Mais de um mês após a Polícia Civil concluir as investigações relacionadas ao assassinato da menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, em Petrolina, no Sertão, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) ainda não se posicionou sobre o caso.
O suspeito de matar Beatriz a facadas, identificado como Marcelo da Silva, de 40 anos, foi indiciado pelo crime de homicídio qualificado. O homicídio ocorreu em dezembro de 2015, durante uma festa de formatura no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, onde a menina estudava.
Em janeiro de 2022, o suspeito foi reconhecido por meio do cruzamento de DNA, a partir das amostras coletadas na faca usada no crime. A polícia foi até o presídio onde ele estava, no Agreste de Pernambuco, e ele acabou confessando o assassinato.
A conclusão do inquérito foi remetida ao MPPE o dia 4 de julho, porque outras provas - como uma reprodução simulada - foram produzidas nos últimos meses.
Cabe aos promotores de Justiça a decisão de concordar com a conclusão da polícia e denunciar o suspeito por homicídio qualificado ou pedir mais diligências.
Os promotores também podem decidir por mudar a tipificação penal, antes de enviar o processo à Justiça.
O MPPE não deu prazo para resposta sobre a investigação da polícia - geralmente o tempo médio é de 10 a 15 dias. No entanto, devido à grande quantidade de páginas e provas do Caso Beatriz, é natural que os promotores precisem de mais tempo.
A descoberta do suspeito ocorreu duas semanas após os pais de Beatriz caminharem por 23 dias, de Petrolina até o Recife, em dezembro de 2021, para cobrar justiça. A caminhada, que encontrou apoiadores em todas as cidades, teve repercussão nacional e expôs a demora da polícia para solucionar o crime.
Após o resultado ser positivo, os delegados foram ao presídio onde o suspeito cumpre pena por outros crimes e, em depoimento gravado, ele confessou ser o autor da morte de Beatriz.
Na gravação, o suspeito afirmou ter esfaqueado a criança após ela se desesperar ao vê-lo com uma faca dentro do colégio. Na ocasião, Beatriz havia se afastado dos pais para beber água.
"Ela olhou para a minha perna, eu estava sentado. Ela olhou e disse: 'você está armado aí, é uma faca'. Ela ficou com medo, se intimidou. Eu disse desse jeito: 'cala a boca, fique caladinha, não saia enquanto vou embora, fique bem quietinha'. Ela começou a gritar. Eu, descontrolado, eu não sei nem onde é que estavam acontecendo as perfurações, o quarto era todo escuro", disse o suspeito.
Lucinha Mota, mãe de Beatriz, publicou vídeo nas redes sociais comentando a conclusão do inquérito, no mês passado. Ela disse ter tido acesso a todos os volumes.
"Agora a gente vai aguardar o posicionamento do Ministério Público. espero sinceramente que não demore, porque estamos há mais de seis anos aguardando que a justiça seja feita. A gente espera agora celeridade", afirmou.
No dia 10 de dezembro de 2015, Beatriz Mota foi assassinada a facadas em uma sala desativada do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, onde estudava. Naquela noite acontecia a formatura da irmã mais velha dela.
Beatriz havia se afastado para beber água e não voltou mais. O corpo dela foi encontrado 30 minutos depois que os pais notaram a demora dela voltar para perto deles.
Em 2017, a polícia divulgou a imagem de um suspeito que possivelmente entrou no colégio durante a festa. Uma câmera flagrou o rapaz do lado de fora, mas nenhuma imagem do lado de dentro teria registrado.
Testemunhas contaram à polícia, na época, que o suspeito teria sido visto tentando se aproximar de outras crianças antes de chegar até Beatriz. Mas ninguém desconfiou.