O Brasil viveu no dia de ontem uma espécie de “Síndrome de Estocolmo”. O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), “sequestrou” a data cívica da Independência em favor da campanha da reeleição, transformou o palanque do 7 de Setembro em um puxadinho do casamento dele e ainda voltou a fazer ameaças de dar um golpe de Estado.
O psiquiatra sueco Nils Bejerot (1921 — 1988) cunhou o termo científico Síndrome de Estocolmo nos anos de 1970, depois de analisar vítimas de um sequestro, na capital da Suécia, que passaram a desenvolver uma simpatia e até um apego pelos sequestradores. Alguns brasileiros estão padecendo dessa síndrome.
O Brasil passou dois anos sem realizar a parada militar em Brasília, em função da pandemia da covid-19, e agora, em 2022, tinha tudo para organizar os festejos do bicentenário da Independência, acabou proporcionando em festival de baixaria como o tratamento que o presidente deu à primeira-dama, quando lhe sapecou um beijo nada técnico e ainda entoou o coro “imbrochável,” para explicitar como é o seu desempenho no casamento, como se esse fosse um assunto de interesse do país.
O que o Brasil deveria esperar era o anuncio de projetos para tirar 30 milhões de brasileiros da linha da pobreza em vez de ter o seu presidente fazendo comparações das primeiras-damas como se elas fosse um bibelô do macho alfa.
O presidente fantasia com o retorno de um movimento militar que feche as instituições democráticas como o Congresso Nacional e o Poder Judiciário para ele e seus gatos pingados darem as coordenadas. Pura leseira. Rompante autoritário que não se sustenta.
Bem fizeram os presidentes do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG); da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL); e, do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux que esvaziaram o palanque do presidente. Mas ainda é pouco. O Brasil não se sentiu representado nos festejos que o presidente da República organizou para lembrar a Independência.
Pense nisso!