Impossível não lembrar do excesso de velocidade quando falamos sobre segurança no trânsito e a proposta de zerar as milhares de mortes evitáveis no Brasil. Inevitável entrar na discussão urgente e mais do que obrigatória de reduzir para 50 km/h a velocidade limite das vias urbanas - como recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
E é também um tema necessário para ser abordado no fechamento do Maio Amarelo, um mês em que o Brasil se volta para o trânsito e seus efeitos. Mas, por que reduzir a velocidade limite das ruas e avenidas é fundamental?
Para quem não sabe ou lembra, a velocidade é uma arma de fazer mortos e deixar sequelados pelo mundo. Dados da Abramet (Associação de Medicina de Tráfego) comprovam que, quanto menor a velocidade desenvolvida no caso de uma colisão, maiores as chances de sobrevivência das vítimas, no caso pedestres e ciclistas.
VOCÊ SABIA?
30km/h
for a velocidade desenvolvida pelo veículo no caso de um atropelamento, as chances de a vítima falecer são de 10%
80%
é o risco de óbito da vítima de atropelamento se o veículo estiver a uma velocidade superior a 50 km/h
Se o atropelamento acontecer a uma velocidade de 30 km/h, as chances de a vítima falecer são de 10%. Enquanto que, a uma velocidade superior a 50 km/h, o risco de óbito é potencializado: sobe para 80%.
Fiscalização de velocidade ainda é desligada à noite no Recife
Outro dado impressionante: um atropelamento no trânsito a uma velocidade de 60km/h equivale a aproximadamente uma queda do 6º andar. E essa vítima tem 98% de chances de vir a óbito.
Quanto mais rápido um veículo estiver trafegando, maior será o impacto de um sinistro de trânsito (não se chama mais acidente de trânsito. Entenda). Dessa forma, a velocidade afeta não só o risco de ocorrência de um sinistro, mas a gravidade com que ele ocorre. Segundo a OMS, uma redução de até 5% na velocidade média do veículo pode resultar em 30% menos sinistros fatais, ou seja, com óbitos.
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PROJETO DE LEI
Como a grande maioria das cidades brasileiras - inclusive as capitais - segue fazendo “cara de paisagem” diante da recomendação da OMS de limitar em 50 km/h a velocidade limite das vias, um grupo da sociedade civil organizada está tentando viabilizar a aprovação pelo Congresso Nacional de um PL (projeto de lei) que imponha essa regra.
A União de Ciclistas do Brasil (UCB), em parceria com outras entidades, acaba de lançar o projeto Vias Seguras, uma iniciativa que, como explica a UCB, busca desmistificar a redução das velocidades dos automóveis nas vias brasileiras e, com base em estudos técnicos, propor alteração da legislação brasileira e campanha de comunicação sobre o assunto.
Um parecer jurídico foi produzido para embasar as mudanças. “Pedestres e ciclistas são as principais vítimas dessa realidade. É urgente que o poder público tome iniciativas para proteger essas vidas. Trata-se de uma pauta de saúde pública”, afirma Ana Luiza Carboni, coordenadora do projeto Vias Seguras.
Conheça o Projeto Ruas Seguras da UCB
O embasamento da proposta é uma pesquisa realizada pelo Instituto Multiplicidade Mobilidade Urbana, que buscou mensurar o impacto de boas práticas de redução de velocidade no número de mortos e feridos nas cidades de São Paulo, Fortaleza e Curitiba, no Brasil, e de Bogotá, na Colômbia, e Santiago, no Chile. Cidades de Pernambuco, infelizmente, ficaram de fora.
A pesquisa teve como base a opinião de motoristas sobre velocidade e mortes no trânsito. E os resultados mostraram que a população sente na pela as consequências da violência sobre rodas. 82% dos entrevistados conhecem alguém que morreu no trânsito e um quinto já perdeu familiares nesse contexto. Nove, em cada 10, entendem que o nível de mortes no trânsito é alto.
Mas, infelizmente, oito em cada dez entrevistados não citaram a redução de velocidade como os fatores mais importantes para reduzir mortes, apesar de metade concordar que menores velocidades evitam óbitos. Por isso a importância do alerta sobre a velocidades das vias.