Os bastidores da política nacional, com Romoaldo de Souza

Política em Brasília

Por Romoaldo de Souza
Romoaldo de Souza

Se Daniel Silveira fosse um cidadão comum, polícia seria capaz de derrubar barraco do operário para executar a sentença

O caso de um deputado se abrigar em seu gabinete ou no Plenário da Câmara para escapar da Justiça abre um precedente sem igual

Cadastrado por

Romoaldo de Souza

Publicado em 31/03/2022 às 8:10 | Atualizado em 01/04/2022 às 10:23
Daniel Silveira foi proibido de participar de eventos públicos, de conceder entrevistas sem autorização judicial e de manter contato com outros investigados nos inquéritos das fake news e das milícias digitais - LUIS MACEDO/AGÊNCIA CÂMARA

A Câmara acabou caindo na armadilha montada pelo deputado Daniel Silveira (sem partido-RJ) e em vez de discutir os problemas do país, passou o dia de ontem (30), debatendo se a Polícia Federal pode ou não colocar uma tornozeleira eletrônica no parlamentar.

“É difícil que a Câmara, em um momento em que o país precisa que a gente esteja discutindo inflação, juros, [combate a] fome, desemprego. A gente esteja discutindo botar ou não botar a tornozeleira em um deputado”, disse o vice-presidente, deputado Marcelo Ramos (PSD-AM).

Já era tarde, Daniel Silveira fez da Câmara o seu palanque de que tanto precisava para vitaminar a campanha eleitoral. Mesmo com as advertências do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), “Estranha e esdrúxula situação, onde o réu utiliza-se da Câmara dos Deputados para esconder-se da polícia e da Justiça, ofendendo a própria dignidade do Parlamento, ao tratá-lo como covil de réus foragidos da Justiça”.

O caso de um deputado se abrigar em seu gabinete ou no Plenário da Câmara para escapar da Justiça abre um precedente sem igual, justo o parlamento brasileiro que sempre abre seus trabalhos “em nome de Deus” e “em busca da igualdade entre as pessoas”, mesmo que se saiba que no Brasil algumas pessoas são mais iguais que outras.

Ou seja, se fosse um trabalhador que se recusasse a cumprir uma ordem judicial, a polícia seria capaz de derrubar o barraco do operário para executar a sentença. Já quando se trata de uma autoridade, aí a coisa muda de figura.

Pense nisso!

Tags

Autor

Webstories

últimas

VER MAIS