O que faz um presidente da República pegar um avião, viajar 1.750km para fazer um discurso que nega todos os princípios revelados pelas pesquisas científicas e elogia o tratamento precoce para o enfrentamento da pandemia da Covid-19 que até esta quarta-feira tinha matado 340.776 brasileiros? Só pode ser a síndrome negacionista que norteia o atual governo.
Diante de uma aglomeração de apoiadores e o do médico cardiologista Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina como “tratamento precoce” no enfrentamento do vírus. “Eu fui acometido de Covid. Procurei não me apavorar. Tomei o medicamento que todo mundo sabe qual foi. No dia seguinte, estava bom. Muitos fizeram isso. Agora, não podemos admitir impor limite ao médico. Se o médico não quer receitar aquele medicamento, não receite. Se outro cidadão qualquer acha que aquele medicamento não tá certo porque não tem comprovação científica, que não use. Liberdade dele”, afirmou o presidente.
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Ao lado do presidente, um ministro da Saúde que se não é o general Eduardo Pazuello que batia continência para tudo o que Bolsonaro queria, Marcelo Queiroga desconversou. "O presidente recomendou: toda inovação que chegar, Queiroga, manda investigar, manda avaliar. Se funcionar, vamos colocar à disposição da nossa população, deixando de gerar calor desnecessário. Não queremos calor, queremos luz. Aqui em Chapecó, no estado de Santa Catarina, nós pudemos ter o exemplo de que é possível conciliar a autonomia do médico com a recuperação dos nossos pacientes,” disse o ministro da Saúde.
Quando assumiu o ministério, 15 dias atrás, Queiroga recebeu o compromisso do presidente de que não faria interferência nas ações do ministros para combater a covid-19. Agora, parece que mesmo que o novo ministro fique no cargo até o fim do mandato do presidente, será um gestor fraco e que pouco ou quase nada vai apitar no ministério.
Pense nisso!