Matéria atualizada às 14h do dia 24/11
A Polícia Civil está analisando novas imagens de câmeras de segurança que indicam a possibilidade de participação de mais pessoas no latrocínio (roubo seguido de morte) do policial militar alagoano Johnson Bulhões da Rosa Silva, de 27 anos, na praia de Porto de Galinhas, em Ipojuca, Litoral Sul de Pernambuco. Há suspeita de que eles seriam integrantes da facção criminosa conhecida como Trem Bala, que há anos vem agindo no município. O grupo é especializado em tráfico de drogas e homicídios.
Nas imagens, a dupla que abordou o PM aparece momentos antes conversando com outras duas pessoas que também estão de moto. É possível que, naquele instante, os assassinos tenham recebido a informação de que a policial estava armado. Na abordagem à vítima, segundo testemunhas, a dupla já chegou pedindo o revólver. Houve reação, o policial foi atingido por um tiro na cabeça, caiu no chão e um dos criminosos levou a arma dele. O crime, na frente de uma movimentada lanchonete, foi na noite da última sexta-feira (20).
Um dia após o latrocínio, um suspeito, cuja identidade está sendo mantida em sigilo, foi detido. Segundo a Polícia Militar, ele estava escondido na casa da sogra em São José da Coroa Grande. Na ocasião, confessou que pilotava a moto no momento da abordagem ao policial. O veículo foi apreendido. O suspeito estava acompanhado de um advogado e foi levado à delegacia da cidade usando um colete à prova de balas.
“Três pessoas chegaram a ser detidas neste fim de semana. Duas são mototaxistas. Eles foram ouvidos e liberados, mas continuam sendo investigados”, afirmou o delegado Cláudio Neto.
Nesta segunda-feira (23), a Polícia Civil confirmou que um dos suspeitos detidos foi autuado em flagrante pelo latrocínio, passou por audiência de custódia e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Ele já está no Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima. Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), trata-se de Israel Verenando Correa da Silva.
Em paralelo à investigação sobre o latrocínio do PM de Alagoas, a polícia está investigando a atuação da facção Trem Bala. Desde 2018, várias operações já foram realizadas para prender integrantes, mas o grupo criminoso continua forte e dominando o tráfico de drogas em Ipojuca. Segundo a polícia, trata-se de uma facção muito violenta, que tortura os seus alvos e, em alguns casos, até já obrigou que as vítimas cavassem as próprias covas antes de serem assassinadas.
Sobre a insegurança em Porto de Galinhas, a Polícia Militar informou, em nota, que “o 18º BPM mantém o policiamento por meio de viaturas ordinárias, Grupo de Apoio Tático Itinerante (GATI) e Contrarresposta. O Batalhão ainda conta com o apoio da Ciatur e do Bope que intensificam o patrulhamento na região”. Questionada se haverá reforço na segurança após o latrocínio, a PM não respondeu.
O corpo de Johnson Bulhões da Rosa Silva foi enterrado, no domingo, no cemitério São luiz, em Maceió, capital de Alagoas, onde ele vivia com a esposa, grávida de três meses. Amigos, familiares e colegas de farda se despediram do soldado ainda incrédulos com a morte precoce dele. Johnson fazia parte da PM de Alagoas desde 2018. Estava lotado no Batalhão de Polícia Rodoviária.
Era a primeira vez que ele havia ido à praia de Porto de Galinhas. Estava de folga e seguiu viagem com a esposa e familiares. Contente, havia publicado fotos em uma rede social pouco antes de ser morto, numa área movimentada de um dos principais pontos turísticos do Estado.
Nesta segunda-feira (23), a coluna Ronda JC entrou em contato com a viúva de Johnson. Muito abalada, ela disse que não tinha condições de falar sobre o caso. Apenas confirmou que já voltou para Alagoas. Uma das irmãs do policial também preferiu manter o silêncio nesse momento de luto.
Em Ipojuca, 41 pessoas foram vítimas de homicídio entre janeiro e outubro deste ano. Ao longo de 2019, foram 43 mortes violentas. Os dados são da Secretaria de Defesa Social (SDS).
De acordo com a plataforma Fogo Cruzado, 59 agentes de segurança foram baleados no Grande Recife somente neste ano. Deste total, 26 morreram.