O presidente Jair Bolsonaro está absolutamente convicto de que um auxílio emergencial poderá chegar a 77 milhões de brasileiros (36,59%), embora seja pago apenas para 39 milhões de pessoas.
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Esse cenário foi vendido ao presidente pelos ministros João Roma, da Cidadania, e Fábio Faria, das Comunicações, para sustentar o argumento de que fosse qual fosse o custo financeiro, o presidente deveria pagar, porque uma rodada de R$ 400 pode influenciar o eleitor, especialmente no Nordeste.
O Bolsa Família tem abrigadas um total de 14,6 milhões de famílias beneficiárias, com 9,7 milhões de famílias recebendo o Auxílio Emergencial 2021, via público Bolsa Família; 413 mil recebendo o Auxílio Emergencial 2021 via público Cadastro Único ou Público Geral; e 4,8 milhões recebendo benefícios do PBF.
Em razão do recebimento do Auxílio Emergencial 2021, 10,1 milhões de famílias estão com os benefícios do Programa Bolsa Família suspensos, porque os valores do Auxílio Emergencial são maiores.
Pelas contas dos ministros, esse dinheiro impacta 39.352.503 de pessoas -18,45% da população. E como essas têm famílias, isso quer dizer um alcance positivo de 77.206.053 pessoas.
É um número bem menor que os 68.269.127 de pessoas (32% da população), teoricamente mais de 136.538.254, que receberam o Auxílio Emergencial de 2020, mas ainda assim um contingente que pode levar Bolsonaro ao segundo turno.
Uma questão que o Ministério da Cidadania não explicou é se o novo auxílio vai elevar os valores de quem recebe hoje R$ 375, o que agregará apenas R$ 25 aos créditos, como deseja o presidente. Ou se manteria uma certa racionalidade, aumentando os valores proporcionalmente.
Bolsonaro quer que se pague R$ 400 a cada total de 14,6 milhões de famílias beneficiárias do Bolsa Família, e mais uma parte que está suspensa, de modo a que perto de 18 milhões famílias que a propaganda oficial poderá dizer que estão sendo beneficiadas.
O desafio é saber como as famílias que hoje recebem R$ 375 e passarão a receber R$ 400 vão se sentir. E se as pessoas que estão recebendo R$ 185 e podem receber R$ 400 vão apoiar o presidente.
O problema é que pelos números do próprio ministério da Cidadania, o Brasil tem hoje 58,6 milhões de pessoas que seriam elegíveis a algum tipo de transferência direta de renda. Mas esse número sequer é considerado, pela falta de recursos.
Em abril, quando concluiu um estudo para fazer o novo Auxílio Emergencial, o ministério da Cidadania revelou que na folha de pagamento do Auxílio Emergencial 2021, as famílias beneficiárias do PBF receberão valores que superaram R$ 2,98 bilhões, totalizando um valor médio de benefício de R$ 306,83 por família.
Quando se toma apenas a folha do PBF, o valor aproximado era de R$ 2,72 bilhões, o que resulta em um valor médio de R$ 186,56 por família.
Bolsonaro trabalha com o número de R$ 400. Como diz Paulo Guedes, com mais R$ 30 bilhões além do teto de gastos, o acrescimento seria suportável. O que ninguém sabe é se no estilo “passa o boi, passa boiada”, o Congresso se contentaria apenas com esse valor e resistiria à tentação de aumentar o furo de R$ 30 bilhões.
Até porque muitos deles, que não serão reeleitos, não estarão mais lá na Câmara para serem cobrados.