Demorou, mas aconteceu. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) alterou a terminologia acidente de trânsito para sinistro de trânsito. A mudança faz com que o Brasil se modernize e se adeque às tendências mundiais da Visão Zero (de nenhuma morte no trânsito), adotadas com redução de mortes em países como Espanha, Suécia e Estados Unidos.
CONFIRA A SÉRIE POR UM NOVO TRANSITAR
* Trânsito brasileiro mata mais do que as armas de fogo
* A indústria é da infração, não das multas de trânsito
* Motos seguem sendo as vilãs do trânsito
E razões não faltam para que o País faça todo o possível para reduzir a quantidade de sinistros. Afinal, o trânsito brasileiro mata muito, mutila demais e ainda custa muito caro. Foram 32 mil mortos em 2019 (dados mais recentes do DataSus), uma média de 300 mil mutilados por ano e um custo anual de R$ 132 bilhões.
Veja o que diz a ABNT NBR 10697, de 2020
A terminologia “sinistro de trânsito” é aplicada e definida, de forma geral, como “todo evento que resulte em dano ao veículo ou à sua carga e/ou lesões a pessoas e/ou animais, e que possa trazer dano material ou prejuízos ao trânsito, à via ou ao meio ambiente, em que pelo menos uma das partes está em movimento nas vias terrestres ou em áreas abertas ao público”. A mudança acontece para deixar claro que o termo “acidente” pode ser usado em diferentes casos, como por exemplo, a queda de um copo d’água. Por isso, no trânsito, agora é sinistro de trânsito.
Segunda a Organização Mundial de Saúde - OMS, os limites de velocidade devem ser adequados ao tipo de vias, às suas condições físicas e ao volume e tipo de usuário do espaço, não devendo exceder 50km/h em vias urbanas
Um atropelamento a uma velocidade de 60km/h, equivale a aproximadamente uma queda do 6º andar e 98% de chance de o pedestre vir a óbito.
Quanto mais rápido um veículo estiver trafegando, maior será o impacto de um sinistro de trânsito. Dessa forma, a velocidade afeta não só o risco de ocorrência de um sinistro, mas a gravidade com que ele ocorre. Uma redução de até 5% na velocidade média do veículo pode resultar em 30% menos sinistros fatais, segundo a OMS. A 50km/h, o motorista não freia a tempo e o pedestre é atropelado com ferimentos e chance de sobrevivência. A 40km/h ou menos, o atropelamento é evitado.