Bicicleta: ciclovias e ciclofaixas crescem apenas 7,3% nas capitais brasileiras. País tem pouco mais de 4 mil quilômetros de estrutura para ciclistas
Levantamento feito pela Aliança Bike aponta acréscimo de 280 km em estruturas segregadas para bicicletas, atingindo um total de 4.106,8 km no País

A ciclomobilidade segue sendo mais discurso político-administrativo do que resultado prático no Brasil. A infraestrutura para quem pedala - ou seja, ciclovias, ciclofaixas e até mesmo ciclorrotas - não cresce como deveria. As capitais do País têm pouco mais de 4 mil km de algum tipo de equipamento que ofereça segurança para ciclistas.
Além de pouca, a infraestrutura ciclável cresce a passos lentos. Levantamento nacional, realizado pela Aliança Bike - associação nacional que busca fortalecer a economia da bicicleta e o uso pela população -, mostrou que a malha cresceu apenas 280 km nas capitais brasileiras entre os meses de julho de 2023 e 2024.
Atualmente, as capitais têm 4.106,81 km de estrutura cicloviária segregada, que representam uma média de 152,10 km da área urbana, sendo 11,09 km em média para cada 100 mil habitantes.
Os dados foram levantados via Lei de Acesso à Informação (LAI) e fazem parte de um ranking elaborado há três anos. Segundo a entidade, o levantamento está ainda mais consistente porque não foram computadas ciclorrotas, apenas estruturas segregadas para bicicletas - no caso ciclovias e ciclofaixas.
“Desta vez as prefeituras melhoraram a qualidade dos dados enviados, com maior detalhamento de cada tipologia de estrutura implementada. Isso nos permitiu desconsiderar estruturas compartilhadas com veículos automotores e até dois casos de prefeituras que contabilizavam em duplicidade (ida e volta) algumas ciclovias”, explicou Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike.
“Podemos afirmar com tranquilidade que este ano temos um monitoramento o mais fiel possível à realidade, que nos permite construir essa série histórica de acompanhamento da evolução da malha cicloviária”, reforçou.
CONFIRA AS CIDADES QUE MAIS AVANÇARAM NA INFRAESTRUTURA PARA QUEM PEDALA
O ranking da Aliança Bike aponta que Goiânia (GO) foi a capital com o maior aumento percentual entre julho de 2023 e 2024, com um acréscimo de 66%, atingindo 78,2 km. Palmas (TO) teve o segundo maior crescimento em porcentagem (35,7%), passando de 68,5 km para 93 km. Belém (PA) ocupa o terceiro posto do ranking, com 29,2%, e Maceió (AL) o quarto lugar, com 27,6% de acréscimo em um ano.
No Centro-Oeste está o maior crescimento na infraestrutura cicloviária em números absolutos de quilometragem: o Distrito Federal teve um acréscimo de 50,23 km a mais de ciclovias e ciclofaixas implantadas entre 2023 e 2024.
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Utilizando a comparação entre o volume de ciclovias e ciclofaixas e a população residente, Palmas mais uma vez aparece como destaque: com 30,72 km a cada 100 mil habitantes, a capital tocantinense ocupa o primeiro lugar da lista.
Destas 5 citadas, duas capitais se destacam por um crescimento constante nos últimos dois anos. No ranking do ano passado, Palmas ocupava a primeira colocação como a que mais cresceu entre 2022 e 2023, com 39,8%, enquanto Maceió ocupava o segundo lugar com crescimento de 27% no período citado.
RECIFE SEM DESTAQUE POSITIVO NO RANKING
Recife, que tem quase 200 quilômetros de infraestrutura ciclável (predominantemente ciclofaixas, muita ciclorrota e algumas poucas ciclovias) não teve destaque positivo na lista da Aliança Bike. O Recife aparece em 9º lugar no ranking das capitais com a maior rede de ciclovias e ciclofaixas em 2024, com 128,75 km.
Até porque, de 2023 para 2024, a malha cresceu pouco na capital pernambucana: menos de 20 quilômetros, dos quais seis são da Ciclovia Agamenon Magalhães, um dos equipamentos mais esperados por quem usa a bicicleta como transporte na cidade.
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Vale ressaltar que o monitoramento não analisa a qualidade das estruturas e não pode ser considerado sinônimo de toda a malha cicloviária do País, já que a Aliança Bike considerou apenas as capitais.
Capitais com a maior rede de ciclovias e ciclofaixas em 2024:
1- São Paulo (SP): 710,9 km
2- Distrito Federal: 551,51 km
3- Fortaleza (CE): 443,1 km
4- Rio de Janeiro (RJ): 316,56 km
5- Salvador (BA): 308,59 km
6- Belém (PA): 150,58 km
7- Curitiba (PR): 146,4 km
8- Florianópolis (SC): 142,32 km
9- Recife (PE): 128,75 km
10- Belo Horizonte (MG): 114,85 km
Maiores crescimentos percentuais em ciclovias e ciclofaixas implantadas – de 2023 a 2024:
1 – Goiânia (GO): 66% (47 km para 78,2 km)
2 – Palmas (TO): 35,7% (68,5 km para 93 km)
3 – Belém (PA): 29,2% (116,5 km para 150,58 km)
4 – Maceió (AL): 27,6% (53,4 km para 68,13 km)
5 – Cuiabá (MT): 19,35% (58,1 km para 69,4 km)
6 – Boa Vista (RR): 10,8% (43,14 km para 47,8 km)
7 – Porto Alegre (RS): 10,11% (73,23km para 80,63 km)
8 – Distrito Federal: 10,02% (501,28km para 551,51 km)
9 – Belo Horizonte (MG): 8,57% (105,78km para 114,85 km)
10 – Curitiba (PR): 8,28% (135,2 km para 146,4 km)
Maiores malhas cicloviárias em relação à população residente:
1 – Palmas (TO): 30,73 km/100 mil habitantes
2 – Florianópolis (SC): 26,49 km/100 mil habitantes
3 – Rio Branco (AC): 20,42 km/100 mil habitantes
4 – Vitória (ES): 19,58 km/100 mil habitantes
5 – Distrito Federal: 19,58 km/100 mil habitantes
6 – Fortaleza (CE): 18,24 km/100 mil habitantes
7 – Aracaju (SE): 14,27 km/100 mil habitantes
8 – Salvador (BA): 12,76 km/100 mil habitantes
9 – João Pessoa (PB): 12,59 km/100 mil habitantes
10 – Campo Grande (MS): 12,25 km/100 mil habitantes