Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br
Coluna JC Negócios

João Campos tenta se livrar da imagem de uma administração mais do mesmo

Depois de nove meses, ele desenha um programa de obras com o dinheiro que tem no caixa uma vez que o acesso ao crédito está travado desde 2017.

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Fernando Castilho

Publicado em 09/10/2021 às 1:00
Prefeito do Recife, João Campos (PSB). - Prefeito do Recife, João Campos (PSB). Foto: Tião Siqueira/JC Imagem

Eleito depois de acirrada campanha, e com enorme expectativa de seu desempenho, o prefeito do Recife, João Campos já sabe que terá de se esforçar mais do que os outros gestores municipais para não receber o carimbo de fazer mais do mesmo.

O problema do PSB, com ele, é que a disputa com Marília Arraes (PT) custou caro demais em termos de expectativas. Para vencer o pleito, o partido empenhou o prestigio de todo o Governo e prometeu uma revolução na gestão da cidade que, sozinho, ele não como entregar.

Depois de nove meses, ele desenha um programa de obras com o dinheiro que tem no caixa uma vez que o acesso ao crédito está travado desde 2017 - como Pernambuco que só em 2022 pode tomar empréstimos. Ele antecipou algumas dessas ideias ao Blog de Jamildo , numa ação de comunicação para dizer está se organizando e passar otimismo à equipe.

O problema foi o passivo que recebeu. João Campos teve que gerenciar, a partir de 2 de janeiro, problemas deixados pelo correligionário Geraldo Júlio que constrangem sua administração como a renegociação de R$ 57 milhões com o Reciprev e duas compras travadas no TCE relacionadas a compra de um galpão para a secretaria de Educação, no Cabo e a compra de mais 10 mil instrumentos musicais.

 

jOÃO cAMPOS COM O SECRETÁRIO BRUNO FUNCHAL - DIVULGAÇÃOP

No caso do Reciprev, ele precisou assinar um termo de ajuste de conduta com o TCE apenas 13 dias após tomar posse se comprometendo a pagar o débito com o fundo dos servidores em 60 meses.

Até hoje, o prefeito não falou abertamente sobre eles se limitando a enviar notas quando provocado pela Imprensa.

Ele também já sabe que a secretária de Finanças, Maíra Fischer terá que percorrer o longo e difícil caminho (já percorrido por Décio Padilha, da Fazenda estadual), no desafio de poder voltar a captar recursos. Tecnicamente o Recife tem margem, mas ele precisa provar isso junto a STN.

João Campos até já foi ao secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal que disse: Tudo bem. Desde que trouxesse os documentos aceitos no sistema de contas nacionais.

Isso quer dizer que terá que provar que consegue controlar as despesas de pessoal, ter receita para pagar sua dívida e gerar caixa que lhe permita chegar à chamada Capag B, na STN. Paulo Câmara precisou trabalhar quatro anos e só, em 2022, poderá voltar a captar.

Não é nada impossível, mas assim como Paulo Câmara, todos os governadores e os demais prefeitos, os servidores virão com faca nos dentes cobrar a defasagem de dois anos de salários (2020 e 2021) que o Governo Federal deu por ocasião da pandemia.

Essa proibição turbinou o caixa de Paulo Câmara que está viajando o interior com a marca de ter apenas 40% de comprometimento das receitas com pessoal quando, no primeiro ano de governo, ele quase passou o limite fixado na Lei de Responsabilidade Fiscal.

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Foto: Hélia Scheppa/Governo de Pernambuco - Foto: Hélia Scheppa/Governo de Pernambuco

 

Diante desse quadro, e com o caixa organizado, é certo que o governador Paulo Câmara vai ajudar o correligionário sob pena de na campanha o Recife virar um exemplo contra.

Mas o prefeito sabe que terá que se virar sozinho valorizando cada real que possa aplicar. E que o sucesso nas redes sociais com o Conecta Recife, por ocasião das vacinas, não sustenta aprovação a partir de janeiro quando terá que mostrar serviço.

Conectado e ligado nas redes sociais, João Campos está estimulando a equipe a inovar. Em maio, a PCR instituiu o Escritório de Parcerias Inovadoras. Ele também lançou o projeto das Parcerias Público-Privadas (PPPS) e concessões no município mirando atração de R$ 1 bilhão em investimentos privados até 2024.

Ele fez uma parceria com o Centro Universitário Tiradentes (Unit), que criou um desafio para estudantes e pessoas recém-formadas para sugerir soluções a problemas da cidade. Mas isso só mostra que não tem caixa e que terá que arranjar.

Ele também retomou projetos como o da Ponte Engenheiro Jaime Gusmão, parada há mais de seis anos entre os bairros da Iputinga e Monteiro depois que amealhou R$ 38 milhões e quer entregá-la em 24 meses naquela que será sua primeira obra de grande porte.

A ponte é um desses casos (como o Conjunto Residencial Via Brasil, no Coque) que começou com João da Costa e a Prefeitura não conseguiu destravar em oito anos. A ponte Jaime Gusmão, junto com outras que se tornaram imprescindíveis, podem dar uma imagem de tocador de obras

João Campos precisa transformar ideias em ações práticas.

Ele lançou um programa de captação junto à iniciativa privada visando a estruturação do projeto de PPPs de drenagem e pavimentação de modo a se aproximar do empresariado. Faz sentido.

O prefeito também sabe que terá dificuldades na área habitacional popular. Sem verbas federias para novos habitacionais, a PCR terá enorme pressão após a entrega dos projetos que estão sendo finalizados nas próprias regiões onde eles estão.

 

João Campos com a diretora da UNIT - Divulgação

Por enquanto, ele está se virando com o Programa A Casa é Sua, iniciativa de regularização fundiária em que acredita até o final de 2024, conceder mais de 50 mil títulos de propriedade. Não aumenta um metro quadrado, mas o morador tem sua escritura.

Na verdade, pelo encantamento que grande parte do empresariado tem com ele, João Campos deveria aproveitar e conversar com os chamados formadores de opinião dos setores mais importantes da economia e se dispor a ouvir sugestões. Formadores de opinião setorial, não os dirigentes de entidades. Era assim que seu pai fazia nas manhãs de sábado.

A deputada Tábata Amaral, sua companheira, também desperta uma enorme curiosidade pelo seu currículo de ex-aluna da Fundação Lemann onde participou de programas de formação de lideres.Ela seria uma boa companhia para essas conversas fora do seu gabinete.

João Campos tem mais de três anos pela frente. Não pode desperdiçar o tempo ouvindo apenas as opiniões de assessores e correligionários.

Projeto da Ponte Jaime GusmÃO - divulgação PCR

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