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Ciclofaixas do Recife: falta de manutenção compromete segurança de ciclistas

Embora tenha avançado na ampliação da malha cicloviária - são 169 quilômetros atualmente -, muitos equipamentos da cidade estão com a sinalização apagada, buracos e interferências

Roberta Soares
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Roberta Soares
Publicado em 01/09/2022 às 7:00 | Atualizado em 01/09/2022 às 10:35
GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM
Estruturas do Grande Recife também apresentam problemas - FOTO: GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM
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Que o Recife avançou na ampliação da malha cicloviária da cidade não há como negar. São 169 quilômetros de ciclofaixas, ciclovias e ciclorrotas atualmente, dos quais quase a totalidade foi implementada pelas últimas gestões municipais comandadas pelo PSB. É fato. Até porque a capital tinha apenas 24 quilômetros quando o então prefeito Geraldo Julio assumiu a prefeitura, em 2013.

O crescimento superior a 600% que o município evidencia sempre que possível, no entanto, não significa qualidade. Ao contrário. Muitos quilômetros dessa malha cicloviária estão com problemas de manutenção e interferências que, em diversas situações, comprometem a segurança dos ciclistas.

E como a maioria da infraestrutura para as bicicletas são ciclofaixas - que necessitam ainda mais da sinalização porque não têm uma segregação total do tráfego de veículos, usando apenas tinta e tachões -, o perigo torna-se ainda maior sem a manutenção.

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O período das chuvas que em 2022 foi muito mais intenso piorou a situação. Muitos equipamentos estão quase apagados em diversos trechos, tanto em bairros do subúrbio como de classe média da cidade.

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As interferências sobre a infraestrutura para as bicicletas é outro problema. O JC encontrou muitas ciclofaixas do Centro do Recife com buracos abertos ou algum tipo de bloqueio para serviços de drenagem - GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM

É o caso, por exemplo, da ciclofaixa implantada na Rua Dr. José Maria, na Tamarineira, na Zona Norte do Recife. Boa parte da ciclofaixa desapareceu da via. E como ela foi implantada sem ao menos receber tachões ao longo de todo o percurso, é como se não existisse nada no local.

“Fica muito perigoso pedalar, sem dúvida, quando não é feita a manutenção da estrutura. Isso porque os motoristas nem percebem que ali era uma ciclofaixa. Faz muita diferença para quem usa a bicicleta. E muitas ciclofaixas estão assim”, alerta Pablo Lopes, porteiro que vai e volta do trabalho de bike e passa, com frequência, no trecho apagado da ciclofaixa.

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Ciclista Pablo Lopes - GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM

Na mesma região, a falta de manutenção também é flagrante nas ciclofaixas da Estrada do Arraial e da Estrada do Encanamento. Por sorte, são equipamentos que têm tachões, o que minimiza a ausência da sinalização.

As interferências sobre a infraestrutura para as bicicletas é outro problema. O JC encontrou muitas ciclofaixas do Centro do Recife com buracos abertos ou algum tipo de bloqueio para serviços de drenagem.

É o caso, por exemplo, das ciclofaixas existentes na Rua da Aurora e na Rua da Saudade, em Santo Amaro. “Entendemos que alguns serviços precisam ser feitos, mas a demora na execução e, principalmente, na reposição do equipamento é que é a questão. Demora demais e deixa o ciclista vulnerável”, critica o servidor público Cláudio Assis, que costuma usar a bicicleta como transporte na área central da cidade.

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O período das chuvas que em 2022 foi muito mais intenso piorou a situação. Muitos equipamentos estão quase apagados em diversos trechos, tanto em bairros do subúrbio como de classe média da cidade - GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM
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As interferências sobre a infraestrutura para as bicicletas é outro problema. O JC encontrou muitas ciclofaixas do Centro do Recife com buracos abertos ou algum tipo de bloqueio para serviços de drenagem - GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM
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As interferências sobre a infraestrutura para as bicicletas é outro problema. O JC encontrou muitas ciclofaixas do Centro do Recife com buracos abertos ou algum tipo de bloqueio para serviços de drenagem - GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM
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Falta de manutenção da infraestrutura para bicicletas no Recife e Região Metropolitana - GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM
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O período das chuvas que em 2022 foi muito mais intenso piorou a situação. Muitos equipamentos estão quase apagados em diversos trechos, tanto em bairros do subúrbio como de classe média da cidade - GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM

MANUTENÇÃO ESTÁ SENDO FEITA

Em uma nota oficial de apenas três linhas, a Prefeitura do Recife garante que está cuidando da infraestrutura cicloviária da cidade. A Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), responsável pela implantação e manutenção dos equipamentos, informou que investiu, somente em 2022, R$ 560 mil em sinalização de rotas cicláveis - entre implantação e manutenção.

E que durante o segundo semestre, período de estiagem, os serviços de sinalização serão intensificados. Nesse período serão investidos mais R$ 1,1 milhão na manutenção de 20 km de rotas cicláveis.

Além disso, investimentos como os recapeamentos da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) e o Calçada Legal da Autarquia de Urbanização (URB) também estão contribuindo para a estrutura cicloviária da cidade.

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Eixo Camilo Simões, que conecta Recife e Olinda, está destruído - GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM
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Eixo Camilo Simões, que conecta Recife e Olinda, está destruído - GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM
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O período das chuvas que em 2022 foi muito mais intenso piorou a situação. Muitos equipamentos estão quase apagados em diversos trechos, tanto em bairros do subúrbio como de classe média da cidade - GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM
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Eixo Camilo Simões, que conecta Recife e Olinda, está destruído - GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM

PROBLEMAS NO GRANDE RECIFE

Embora o Recife seja o município da RMR que tem a maior malha ciclável, os problemas são ainda piores quando entramos nos equipamentos metropolitanos que conectam as cidades vizinhas à capital.
É o caso, por exemplo, do Eixo Cicloviário Camilo Simões, que começa no Bairro do Recife e segue até o Varadouro, em Olinda - um dia, chegará a Igarassu, como prometido pelo governo de Pernambuco.
A rota, extremamente útil para o trabalhador que usa a bicicleta como transporte, está destruída. A maior parte do trecho em Olinda, às margens da Avenida Pan Nordestina, inexiste.

Na parte do Recife, entre a pista local oeste da Avenida Agamenon Magalhães (altura de Campo Grande) e a Rua da Aurora, a sinalização sumiu, assim como a iluminação pública.

Em Jaboatão dos Guararapes, na RMR, por exemplo, os ciclistas têm reclamado da manutenção da estrutura implantada nas Avenidas Ayrton Senna e Presidente Kennedy, em Piedade e Candeias.

Dizem que depois da ampliação da nova orla da cidade, que ganhou uma ciclovia, o equipamento das vias paralelas foi esquecido.

A Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes informou que a manutenção da ciclofaixa será concluída até o fim de setembro. A gestão estaria providenciando a aquisição dos materiais necessários para requalificá-la.

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