A Polícia Civil deu início a uma investigação preliminar para identificar se há indícios de crime envolvendo servidores públicos que teriam aplicado vacinas contra a covid-19 em pessoas que não faziam parte do público prioritário definido pelo Plano Nacional de Imunização. Vídeos, divulgados nessa terça-feira (19), mostraram a secretária municipal de Saúde, Maria Nadir Ferro, e um fotógrafo da prefeitura, identificado como Guilherme JG, recebendo o imunizante. O delegado Alexandre Veras encaminhou ofício à Prefeitura de Jupi solicitando a lista de todos os servidores que ministraram a vacina.
"Instaurei um procedimento preliminar e estou aguardando a relação com os nomes dos servidores, que serão chamados para ser ouvidos. Pretendo começar ainda nesta semana. A partir daí vão surgindo informações e poderei saber se há indícios de crimes, como por exemplo o abuso de autoridade por parte dos agentes de saúde. Mas ainda estamos no começo", explicou o delegado, que é titular da Delegacia de Calçados, mas está acumulando a unidade de Jupi.
No município, 136 unidades da vacina contra a covid-19, para as duas doses de 68 profissionais de saúde que atuam no município, foram entregues ontem pela Secretaria Estadual de Saúde. A quantidade só dará para vacinar um terço dos profissionais de saúde. Mesmo assim, como indicam as imagens, algumas pessoas podem ter burlado as regras. O caso também chamou a atenção da promotora de Justiça da cidade, Adna Vasconcelos, que está acompanhando o caso e pode, ao final, apontar indícios de improbidade administrativa praticados pelos servidores.
Ao site da Rádio Jornal, o fotógrafo, que se identifica como Guilherme JG, disse estar arrependido. "Foi uma falta de empatia. Não terei coragem de tomar de novo", declarou, por telefone.
Após a repercussão negativa do episódio, o prefeito da cidade, Marcos Patriota (DEM) informou ao JC que tanto o fotógrafo quanto a secretária municipal de Saúde "foram afastados de seus cargos imediatamente". A gestora foi procurada, mas não atendeu as ligações.