O religamento do sistema de orientação de pousos dos aviões do Aeroporto Internacional do Recife segue sem definição e a responsabilidade é exclusiva da Aena Brasil, concessionária privada que administra o terminal. O atraso nas obras de infraestrutura do terminal e, principalmente, da pista principal de pouso, é a razão.
A responsabilização da Aena Brasil foi confirmada oficialmente pela Força Aérea Brasileira (FAB). “O restabelecimento do ILS do Aeroporto de Recife (PE) depende da conclusão das obras sob responsabilidade da Concessionária AENA. Após a entrega da infraestrutura pronta, inclusive com as antenas do Glide Slope e estação meteorológica instaladas, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) realizará a condução de todos os testes, inspeção em voo, avaliação das novas cartas de aproximação por instrumentos e a publicação dessas cartas”, afirmou a FAB.
A Aena Brasil, como tem sido comum desde que o JC denunciou a desativação do sistema de orientação de pousos devido ao início das obras em pleno inverno, tem evitado se posicionar sobre o caso. Pelo menos para o JC.
Enquanto isso, voos seguem sendo desviados para outros terminais quando chove na capital pernambucana, gerando transtorno para os passageiros e prejuízos econômicos para as companhias aéreas. E, o que é pior, alguns precisam arremeter quando o piloto não consegue aterrissar, assustando os passageiros.
PILOTOS TÊM DIFICULDADE DE POUSOS SEM O ILS
Sem o religamento do sistema de orientação de pousos - Sistema de Pousos por Instrumentos (no inglês, Instrument Landing System – ILS), os pilotos não conseguem descer quando não têm visualização da pista. O ILS é fundamental para orientar pilotos quando está chovendo e não há visibilidade da pista.
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Assim como os cancelamentos, os desvios e a prática de arremeter o voo assustam e provocam transtornos para passageiros e custos para as companhias aéreas. Desde que as chuvas começaram, já são dezenas de voos impactados.
ENTENDA O IMPACTO DO DESLIGAMENTO DO ILS
O sistema auxilia os pilotos até obterem contato visual com a pista de pouso. Esse contato visual só seria possível a partir dos 200 pés de altura (o equivalente a 61 metros de altura). Até chegar a esse patamar, só é possível realizar o procedimento de pouso com o ILS.
Sem conseguir realizar a aterrissagem em dias de chuva, já que não têm a orientação do equipamento, os pilotos precisam arremeter a aeronave e seguir para outros aeroportos da região - como tem acontecido quase diariamente quando chove. Principalmente com os voos que iriam aterrissar.
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Para quem não sabe, arremeter é um procedimento no qual o piloto de uma aeronave retoma o voo depois de falhas no processo de pouso ou quando o piloto não tem referência visual da pista. A arremetida pode ocorrer ainda em voo, durante a reta final ou após a aeronave ter "tocado" a pista.
SISTEMA FOI DESATIVADO DEVIDO A OBRAS NO AEROPORTO
O mais grave do processo é que, segundo a denúncia feita ao JC, a desativação do ILS pela Aena Brasi foi provocada pela interdição da cabeceira da pista que é mais utilizada no aeroporto para obras de ampliação do terminal.
Pilotos alegaram que essas obras de infraestrutura, embora importantes, poderiam ter sido antecipadas ou adiadas para um período de sol, quando o uso do ILS não fosse tão imprescindível.
Assim, pilotos afirmaram que, até o religamento do ILS, qualquer chuva que diminua a visibilidade da pista deixará as aeronaves em espera ou fará com que sejam redirecionadas para outros aeroportos. O que tem acontecido na prática.
RISCOS E CONSEQUÊNCIAS DA DESATIVAÇÃO DO SISTEMA DE POUSO
Antes que as pessoas se assustem ou se preocupem com a notícia, as consequências da desativação do ILS no Aeroporto Internacional do Recife são mais econômicas do que de segurança. É claro que, ser comunicado pelo piloto que a aeronave não poderá aterrissar no aeroporto de destino ou sentir o avião arremeter em voo, não são situações agradáveis e que, muitas vezes, provocam pânico nos passageiros.
Mas os pilotos que fizeram a denúncia ao JC foram enfáticos em destacar que o risco é pequeno. O que pesa mesmo é o custo operacional das companhias aéreas de desviar voos e o transtorno financeiro para passageiros que descem em aeroportos diferentes do destino da viagem.
ENTENDA O QUE É E COMO FUNCIONA O ILS
O ILS é um dispositivo que fornece ao piloto duas informações essenciais: o eixo da pista e a trajetória ideal de planeio. No Brasil não existem aparelhos ILS de terceira geração. O nível abaixo, o ILS-2, está presente em apenas três aeroportos, segundo a Aeronáutica do Brasil: Guarulhos (SP), Galeão (RJ) e Curitiba (PR). Os demais aeroportos de grande porte, entre eles o Aeroporto Internacional do Recife, ainda têm o ILS-1.
O Sistema de Pouso por Instrumento funciona da seguinte forma: em terra, são colocados dois transmissores em posições estratégicas em relação à pista. Um dos transmissores (localizer) fornece um sinal-guia de aproximação ao longo da linha central da pista. Enquanto o outro transmissor fornece um sinal do trajeto de descida.