Trânsito, transportes e mobilidade urbana, com Roberta Soares

Mobilidade

Por Roberta Soares e equipe
TRANSPORTE PÚBLICO

Tarifa Zero beneficia a saúde pública e o comércio local, além do transporte público, diz estudo

Os benefícios da gratuidade no transporte público como política social foram, mais uma vez, confirmados. Agora, por um estudo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU)

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Roberta Soares

Publicado em 22/04/2024 às 11:39 | Atualizado em 22/04/2024 às 11:40
Estudo constata que Tarifa Zero aumenta, sim, o número de passageiros no transporte público - Guga Matos/JC Imagem

Os benefícios da adoção da Tarifa Zero vão além do impacto nos sistemas de transporte público. Estudo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), entidade que representa os operadores privados dos sistemas no País, também constatou que há efeitos positivos externos para outros setores da economia.

Esses ganhos estão presentes na dinâmica social, econômica e urbana das cidades. Pelo menos é o que foi verificado em cinco das 12 cidades que foram alvo do estudo sobre a adoção da Tarifa Zero universal - ou seja, quando não há nenhuma cobrança no transporte urbano de ônibus.

Atualmente, 106 municípios do País oferecem a gratuidade diariamente. São cidades que reúnem mais de 5 milhões de habitantes. O levantamento comparou a quantidade de passageiros antes e depois da adoção do passe livre.

IMPACTO POSITIVO NA SAÚDE PÚBLICO, COMÉRCIO E SERVIÇOS

Em São Caetano do Sul (SP), foi verificado, a partir de notícias divulgadas, a diminuição do índice de remarcações de consultas médicas na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e a redução das filas de espera, no terminal de ônibus, para utilização dos automóveis que trabalham para plataformas de aplicativos.

Em Paranaguá (PR), foi publicada uma redução do número de sinistros de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se define, segundo a ABNT) de 40%, e um acréscimo de 30% das vendas realizadas no comércio local.

O aquecimento do setor econômico local também aconteceu em Caucaia-CE, segundo a NTU. E o município credita à Tarifa Zero um aumento de 25% no faturamento do comércio e do setor de serviços, com acréscimo de 25% na arrecadação do município.

GERAÇÃO DE EMPREGOS TEVE AUMENTO EM MINAS GERAIS

Brasil já tem 106 cidades onde a Tarifa Zero é universal no transporte coletivo, ou seja, não há nenhuma cobrança no transporte urbano de ônibus - Guga Matos/JC Imagem

Já a prefeitura de Ituiutaba (MG) indicou impacto positivo na geração de empregos, além da redução dos tempos de viagem. Em Maricá-RJ, segundo a própria empresa pública de transporte, a renda familiar foi menos comprometida em aproximadamente 20%.

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No estudo, entretanto, a NTU ressalta que ainda existe uma carência de dados que comprovem os impactos da Tarifa Zero e que é importante a implementação de processos de fiscalização e monitoramento permanentes para acompanhar os resultados da política.

GANHOS NA DEMANDA DE PASSAGEIROS FOI O FOCO PRINCIPAL DO ESTUDO

Segundo a NTU, houve um aumento significativo no número de passageiros nas localidades onde foi implementada a Tarifa Zero no transporte coletivo público. O levantamento constatou que em todos os municípios pesquisados houve uma elevação significativa na demanda por viagens de ônibus, que variou de 33% a 371%.

Entre as cidades pesquisadas estão Caucaia (CE), que adotou a tarifa zero em 2021, e 2 anos depois viu o número de passageiros subir 371%, de 510 mil mensais para 2,4 milhões mensais. Luziânia (GO) teve elevação de 202% no número de passageiros em um período de 2 meses, de 4,3 mil por dia, em outubro de 2023, quando adotou o passe livre, para 13 mil por dia, em dezembro de 2023.

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Maricá (RJ) teve aumento de 144% após três anos da adoção da tarifa zero; Ibirité (MG), de 106%, após três meses; São Caetano do Sul (SP), de 218%, após quatro meses; Paranaguá (PR), de 146%, após um ano; Balneário Camboriú (SC), de 43%, após seis meses; Itapeva (SP), de 267%, após um ano e meio; Cianorte (PR), de 99%, após um ano; Lins (SP), de 150%, após um mês; Mariana (MG), de 145%, após dois anos; e Santa Isabel (SP), de 33%, após um ano e meio.

O estudo validou o que São Paulo confirmou recentemente, após adotar a Tarifa Zero aos domingos (aumento de 31% na demanda de passageiros), assim como outras cidades que implantaram ou já experimentaram o modelo - entre elas o Grande Recife. Não houve cobrança da passagem nos ônibus da Região Metropolitana do Recife nas Eleições 2022, quando a demanda aumentou 115% em relação aos domingos comuns e 59% na comparação com o primeiro turno, quando o governo de Pernambuco não ofereceu gratuidade e uma tímida oferta de transporte. 

Tarifa zero aumenta número de passageiros, mostra estudo - Guga Matos/JC Imagem

“O aumento da demanda indica o potencial de uso do transporte público pela população. A tarifa zero promove uma maior mobilidade e acessibilidade, facilitando deslocamentos para as atividades essenciais no ambiente urbano, em diferentes horários do dia, não só em horário de pico”, avalia o diretor executivo da NTU, Francisco Christovam.

“Esse aumento da demanda precisa ser considerado pela prefeitura que planeja adotar a tarifa zero. Não basta ter recursos para cobrir o custo atual, é preciso avaliar a necessidade de aumento da frota e definir fontes permanentes de recursos, para que a tarifa zero tenha sustentação”, acrescentou Christovam.

As cidades estudadas:

– Caucaia (CE), que adotou a tarifa zero em 2021, e 2 anos depois viu o número de passageiros subir 371%, de 510 mil mensais para 2,4 milhões mensais;
– Luziânia (GO) teve elevação de 202% no número de passageiros em um período de 2 meses, de 4,3 mil por dia, em outubro de 2023, quando adotou o passe livre, para 13 mil por dia, em dezembro de 2023.
– Maricá (RJ) teve aumento de 144% após três anos da adoção da tarifa zero;
– Ibirité (MG), de 106%, após três meses;
– São Caetano do Sul (SP), de 218%, após quatro meses;
– Paranaguá (PR), de 146%, após um ano;
– Balneário Camboriú (SC), de 43%, após seis meses;
– Itapeva (SP), de 267%, após um ano e meio;
– Cianorte (PR), de 99%, após um ano;
– Lins (SP), de 150%, após um mês;
– Mariana (MG), de 145%, após dois anos; e
– Santa Isabel (SP), de 33%, após um ano e meio.

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