Caso o PT (Partido dos Trabalhadores) tivesse se dado ao luxo de ler um dos mais importantes livros sobre a história da Câmara dos Deputados, não teria passado o vexame de perder o comando da 1ª Secretaria da Casa, por causa de irrisórios seis minutos.
“Memória do Servidor” é uma obra literária que todos os amadores da política deveriam se debruçar sobre ela. São pouco mais de 300 páginas, está disponível na internet, portanto é gratuita, e foi de lá que eu tirei um trecho bem significativo que teria em muito ajudar o Partido dos Trabalhadores.
Era noite de 21 de janeiro de 1967. O Congresso Nacional tinha de votar até a meia-noite a Constituição Federal encaminhada pela junta militar, sob o comando do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco. Discursos, votações, alguns xingamentos, e perto da chegar o dia seguinte, o senador Auro de Moura Andrade, também conhecido como o Rei do Gado, vendo que a sessão não andava, mandou parar o relógio até que a votação fosse concluída. Na madrugada a Constituição tinha sido aprovada, mas o relógio na parede tinha sido travado às 23h58.
Na última segunda-feira (1º de fevereiro), o PT se demorou por contados seis minutos. Deveria entregar um requerimento à Mesa Diretora da Câmara, até o meio-dia. Se atrasou, ameaçou ir ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas vendo que perdeu o tempo e não podia fazer como fez Auro de Moura Andrade, teve de se contentar com a 2ª Secretaria.
Para o PT e os aliados que perderam a eleição, apostando em Baleia Rossi (MDB-SP), vai um ditado popular: “Até mesmo um relógio parado está certo duas vezes por dia”. Mas nesse episódio os petistas é que perderam a hora.
Pense nisso!