Trânsito, transportes e mobilidade urbana, com Roberta Soares

Mobilidade

Por Roberta Soares e equipe
COLUNA MOBILIDADE

Maio Amarelo: redução da velocidade limite das vias é fundamental

Dados da Abramet comprovam que, quanto menor a velocidade desenvolvida no caso de uma colisão, maiores as chances de sobrevivência das vítimas, no caso pedestres e ciclistas

Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 31/05/2022 às 8:10
Razões para reduzir a velocidade das ruas e avenidas: a 30 km/h, há 10% de chance de fatalidade em um atropelamento; a 50 km/h, esse risco ultrapassa 80% - PREFEITURA DE FORTALEZA/DIVULGAÇÃO

Impossível não lembrar do excesso de velocidade quando falamos sobre segurança no trânsito e a proposta de zerar as milhares de mortes evitáveis no Brasil. Inevitável entrar na discussão urgente e mais do que obrigatória de reduzir para 50 km/h a velocidade limite das vias urbanas - como recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

E é também um tema necessário para ser abordado no fechamento do Maio Amarelo, um mês em que o Brasil se volta para o trânsito e seus efeitos. Mas, por que reduzir a velocidade limite das ruas e avenidas é fundamental?

Para quem não sabe ou lembra, a velocidade é uma arma de fazer mortos e deixar sequelados pelo mundo. Dados da Abramet (Associação de Medicina de Tráfego) comprovam que, quanto menor a velocidade desenvolvida no caso de uma colisão, maiores as chances de sobrevivência das vítimas, no caso pedestres e ciclistas.

Com a redução dos limites máximos de velocidade permitidos nas cidades, o risco de morte por atropelamento é reduzido em 80% - ARTES JC

VOCÊ SABIA?

30km/h
for a velocidade desenvolvida pelo veículo no caso de um atropelamento, as chances de a vítima falecer são de 10%

80%
é o risco de óbito da vítima de atropelamento se o veículo estiver a uma velocidade superior a 50 km/h

Se o atropelamento acontecer a uma velocidade de 30 km/h, as chances de a vítima falecer são de 10%. Enquanto que, a uma velocidade superior a 50 km/h, o risco de óbito é potencializado: sobe para 80%.

Fiscalização de velocidade ainda é desligada à noite no Recife

Outro dado impressionante: um atropelamento no trânsito a uma velocidade de 60km/h equivale a aproximadamente uma queda do 6º andar. E essa vítima tem 98% de chances de vir a óbito.

Quanto mais rápido um veículo estiver trafegando, maior será o impacto de um sinistro de trânsito (não se chama mais acidente de trânsito. Entenda). Dessa forma, a velocidade afeta não só o risco de ocorrência de um sinistro, mas a gravidade com que ele ocorre. Segundo a OMS, uma redução de até 5% na velocidade média do veículo pode resultar em 30% menos sinistros fatais, ou seja, com óbitos.

Segurança viária - Iniciativa Bloomberg - DIVULGAÇÃO

PROJETO DE LEI

Como a grande maioria das cidades brasileiras - inclusive as capitais - segue fazendo “cara de paisagem” diante da recomendação da OMS de limitar em 50 km/h a velocidade limite das vias, um grupo da sociedade civil organizada está tentando viabilizar a aprovação pelo Congresso Nacional de um PL (projeto de lei) que imponha essa regra.

A União de Ciclistas do Brasil (UCB), em parceria com outras entidades, acaba de lançar o projeto Vias Seguras, uma iniciativa que, como explica a UCB, busca desmistificar a redução das velocidades dos automóveis nas vias brasileiras e, com base em estudos técnicos, propor alteração da legislação brasileira e campanha de comunicação sobre o assunto.

Por que reduzir a velocidade das vias? - THIAGO LUCAS/ ARTES JC

Um parecer jurídico foi produzido para embasar as mudanças. “Pedestres e ciclistas são as principais vítimas dessa realidade. É urgente que o poder público tome iniciativas para proteger essas vidas. Trata-se de uma pauta de saúde pública”, afirma Ana Luiza Carboni, coordenadora do projeto Vias Seguras.

Conheça o Projeto Ruas Seguras da UCB

O embasamento da proposta é uma pesquisa realizada pelo Instituto Multiplicidade Mobilidade Urbana, que buscou mensurar o impacto de boas práticas de redução de velocidade no número de mortos e feridos nas cidades de São Paulo, Fortaleza e Curitiba, no Brasil, e de Bogotá, na Colômbia, e Santiago, no Chile. Cidades de Pernambuco, infelizmente, ficaram de fora.

Os condutores de Pickups merecem destaque no levantamento - PREFEITURA DE FORTALEZA/DIVULGAÇÃO

A pesquisa teve como base a opinião de motoristas sobre velocidade e mortes no trânsito. E os resultados mostraram que a população sente na pela as consequências da violência sobre rodas. 82% dos entrevistados conhecem alguém que morreu no trânsito e um quinto já perdeu familiares nesse contexto. Nove, em cada 10, entendem que o nível de mortes no trânsito é alto.

Mas, infelizmente, oito em cada dez entrevistados não citaram a redução de velocidade como os fatores mais importantes para reduzir mortes, apesar de metade concordar que menores velocidades evitam óbitos. Por isso a importância do alerta sobre a velocidades das vias.

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