes de ICMS no estado de Pernambuco.
Também ocupou por anos seguidos lugar de destaque no projeto Recall de marcas do Jornal do Commercio, 1º lugar no ranking dos maiores e melhores da Revista ANAMACO da Região Nordeste, 1º lugar no prêmio "Marcas que eu Gosto" que identifica a Ferreira Costa como uma das marcas mais lembradas na categoria lojas de materiais para construção.