A tentativa de assalto a um ônibus na noite dessa segunda-feira (7), que deixou um motorista morto e um passageiro ferido gravemente - o soldado do Exército está na UTI entre a vida e a morte -, é um alerta à segurança pública de Pernambuco de que a violência no transporte público precisa de atenção porque está voltando a subir. Números da própria Secretaria de Defesa Social (SDS) já vêm mostrando essa tendência em 2021. Em meados de maio, o JC apontou um crescimento nas investidas de 77,5% de março para abril no Estado. O cenário se repetiu na Região Metropolitana do Recife com um pouco mais de gravidade: um aumento de 84% nos registros. E até janeiro deste ano era de queda.
Assaltos a ônibus têm aumento no Grande Recife e em todo Estado de Pernambuco
Soldado do Exército é baleado e motorista morre em tentativa de assalto a ônibus na Estrada da Muribeca, em Jaboatão
Com estado de saúde grave, soldado do Exército baleado em tentativa de assalto a ônibus é intubado na UTI do HR
Na época, a SDS argumentou que ainda era cedo para fazer dizer que o aumento era fato, porque tinham sido oscilações pontuais. Talvez. Mas o episódio em Jaboatão dos Guararapes desconstrói esse argumento e, o que é pior, assusta a população que depende do sistema de transporte público para ir e vir. Ainda mais quando lembramos que a PE-017, mais conhecida como Estrada da Muribeca, é um dos corredores clássicos das investidas criminosas aos ônibus. E mesmo assim os ladrões ousam.
Pouco importa se o motorista - que estava de folga, voltando para casa - e o passageiro reagiram ao assalto - sabemos que nunca se deve reagir. O fato é que houve a tentativa de assalto. Sabemos que a SDS vive momentos turbulentos com o desmonte do seu comando e da liderança da principal força de qualquer Estado no policiamento preventivo - a Polícia Militar -, mas é preciso reagir e agir rapidamente. Quem vive a segurança e também o sistema de transporte público sabe que os assaltos a ônibus são sazonais e diretamente relacionados com a crise econômica - fato constante no Brasil e ainda mais potencializado com a pandemia de covid-19 (somos 14 milhões de desempregados no País).