Enquanto Pernambuco anistia dívidas de motocicletas sob o argumento da geração de emprego, os danos provocados pelas motos só aumentam no trânsito brasileiro. Levantamento da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) mostra que o Sistema Único de Saúde (SUS) bateu recorde de atendimento às vítimas das duas rodas. De forma geral, o trânsito do Brasil fez mais estragos nesse período, mas foram os motociclistas e passageiros das motos que mais se destacaram.
Não é mais acidente de trânsito. Agora, a definição é outra nas ruas, avenidas e estradas do Brasil
Apesar de a crise sanitária ter retirado grande parte da população das ruas - há sistemas viários que tiveram redução de circulação superior a 60%, como é o caso de corredores do Recife -, o SUS registrou 308 mil internações de pessoas em decorrência de sinistros de trânsito em todo o Brasil entre março de 2020 e julho de 2021. E nada menos que 54%, ou seja, metade das vítimas, eram ocupantes de motocicletas.
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Somente no período de janeiro a julho de 2021, o número de internações de motociclistas bateu recorde histórico, alcançando 71.344 casos graves e que exigiram a hospitalização do motociclista. Os dados analisados pela Abramet também revelam um crescimento continuado das internações de motociclistas a partir de 2012. As únicas exceções são o ano de 2017 (quando houve redução de 0,5% em relação ao ano anterior) e 2020 (0,3% a menos que o ano anterior à pandemia). E os homens, como esperado, seguem liderando o perfil das vítimas do SUS: de janeiro a julho de 2021, foram atendidos 59.499 homens e 11.845 mulheres. Em 2020, foram 95.343 e 19.201 respectivamente.
CUSTO ALTÍSSIMO
Além da perda de vidas e mutilações, os estragos das motos custam caro para a saúde pública. Aliás, caríssimo. Somente entre janeiro e julho de 2021 já foram quase R$ 108 milhões gastos. Em 2020, mesmo com a pandemia, o SUS desembolsou R$ 171 milhões para tratar motociclistas traumatizados. De 2012 até agora, são R$ 1,3 bilhão.
A região Sudeste foi a que registrou maior contingente de motociclistas internados em decorrência de sinistros, com total de 29.218 pessoas – 19% mais que no mesmo período de 2020. Em segundo lugar está a região Nordeste, com 23.370 vítimas – 18% mais que o registrado no primeiro semestre de 2020. Em Pernambuco foram mais de 2 mil motociclistas internados.
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Internações_Motociclistas_SUS_Abramet by Roberta Soares on Scribd
O Centro-Oeste foi a única região brasileira que registrou redução de internação de motociclistas: no primeiro semestre de 2021 foram 5.931 hospitalizações – 5% menos que o registrado no mesmo período de 2020. “Os sinistros de trânsito são a terceira principal causa de morte não natural do País. Em alguns Estados, é a primeira. E no caso das motos, a vulnerabilidade e, consequentemente, o estrago, são maiores. Por isso, conhecer quem são essas vítimas é o primeiro passo para enfrentar o problema. Esse levantamento é uma forma de avançar nesse sentido. Existe uma grande dificuldade de compilação de dados de trânsito. O DataSus, por exemplo, tem um intervalo de um a dois anos”, alerta o presidente da Abramet, Antônio Meira Júnior.