Carlos Henrique, 33 anos, perdeu toda a perna esquerda aos 22 anos, por culpa de um motorista de carro que estaria alcoolizado. É uma das grandes vítimas do trânsito brasileiro
Publicado em 24/07/2022 às 8:00
| Atualizado em 25/07/2022 às 12:35
Carlos Henrique, 33 anos, é uma lição de vida. E das grandes. Perdeu toda a perna esquerda aos 22 anos, por culpa de um motorista de carro que estaria alcoolizado. Comenta-se - nada é oficial porque ele nunca quis saber - que esse homem, apesar de ter fugido sem prestar socorro, entrou em depressão e viu sua vida piorar sensivelmente após aquele dia (23/7/2011).
Carlos Henrique Maciel da Silva voltava para casa em sua motocicletapela Avenida Segunda Perimetral, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife, quando o motorista teria invadido a pista contrária e praticamente arrastado o lado esquerdo do jovem, que por pouco não perdeu também o braço.
“O motorista estava totalmente alcoolizado, pegou a contramão, invadiu a minha faixa. A impressão que tenho é que ele nem me viu. Era noite. Me pegou de lado. O impacto foi na perna e braço esquerdos. Tive fraturas expostas nos dois. Era um sábado à noite e a prestação de socorro demorou demais”, relembra Carlos Henrique, que não bebia nem bebe.
Foram três horas até chegar ao hospital e ir direto para a sala de cirurgia já com o prognóstico de amputação da perna. E a possibilidade de amputar o braço também. Por pouco não o perdeu, embora siga sem movimento no membro.
“Cheguei a ficar com parte da coxa, o que chamam de coto (parte do membro que permanece após a cirurgia de amputação), mas depois tive que tirar tudo, a chamada desarticulação de quadril”, relembra. Foram 21 dias na UTI e mais dois meses no hospital.
Só com a reabilitação imediata, foram outros seis meses. No geral, um ano e dois meses. “Imediata porque viver sem uma perna e o movimento de um dos braços é uma eterna reabilitação”, ensina.
A revolta, entretanto, nunca fez parte da vida de Carlos Henrique. A religião, a fé, o fizeram aguentar e, depois, aceitar. “Nunca me revoltei. Entendi que era para acontecer comigo. Minhas convicções me ajudaram a vencer as dificuldades. Como cristão protestante, sabia que foi algo que Deus permitiu que acontecesse porque havia um propósito”, argumenta.
“Tive muito medo de perder meu braço. Muito. Mas não perdi. Também tive muito suporte da minha família: pais, irmãos e minha noiva, que hoje é minha esposa. Amigos também. Isso é o que nos ajuda”, ensina.
Carlos perdeu a mobilidade do cotovelo e não tem força na mão esquerda. Consegue apenas mexer os dedos. E sofre com o uso da prótese, que no caso dele é uma de articulação do quadril, mais complicada.
“Fica na altura do abdômen. Você não pode emagrecer ou engordar. Qualquer mudança impede o uso. Usei a cadeira de rodas por muito tempo e hoje prefiro a muleta, porque me dá mais mobilidade”, conta.
LIÇÃO DE VIDA
Poucos meses depois do sinistro de trânsito, Carlos Henrique foi convidado a ser um dos educadores da Operação Lei Seca em Pernambuco. Passou a integrar a pequena equipe que leva suas experiências traumáticas como vítimas do trânsito para motoristas abordados nas blitzes da Lei Seca.
Também pratica atividades paraolímpicas na UFPE.
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Jornalista setorizada em mobilidade urbana há 18 anos. Com 26 anos de redação, cobriu por quase dez anos o setor de segurança pública, atuando também nas editorias de Política, Brasil e Internacional.
Localidade:RecifeTelefone:8199537000Cargo:repórter sênior e colunistaCursoCurso de Fiscalização do Dinheiro Público Ministrado pelo Knight Center, 2020
Curso de Desenvolvimento Urbano para Jornalistas Ministrado pela Abraji e Instituto Linconl – São Paulo, 2014
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Curso de Webjornalismo Ministrado pelo professor Fábio Guerra, da VídeoRepórte, Recife, 2013
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