A tarefa é extremamente árdua. Sempre foi e, agora, é ainda mais. Mas alguém terá que enfrentar os inúmeros problemas do Metrô do Recife, sistema essencial ao transporte público da Região Metropolitana do Recife e que sofre com um déficit anual - apenas de custeio, vale ressaltar - da ordem de R$ 300 milhões.
E o nome do futuro superintendente já está sendo trabalhado nos bastidores. A expectativa é de que, se o senador pernambucano Humberto Costa (PT-PE) conseguir se sobrepor à força do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) - reeleito para a presidência em fevereiro com expressa votação (464 votos dos 509 deputados federais presentes) -, o nome cotado seria o do ex-vereador e ex-secretário Dilson Peixoto, petista de carteirinha.
Dilson Peixoto está como assessor legislativo do senador Humberto Costa, mas já comandou pastas e órgãos ligados à gestão do transporte público de Pernambuco, como o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM) - gestor do sistema de ônibus da RMR - e a Empresa Pernambucana de Transporte Intermunicipal (EPTI) - que gere os ônibus intermunicipais da Zona da Mata, Agreste e Sertão.
Além disso, também comandou a antiga Secretaria de Serviços Públicos do Recife na época em que a capital enfrentou a retirada dos antigos Kombeiros, motoristas que faziam o transporte de passageiros na capital usando as inadequadas Kombis.
E foi, na segunda gestão do ex-governador Paulo Câmara (sem partido), secretário de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco. Além de vereador e deputado estadual pelo PT. Ainda integra o setorial de transporte do PT.
Se o nome de Dilson Peixoto vingar para a Superintendência da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no Recife, a leitura que se pode fazer é de que será mais difícil desengavetar o projeto de privatização do Metrô do Recife, engavetado por Paulo Câmara após pressão dos metroviários e devido às Eleições 2022, quando o PSB tentava eleger o candidato do partido ao governo de Pernambuco, o deputado federal Danilo Cabral.
Pelo menos por enquanto, Dilson Peixoto desconversa sobre a indicação de seu nome para assumir a gestão e os inúmeros problemas do Metrô do Recife. Diz que ainda não foi sondado. Mas, nos bastidores, a Coluna Mobilidade apurou que a informação não procede e a indicação dele, inclusive, teria apoio de partidos da esquerda.
O apoio público que o senador Humberto Costa passou a dar ao movimento que defende a reestruturação do Metrô do Recife e, principalmente, a retirada da CBTU do Programa Nacional de Desestatização, incluída no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seria um sinal claro de que o nome de Dilson Peixoto está indicado.
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“Tenho acompanhado a situação do Metrô do Recife como militante do PT. Uma situação que nos preocupa muito e que precisa ser definida pela importância que o sistema tem para todo o transporte público coletivo da Região Metropolitana do Recife. Precisamos, além de reestruturar o metrô novamente, saber qual será o seu futuro. Mas ainda não fui sondado para a função”, desconversa.
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Dilson Peixoto argumenta, ainda, que antes de se discutir o nome para a Superintendência da CBTU no Recife, é preciso ter a definição sobre a direção geral da Companhia, em Brasília, o que ainda não aconteceu. O atual comando da CBTU segue com o pernambucano José Marques, funcionário do Metrô do Recife ligado a Arthur Lira.
Embora a CBTU esteja subordinada ao Ministério das Cidades, comandado por Jader Filho (MDB-PA), os nomes pernambucanos cogitados para assumir o sistema pernambucano teriam recusado a possibilidade. Entre eles, o senador interino Fernando Dueire (que está substituindo o senador Jarbas Vasconcelos, sob licença) - e que seria o nome mais indicado por ser metroviário -, e o ex-deputado federal Raul Henry, presidente do MDB em Pernambuco.