No auge da segunda onda de covid-19, ao longo do segundo trimestre deste ano, Pernambuco alcançou o maior número de leitos de terapia intensiva (UTI): 1.812 dedicados a pacientes com sintomas da doença. Hoje, após desativação das vagas devido à desaceleração da pandemia, a rede pública estadual está com 1.279 leitos de UTI, com 41% deles ocupados. A reportagem do JC questionou a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) sobre o destino dos equipamentos médico-hospitalares dos leitos desativados e também sobre o aproveitamento das equipes de saúde que ofereciam assistência aos pacientes.
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"Na rede estadual, os leitos estão sendo reconvertidos dentro dos próprios serviços para atender à demanda original ou ampliar a assistência de outras especialidades. Até o momento, as equipes de saúde ainda não foram desmobilizadas nem remanejadas para outras unidades", disse, em nota, a SES, sem dar detalhes sobre as especialidades médicas que estariam sendo priorizadas com o remanejamento das instalações e equipes.
Na coletiva de imprensa da última semana, o secretário André Longo, explicou que o cenário epidemiológico atual faz com que o governo seja "indiscutivelmente cobrado" para dar assistência a pacientes com doenças que ficaram sem atendimento durante a pandemia. "Nossa responsabilidade é converter pelo menos aqueles leitos que eram dedicados a outras patologias e foram mobilizados para atender covid-19. Por outro lado, taxas de ocupação muito baixas deixam equipes ociosas, e o custo é elevado para manutenção delas, sem atender pacientes por causa da ociosidade", frisou Longo.
Leitos desativados
A queda dos indicadores da pandemia de covid-19 em Pernambuco e a desaceleração de casos da doença (inclusive os quadros mais graves, que exigem internamento) fizeram o Estado desativar 712 leitos hospitalares voltados exclusivamente a pessoas com sintomas da infecção pelo coronavírus. Entre eles, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), foram desmobilizadas 503 vagas de terapia intensiva (UTI) e 209 de enfermaria.
Com o avanço da variante delta, detectada inicialmente na Índia, surge a preocupação com um provável aumento no número de casos da covid-19 e, consequentemente, necessidade de reabertura de leitos para quadros da doença. Questionado sobre o plano para possível nova ativação dessas vagas, o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, destacou que o plano de convivência com a covid-19 prevê o desbloqueio e reconversão de leitos, se necessário.
"Atualmente temos que observar para os Estados onde a delta está predominando. É o caso do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Goiás e do Distrito Federal, que já anunciaram circulação comunitária da delta. Com esse olhar, analisaremos qual será o impacto sob o sistema de saúde", disse Longo, em coletiva de imprensa na última quinta-feira (5).
O secretário frisou que o governo tem trabalhado para balancear esse processo (oferta de leitos covid e não covid). "Mas, com certeza, temos que ter um plano de contingência para um possível recrudescimento da pandemia. Não imaginamos que esse aumento, gerando impacto no sistema de saúde, seja igual ao que ocorreu com a predominância da P1 (a variante gama que detectada, no Estado, pela primeira vez, em fevereiro deste ano)", salienta Longo. "Naquele momento (primeiro trimestre), com a P1, o número de pessoas imunizadas era muito menor, com a primeira ou a segunda dose."
Ainda durante a coletiva de imprensa, o secretário disse observar, em outros países com circulação da delta, principalmente naqueles com maior percentual de pessoas vacinadas, um impacto de menor intensidade no sistema de saúde, diferentemente do que ocorreu na segunda onda de covid-19. "O número de casos aumenta, e há especialistas que dizem que o grande monitoramento a ser feito hoje deve se voltar para (o volume) de solicitações de leitos e ocupação da rede. E certamente estamos com esse olhar voltado para a possiblidade de uma necessidade de retorno de vagas de UTI e enfermaria. Estamos caminhando porque precisamos caminhar; temos sobrecarga nas nossas emergências que precisa ser vista", sublinhou Longo, a fim de esclarecer de que forma os leitos de covid-19 desativados estão sendo convertidos para o tratamento de outras doenças.