Em rede social, Torcida Jovem publica apoio a vários pré-candidatos no Grande Recife

Polícia vai investigar se políticos do Estado financiam torcidas organizadas, extintas pela Justiça desde fevereiro
Raphael Guerra
Publicado em 15/09/2020 às 17:27
CORE deflagrou na manhã desta terça (15) a Operação Returno que prendeu integrantes da torcida Jovem. Foto: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM


Apesar de extintas pela Justiça desde fevereiro, as torcidas organizadas continuam atuando, principalmente nas redes sociais. A Torcida Jovem do Sport, alvo de operações da Polícia Civil nesta terça-feira (15), por exemplo, mantém atualizações constantes em uma conta no Instagram. Nomes e fotos de políticos, pré-candidatos nas eleições de municípios da Região Metropolitana do Recife, também recebem apoio na página. 

Durante o cumprimento do mandado de prisão do presidente da Torcida Jovem, que não teve o nome divulgado oficialmente, a polícia apreendeu um caderno de contabilidade. Nele, havia anotações com nomes de políticos que teriam feito doações à organizada. Agora, a polícia apura se doações ilegais foram feitas por vereadores e deputados estaduais. 

Outro episódio também relaciona a Torcida Jovem próxima ao Poder Legislativo. A organizada participou de um evento na Assembleia Legislativa de Pernambuco em dezembro do ano passado. Na ocasião, foi celebrado o acesso do Sport à Série A. 

O delegado Joel Venâncio, gestor do Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core), afirmou que as investigações vão apontar se houve doações ilegais e que, se comprovadas, os políticos podem ser responsabilizados pelo crime de associação criminosa. 

Procurada pela coluna Ronda JC, a assessoria do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) explicou que se algum caso concreto de doação ilegal durante a campanha for descoberto, a Justiça Eleitoral deverá ser provocada e vai investigar. A campanha eleitoral começará no próximo dia 27. 

OPERAÇÕES 

Nas duas operações deflagradas, simultaneamente, nesta terça-feira, 10 pessoas foram presas e uma ainda está foragida. Os nomes não foram divulgados oficialmente pela polícia.

Na primeira operação, seis homens foram presos suspeitos de assaltar e espancar um torcedor do Náutico no bairro da Encruzilhada, em 19 de janeiro deste ano. A camisa da vítima também foi levada. "Eles usam essas camisas, não pelo valor econômico dela, mas como troféu. É como se desafiassem as torcidas adversárias", explicou Joel Venâncio. Os presos têm entre 23 e 29 anos. Parte deles já com passagens pela polícia. Agora, estão sendo indiciados por associação criminosa e roubo.

A segunda operação, em que quatro pessoas foram presas, está relacionada ao ataque aos torcedores do Santa Cruz, em 03 de fevereiro deste ano. Na ocasião, um grupo comemorava o aniversário de 106 anos de fundação do time, na área central do Recife, quando foi alvo da organização criminosa. "Por meio de vídeos, conseguimos identificar algumas dessas pessoas", disse o delegado. Os presos, com idades entre 19 e 34 anos, vão responder por associação criminosa, lesão corporal, provocação de tumulto e corrupção de menor (havia adolescentes participando dessas confusões).

Outros suspeitos de participação nos dois ataques que resultaram nas operações ainda não foram identificados pela polícia.

 

TAGS
Coluna ronda jc raphael guerra torcidas organizadas torcida jovem do sport polícia
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory