O aumento das passagens e a volta às aulas presenciais da rede de ensino privada e pública - principalmente o retorno de vários estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) previsto para a segunda-feira (21/2), fizeram o governo de Pernambuco prometer ampliar a frota de ônibus disponível na Região Metropolitana do Recife.
A oferta de coletivos, que hoje está em 90% do que era oferecido antes do início da pandemia de covid-19, irá para 95% nos próximos dias e chegará a 100% em todas as linhas em março. O reforço da frota chega como uma tentativa de reduzir a revolta da população com o reajuste de quase 10% das passagens de ônibus, aprovado com folga na sexta-feira (11/2).
A promessa foi feita pelo secretário de Desenvolvimento Urbano de Pernambuco (Seduh), Tomé Franca, durante debate sobre o sistema de transporte público da RMR na Rádio Jornal, nesta quarta-feira (16/2).
“Mesmo estando com a demanda de passageiros ainda em 75% do que tínhamos antes da pandemia, o governo do Estado tem feito esse esforço e vai ampliar a frota. Isso será possível, é claro, devido ao reajuste de 9,69% das passagens”, afirmou.
Atualmente, o Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR (STPP) está operando com 90% da frota, composta por 2.190 coletivos. A não totalidade da oferta de ônibus segue provocando lotação nos horários de pico em muitas linhas e, principalmente, nos principais terminais integrados do sistema - o que é uma contradição com as proibições do Estado para evitar o contágio da variante ômicron.
O transporte por ônibus no Grande Recife pode não ser a melhor maravilha do mundo, mas diante do que o Estado cobre, acredito que temos avanços sim. Mesmo com a pandemia de covid-19, que precisa ser considerada. Agora, o que precisamos mesmo é de faixas exclusivas nas vias para os ônibus trafegarem e terem prioridade de circulação. Assim, conseguiremos racionalizar o serviço e torná-lo mais eficiente. E com a gestão privada dos terminais integrados e estações de BRT, acredito que conseguiremos avançar ainda mais”,Fernando Bandeira, presidente da Urbana-PE
ARGUMENTOS A FAVOR DO AUMENTO
O governo de Pernambuco e o setor operacional de ônibus voltaram a defender o realinhamento tarifário que elevou o anel A - utilizado por 80% dos passageiros da RMR - de R$ 3.75 para R$ 4.10, e o anel B de R$ 5.10 para R$ 5.60. Tomé Franca reconheceu que o aumento pesa para a população, mas argumentou que o Estado tentou fazer o máximo e absorver o máximo possível o impacto do aumento. “A tarifa técnica necessária (ou seja, a que cobriria o aumento do custo do transporte) era de 19%, mas o governo decidiu que daria o percentual inferior ao IPCA e cobriria a diferença com subsídios. Foi um grande esforço, que mostra o compromisso do Estado com o transporte público coletivo”, afirmou.
Também presente ao debate na Rádio Jornal, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE), Fernando Bandeira, enfatizou que, mesmo com o esforço do governo, o realinhamento seria necessário. “A inflação foi muito alta. Somente o óleo diesel aumentou 80%. Como gerir efetivamente um sistema em que o insumo que pesa 80% sofreu uma majoração de 80%? Impossível sem um realinhamento tarifário. Além disso, o valor dos ônibus aumentou 40% e a mão de obra teve um reajuste de 9%”, afirmou Bandeira.
COBRADORES AUMENTARIAM A PASSAGEM EM MAIS 10%
Nem mesmo o fato de que apenas 18 linhas de ônibus têm cobradores atualmente (5% das linhas em operação) foi suficiente para evitar o aumento das passagens. Desde julho de 2020 houve uma autorização do Estado, que seria provisória, para que os profissionais fossem retirados dos ônibus e os motoristas passassem a atuar em dupla função - dirigindo e recebendo a passagem paga em dinheiro.
Pela explicação do gestor e dos operadores do sistema, os cobradores pesam 10% no custo da operação e, se eles ainda estivessem atuando, a tarifa técnica necessária para equilibrar receita e custo teria que ser aumentada em 10%.
“A planilha de custo apresentada pelo governo do Estado na reunião do Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM) não seria de um reajuste de quase 20%. Seria de 25,32%. Ou seja, o Estado teria que dar um aumento maior ou absorver um percentual maior dos custos”, explicou Tomé Franca.
O governo do Estado absorveu um pouco mais de 10% desse custo com o aumento de 9,69% das tarifas.
A planilha de custo apresentada pelo governo do Estado na reunião do Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM) não seria de um reajuste de quase 20%. Seria de 25,32%. Ou seja, o Estado teria que dar um aumento maior ou absorver um percentual maior dos custos”,Tomé Franca, da Seduh
AVALIAÇÃO DO SISTEMA
“O transporte por ônibus no Grande Recife pode não ser a melhor maravilha do mundo, mas diante do que o Estado cobre, acredito que temos avanços sim. Mesmo com a pandemia de covid-19, que precisa ser considerada. Agora, o que precisamos mesmo é de faixas exclusivas nas vias para os ônibus trafegarem e terem prioridade de circulação. Assim, conseguiremos racionalizar o serviço e torná-lo mais eficiente. E com a gestão privada dos terminais integrados e estações de BRT, acredito que conseguiremos avançar ainda mais”, disse Bandeira.