No total, 12 pacientes procuraram a polícia para denunciar o médico. Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Dois meses após ser preso sob suspeita de abusar sexualmente de pacientes durante atendimento, o
médico ortopedista e traumatologista Kid Nélio Souza de Melo, de 35 anos, teve o pedido de absolvição sumária negado pela Justiça. A decisão foi tomada pela juíza Ana Maria da Silva, da 17ª Vara Criminal da Capital, após análise da defesa prévia apresentada pelos advogados do réu e das provas colhidas pela polícia.
O processo que está sendo julgado na Vara diz respeito à
denúncia de uma mulher de 18 anos, que afirmou ter sido estuprada pelo médico durante consulta na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, Zona Sul do Recife, em 21 de fevereiro deste ano. A primeira audiência de instrução e julgamento do caso foi marcada para 05 de julho, quando testemunhas de acusação, arroladas pelo Ministério Público, e testemunhas de defesa, convocadas pelos advogados do réu, serão ouvidas em juízo.
O médico também já responde a outro processo. No final do mês passado, a 12ª Vara Criminal da Capital recebeu a conclusão das investigações da polícia, que indiciou o ortopedista por violação sexual mediante fraude, quando o abuso é praticado por meios que impeçam ou dificultem a vítima de se defender.
Outros dez inquéritos, abertos pela Polícia Civil, ainda não chegaram à Justiça. Todos esses crimes investigados estão relacionados a denúncias de supostos abusos sexuais praticados pelo ortopedista durante atendimentos na UPA e em um hospital particular no Recife. As vítimas teriam sido pacientes do médico.
O médico está preso preventivamente no Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima. O blog continua tentando contato com a defesa do acusado.
AS DENÚNCIAS
As mulheres afirmaram à polícia que, durante os atendimentos, o médico pedia para que elas ficassem nuas - mesmo que, em algumas situações, elas apresentassem problemas simples nos punhos ou nos pés, por exemplo. Era nesse momento que os abusos eram praticados. Segundo a Polícia Civil, o acusado afirmou em depoimento que teve relação sexual consentida com duas pacientes. Também negou que tenha estuprado as outras mulheres que o denunciaram.
Kid Nélio é médico há nove anos. Ele se formou pela Universidade do Rio Grande do Norte e especializou-se na área de ortopedia e traumatologia, com ênfase em cirurgias. Além da UPA da Imbiribeira, ele também trabalhava em clínicas particulares. O Conselho Regional de Medicina (Cremepe) abriu sindicância para investigar a conduta do profissional, que pode perder o direito de exercer a profissão.
O médico também responde a processos na Justiça por supostos erros médicos.
ESTATÍSTICAS
Entre os anos de 2007 e 2017,
a Polícia Civil de Pernambuco investigou 21 médicos suspeitos de crimes de estupro, no exercício da profissão. Do total de casos, seis foram registrados no Recife. Dos 21 médicos investigados por estupro, três foram considerados como suspeitos pela polícia. Os outros profissionais foram apontados como autores do crime. Outro dado que chama a atenção é que, do total de médicos, quatro foram investigados por estupro de vulnerável (quando as vítimas são menores de 14 anos ou, por qualquer outra causa, eram pessoas que não podiam oferecer resistência).
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