Pelo menos uma notícia razoável para os passageiros do transporte público por ônibus da Região Metropolitana do Recife. A frota em circulação não sofrerá redução este mês de janeiro, quando historicamente entra em vigor a programação de férias. Segue na casa dos 70%, enquanto a demanda de passageiros tem oscilado entre 50% e 60%. Essas são as informações oficiais do governo de Pernambuco, que decidiu por não fazer a redução.
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Adotar a programação de férias, de fato, seria um equívoco, principalmente sanitário, mas também político. Depois de semanas sob ameaça e de enfrentar dois dias de greve dos rodoviários no fim de 2020, a população reagiria muito, muito mal à medida. Segundo o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), o Sistema de Transporte Público da RMR (STTP) está, este mês de janeiro já, operando com 71% da frota, o que corresponde a 1.708 veículos - na pré-pandemia, o STPP tinha 3.600 coletivos, vale ressaltar a redução. Em dezembro, a frota chegou a 72%.
Enquanto que a demanda de passageiros está em 56%, quatro pontos percentuais a menos do que no início de dezembro. O CTM explica que, historicamente, sempre há uma queda de passageiros nas festas de fim de ano, que se prolonga pelas férias escolares. O mês de dezembro foi o melhor desde o início da pandemia, em março, como já se sabe. Mas, mesmo assim, a demanda não ultrapassou os 60% - considerando apenas os passageiros pagantes e, não, os transportados, que incluem as gratuidades. Em abril, maio e junho, os piores meses, o sistema operou com apenas 27% e 32% dos passageiros que transportava antes da pandemia.
Os dados do CTM mostram, por outro lado, que nos meses críticos a frota de ônibus também foi bem reduzida, embora tenha ficado sempre acima da demanda. O STPP chegou a operar com 49% dos coletivos do sistema, mas a partir de julho foi ampliando para 69% e, posteriormente, para 70%, percentual que segue até agora. Segundo André Melibeu, diretor de operações do CTM, os operadores chegaram a pedir uma redução de 5% na frota e nas viagens programadas, mas o governo do Estado levou em conta critérios técnicos que não justificavam diminuir a operação ainda mais.
“Apesar do pedido da Urbana-PE, decidimos que não havia razões técnicas para reduzir. A programação de férias era implementada porque, de fato, havia uma grande redução da demanda devido às férias em geral, principalmente dos estudantes. Mas essa queda já vinha sendo verificada desde o início da pandemia. Vou dar um exemplo: num dia do mês de março transportamos 120 mil estudantes e, agora em janeiro, foram 20 mil num dia. Ou seja, a redução já vinha acontecendo. Estamos sendo conservadores, de fato. Mas o momento é de ser conservador porque existe uma pandemia”, argumentou.
Todos esses valores e percentuais precisarão ser considerados pelo governo de Pernambuco para fundamentar um possível reajuste das passagens ou o argumento para defender que em 2021 a população não terá que pagar pelo aumento. Lembrando que, em 2019 - ano eleitoral -, também não houve reajuste, para alívio dos passageiros.