Prestes a completar quatro meses da morte de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, a Justiça de Pernambuco deve definir, nos próximos dias, a data da audiência de instrução e julgamento do caso. A ré, Sarí Corte Real, primeira-dama de Tamandaré, responde em liberdade pelo crime de abandono de incapaz com resultado morte. Ela é acusada de deixar Miguel sozinho no elevador do edifício de luxo, onde ele caiu do nono andar em junho deste ano.
Nas redes sociais, a mãe de Miguel, Mirtes Renata, voltou a pedir apoio da sociedade para cobrar agilidade da Justiça no processo. Quando a data da audiência for definida, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e a defesa de Sarí, que era patroa da mãe de Miguel, vão apresentar à Justiça a lista de testemunhas de acusação e defesa que devem ser convocadas para prestar depoimento na fase de audiência.
Quando todos forem ouvidos em juízo, será a vez de Sarí Corte Real responder aos questionamentos. Ela tem o direito de ficar calada. Finalizada esta etapa, acusação e defesa vão apresentar as alegações finais. O prazo é de até dez dias a partir da notificação. Por fim, o juiz da 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital dará a sentença.
Segundo a denúncia do MPPE, na tarde de 02 de junho deste ano, Sarí Corte Real, agindo dolosamente, teria abandonado Miguel, que estava sob sua vigilância naquele momento, nas dependências do Edifício Píer Maurício de Nassau, situado na Rua Cais de Santa Rita, bairro de São José, área central do Recife. A criança subiu até o nono andar, e acabou caindo. Na ocasião, a mãe dele, Mirtes Renata, passeava com o cachorro da patroa.
A perícia realizada pelo Instituto de Criminalística no edifício constatou que Sarí apertou o botão da cobertura, antes de deixar a criança sozinha no elevador. Ao sair do equipamento, o menino passa por uma porta corta-fogo, que dá acesso a um corredor. No local, ele escala uma janela de 1,20 m de altura e chega a uma área onde ficam os condensadores de ar. É desse local que Miguel cai, de uma altura de 35 metros.
Sarí Corte Real, agora ex-patroa da mãe de Miguel, é esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio hacker (PSB). Na época do caso, Mirtes e a avó de Miguel trabalhavam na casa do prefeito, mas recebiam como funcionárias da prefeitura. A informação foi revelada pelo Jornal do Commercio.
Após a denúncia, MPPE instaurou uma investigação, descobriu que outra empregada doméstica da família também era funcionária fantasma da prefeitura, e a Justiça determinou o bloqueio parcial dos bens de Hacker.
O MPPE descobriu ainda que a mãe e a avó de Miguel ganhavam até gratificação por produtividade, mesmo sem trabalharem na prefeitura, como revelou um documento obtido pela coluna Ronda JC.
Em nota à coluna, a assessoria do MPPE disse que o caso segue sob investigação e que os promotores responsáveis por enquanto não vão comentar o processo.