Talvez a única obra ainda da Copa do Mundo de 2014 a ser entregue em Pernambuco completa e antes do início dos jogos no Brasil, a passarela que liga o Aeroporto Internacional do Recife ao metrô da capital e ao Terminal Integrado Aeroporto, segue sendo um elefante branco e com problemas. Não há como negar que ela evita que as pessoas façam a travessia da Avenida Mascarenhas de Moraes, corredor de entrada do Recife pela região Sul e de tráfego pesado, mas o equipamento sofre com a ausência de manutenção e abandono. R$ 26 milhões foram gastos para construí-la - dinheiro do governo federal.
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As esteiras rolantes - o ponto alto da passarela por permitir que os passageiros desembarcando do terminal aéreo poderiam acessar o sistema de transporte público sem muito esforço com as bagagens - seguem quebradas e/ou desativadas. Meses após entrar em operação, ainda em 2014, já tinha problemas de manutenção e, desde então, foi desativada inúmeras vezes. O piso do equipamento - todo em cerâmica - está com diversos problemas de infiltração e, por isso, áreas isoladas são comuns ao longo do equipamento.
Também falta iluminação e, por isso, o medo de assaltos é real entre os usuários. “A passarela facilitou muito o deslocamento porque a gente não precisa mais fazer a travessia pela Avenida Mascarenhas de Moraes, é verdade. Mas, em compensação, ficou perigosa à noite porque falta iluminação. Não tem segurança. A estrutura ainda é boa, mas é perigosa. Deve ser usada apenas de dia. Os próprios funcionários das lojas do aeroporto têm medo de passar à noite”, afirma o aposentado Arnaldo Albuquerque, que usa o equipamento frequentemente. O agente de aeroporto Otávio Silva, que todos os dias utiliza a passarela, faz relato semelhante ao do aposentado. “As esteiras muitas vezes servem apenas de enfeite e a manutenção é falha. Mas o principal problema é a insegurança devido à falta de iluminação. Incomoda vê-la assim porque é nosso dinheiro sendo desperdiçado”, critica.
HISTÓRICO
A construção da passarela para a Copa do Mundo de 2014 transformou, na época, o Aeroporto do Recife no único do País, entre as cidades-sede dos jogos mundiais, a ser interligado com o metrô e, por ele, até a Cidade da Copa - que nunca foi construída, vale ressaltar. Sem a passarela, a travessia dos passageiros que desembarcam com bagagens no aeroporto e querem acessar o metrô fica inviável. E desestimula o uso do transporte público porque é preciso atravessar oito faixas, sendo quatro por sentido, com bagagem. Essa foi a lógica da época e que ainda vale atualmente.
O acesso à passarela pelo aeroporto é feito pelo portão B6 (área de embarque), no primeiro piso. O equipamento cruza a Avenida Mascarenhas de Moraes, passa por um trecho da Rua Barão de Souza Leão, em frente ao Colégio Maria Tereza, até chegar ao Terminal Integrado do Aeroporto e à Estação Aeroporto do Metrô.
REPAROS
A manutenção da passarela é feita pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM) por se tratar de um equipamento do transporte público. Não ficou com a Infraero. Por nota, o CTM informou que a manutenção é periódica e que os problemas apontados na reportagem já foram identificados e serão resolvidos em breve.
Confira a nota na íntegra:
“A passarela que dá acesso ao Aeroporto do Recife passa, periodicamente, por manutenção preventiva e corretiva. Na última visita ao local, a equipe de manutenção do Grande Recife verificou a necessidade de trocar as lâmpadas queimadas. O processo de aquisição dos itens está em curso e, assim que for concluído, haverá a substituição das lâmpadas. Alguns trechos do piso da passarela foram interditados porque as cerâmicas foram danificadas pela infiltração. Na próxima segunda-feira (2/8), terá início a correção da infiltração e, em seguida, a colocação de novas cerâmicas. O prazo de conclusão deste serviço é de uma semana.
Quanto às esteiras rolantes, elas precisaram ser desativadas porque apresentaram um problema técnico, que estava prejudicando o pleno funcionamento dos equipamentos. A equipe de manutenção encontra-se no local fazendo o conserto e as esteiras voltarão a funcionar na próxima sexta (30/8)”.
TARIFAS
O acesso pela passarela ainda tem outro aspecto relacionado ao modelo operacional do transporte público da Região Metropolitana do Recife. O passageiro pode pagar tarifas diferentes. Atualmente, quem entra na passarela pelo aeroporto para acessar o TI Aeroporto ou a Estação Aeroporto do Metrô paga uma tarifa menor: a cobrada nos ônibus, de R$ 3,75. Já as pessoas que entram no sistema pelo metrô - pagando a passagem na bilheteria do sistema metroviário - vão pagar mais caro: R$ 4,25 que a tarifa do Metrô do Recife após sete aumentos seguidos desde 2019.