O Brasil não importa um quilo do trigo produzido na Ucrânia. Na verdade, nossa corrente de comércio com aquele país, ano passado, foi de apenas US$ 438,2 milhões, com um superávit de US$ 15,4 milhões a nosso favor.
Basicamente, o País importa lingotes de aços e, especialmente, arame farpado, além de polímeros de cloreto de vinila. E mesmo que Rússia e Ucrânia produzam 14% do trigo global e forneçam 29% de todas as exportações do cereal, certamente, nenhum brasileiro comeu pão ou macarrão de trigo vindo da Ucrânia.
O problema da guerra é que, como os preços do cereal vão subir muito em março, devido à suspensão de exportações, o mundo vai buscar trigo onde ele estiver disponível.
E, no nosso caso, a lista de interessados inclui a Argentina, que de acordo a Abitrigo é o maior exportador do produto para o Brasil, com 85% do trigo importado pelos moinhos brasileiros.
A equação é simples: sem Rússia e Ucrânia, os países buscam os outros produtores e o preço sobe. Aliás, já subiu. Na Bolsa de Chicago, no mesmo dia em que Putin invadiu a Ucrânia, o preço da saca do trigo, de 27,2 quilos, chegou a R$ 47,7 (US$ 9,26) na última quinta-feira. Isso pode mudar.
Mas vai depender do estrago que as tropas russas possam ter feito nas plantações da Ucrânia. A outra pressão de nossa inflação relacionada com a Guerra virá do petróleo mesmo.
No dia da invasão, ele - que há três meses estava em US$ 71,12 o barril do tipo Brent - passou para US$ 98,84 e está se mantendo. Se ficar nesse patamar, o bicho pega com gasolina e óleo diesel subindo mais que pão e macarrão.