Em 10 anos, Pacto pela Vida só conseguiu registrar um único dia sem assassinatos no Estado. Foto: Sinpol-PE/Divulgação
"Esse é um fato histórico. É um presente de aniversário do Pacto (pela Vida)." Com essas palavras, o então governador de Pernambuco Eduardo Campos abria uma coletiva de imprensa para anunciar que o Estado conseguiu passar 24 horas sem o registro de assassinatos. Campos celebrava a vitória do programa Pacto pela Vida, que naquele ano teve o melhor resultado da história. Foi a única vez, em 10 anos, que a marca foi atingida.
O marco histórico aconteceu em 29 de abril de 2013, e dias depois foi oficialmente confirmado, após os números serem consolidados pela Secretaria de Defesa Social (SDS). Outro fato era comemorado pelo então governador: 43 municípios de Pernambuco ainda não haviam registrado nenhum assassinato em quatro meses. Uma marca também nunca antes vista.
Passados quatro anos, porém, a realidade é dura e conhecida pelos pernambucanos. Sem renovação e com uma forte queda de braço entre a Polícia Militar e o Governo do Estado, o
Pacto pela Vida, que completou 10 anos nessa segunda-feira (08), permanece sem fôlego para reduzir a violência. Em três meses foram mais de 1,5 mil homicídios registrados. Os números de abril serão divulgados na próxima semana, mas, extraoficialmente, teriam sido registradas pelo menos mais 500 mortes.
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Mudanças para diminuir violência
Para tentar diminuir os homicídios no Estado, a SDS também criou um novo esquema para investigação de crimes contra a vida. Não são apenas as delegacias especializadas em homicídios que apuram esse tipo de crime. Até a Delegacia de Polícia do Meio Ambiente também está recebendo inquéritos de assassinatos.
As delegacias especializadas em homicídios ficarão apenas com os casos mais complexos e registrados entre 2016 e 2017. Mortes relacionadas a crimes de proximidades (aqueles que envolvem familiares, amigos, vizinhos) devem ser distribuídos para as delegacias dos distritos (antes responsáveis apenas por investigar crimes como roubos, furtos e outros delitos de menor gravidade).
Já outras especializadas, como a Delegacia do Idoso e a Delegacia do Meio Ambiente, apuram inquéritos de homicídios mais antigos e ainda não esclarecidos pela polícia.
O delegado especial Antônio Barros, que
deixou o cargo de chefe da Polícia Civil de Pernambuco em fevereiro, foi anunciado como gestor do Departamento de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) no Estado. O novo desafio faz parte do
pacote de mudanças adotadas pela Secretaria de Defesa Social (SDS) para tentar frear o
aumento da violência, reforçando as investigações de homicídios e de repressão às quadrilhas especializadas em tráfico de drogas.
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