Comerciante suspeito de assassinar fisioterapeuta está no Presídio de Igarassu. Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Os laudos das perícias sobre o assassinato da fisioterapeuta Tássia Mirella Sena de Araújo, de 28 anos, eliminaram lacunas para a conclusão do inquérito. O exame sexológico apontou que não houve a penetração, mesmo assim o estupro está configurado, já que o conceito para o crime sexual é amplo. Entre as provas, apontadas em um laudo confeccionado por um médico legista do Instituto de Medicina Legal (IML), foram identificadas lesões espalhadas pelo corpo do suspeito, o comerciante Edvan Luiz da Silva, 32. As marcas demonstram que houve luta corporal entre vítima e assassino. A fisioterapeuta tentou se defender, resistiu até o fim, para não ser abusada sexualmente.
Uma outra dúvida da polícia é se o comerciante estava sob efeito de álcool ou entorpecentes. No laudo, não houve a confirmação, nem menção sobre alguma possível substância química ingerida pelo suspeito. Na prática, esse resultado pode apontar ainda a tese de que o crime foi premeditado.
O crime completou uma semana nesta quinta-feira (13). O inquérito já foi encaminhado ao Poder Judiciário. Edvan foi indiciado por homicídio triplamente qualificado (assegurar a ocultação de outro crime, sem possibilidade de defesa da vítima e feminicídio) e por estupro. Na próxima semana, o Ministério Público de Pernambuco deve dar um parecer sobre o caso. Irá decidir se denuncia o suspeito ou se pede novas diligências.
Esposa do suspeito investigada
Apesar de o inquérito sobre o assassinato da fisioterapeuta ter sido concluído, o delegado Francisco Océlio continua as investigações sobre o caso. Isso porque ele está investigando contradições no depoimento da esposa de Edvan Luiz da Silva.
A polícia suspeita que ela pode ter ocultado provas, entre elas a faca supostamente usada para matar a fisioterapeuta. A informação foi antecipada nessa quarta-feira (12) pela TV Jornal e pelo
Ronda JC.
Segundo o delegado, a mulher teria entrado no apartamento onde morava com o comerciante, horas após o crime, sem autorização da polícia. O apartamento estava interditado porque iria, à noite, passar por uma perícia detalhada."O apartamento estava interditado para preservação de vestígios. Somente depois de uma varredura, à noite, seria liberado. Nesse período, ela entrou, o que nos leva a acreditar que ela pode ter pego a arma (faca) e escondido", disse Océlio.
Depoimentos
A esposa de Edvan prestou depoimento à polícia, na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na segunda-feira (10). Aparentando estar bastante tranquila, a mulher, cujo nome será preservado, prestou depoimento por cerca de duas horas e meia. Ela estava acompanhada de um advogado.
Na saída, a esposa do suspeito não quis falar com a imprensa. No depoimento, segundo informações da polícia, ela demonstrou durante todo o depoimento acreditar na inocência do companheiro. Inclusive destacou que ele mantinha uma rotina normal e que nunca suspeitou de nenhum comportamento estranho dele.
Presídio
Edvan está preso, numa cela isolada, no Presídio de Igarassu. Antes, por quatro dias, o suspeito permaneceu no Cotel, após a Justiça decretar a prisão preventiva dele (
Leia o que disse a juíza sobre o caso).
Perícia em celular
A polícia ainda não revelou o conteúdo do celular do suspeito, que passou por perícia para identificar se no aparelho havia imagens, como fotos e vídeos, de vizinhas ou de outras mulheres. Isso porque pelo menos duas testemunhas revelaram aos investigadores que o comerciante assediava mulheres do flat onde vivia.
Uma das vizinhas ouvidas no DHPP
afirmou que teria flagrado o suspeito fazendo imagens dela. A mulher teria, inclusive, reconhecido o modelo do celular de Edvan. Consta ainda no inquérito, um relato de uma testemunha que afirma que o suspeito já abordou vizinhas e, além de assediar, ofereceu drogas. A informação ainda está sendo apurada pela polícia.
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