Foram necessários apenas 40 segundos para que o médico cardiologista, temporariamente ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pronunciasse duas frases que serão lembradas e estudadas por aqueles especialistas em discursos de quem tem na veia a verve bajulatória. ”Não se pode discriminar pessoas entre vacinadas e não vacinadas e, a partir daí, impor restrições”, para em seguida repetir o presidente Jair Bolsonaro (PL) “é melhor perder a vida que a liberdade”.
Imagine você que no Brasil dos anos 90, foi o Ministério da Saúde que “patrocinou” campanhas para que o país se visse livre do cigarro em ambientes fechados. Lembro-me que quando você pegava um ônibus interestadual, tinha lá uma plaquinha “Proibido fumar cachimbo, charuto ou cigarro de palha”. Logo o alerta foi substituído por um “proibido fumar”. E mesmo quem esperneou pelo direito de continuar jogando fumaça na cara dos não fumantes se adaptou às regras de saúde e bem-estar.
Agora, em plena pandemia, o ministro da Saúde vem falar em discriminação de quem não se vacinou? Ótimo. Não quer se vacinar, não se vacine, mas não venha conviver no mesmo ambiente de quem está imunizado.
E por fim, ministro, ao repetir o seu chefe e encher o peito para dizer que “é melhor perder a vida que a liberdade”, eu recomendo vossa excelência tomar às mãos “O Existencialismo é um Humanismo”, do filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-1980) “O homem é condenado a ser livre. Condenado, porque não se criou a si mesmo, e livre, pois, uma vez lançado no mundo, é responsável pelos seus atos”.
E eu concluo: vacina já até para os estrangeiros, para que o Brasil não se transforme no paraíso dos turistas não-vacinados.
Pense nisso!