Em boletim epidemiológico das arboviroses, enviado a pedido da reportagem do JC, a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) confirma, nesta quarta-feira (22), a primeira morte do ano por chicungunha, num momento em que a cidade registra 648% aumento dos casos da doença, em comparação com o mesmo período de 2020. O óbito foi de uma mulher de 90 anos, que morava no bairro de Jardim São Paulo, na Zona Oeste da capital pernambucana.
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A idosa começou a apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, dor no corpo no dia 8 de junho e, no dia 12 de junho, deu entrada em um hospital da rede estadual. A morte da paciente aconteceu no dia 14 de junho e foi confirmada por meio de critério clínico-laboratorial, após análise e discussão do caso pela equipe técnica da Vigilância Epidemiológica do município. A morte também é a segunda do ano confirmada por arbovirose em Pernambuco e foi divulgada no 35º boletim epidemiológico de arboviroses da Sesau. Em agosto deste ano, a secretaria confirmou um óbito por dengue, de um homem de 76 anos, que morava no bairro de San Martin, Zona Oeste da cidade.
Além dessas mortes confirmadas, a capital pernambucana ainda investiga outros quatro óbitos de pessoas que morreram com quadro sugestivo de infecção causada por vírus transmitido pelo Aedes aegypti.
Apenas este ano, no Recife, até 4 de setembro, foram notificados 22.240 casos suspeitos de arboviroses, sendo 8.494 casos de dengue, 13.278 de chicungunha e 468 de zika. Entre eles, foram confirmados 4.717 casos de dengue e 10.093 casos de chicungunha. Em comparação ao mesmo período do ano anterior, houve aumento de aproximadamente 356% dos casos notificados e de 447% dos casos confirmados de arboviroses. Um ponto que também preocupante é o fato de o diagrama de controle, com base na série histórica de casos prováveis de dengue, demonstrar que a taxa de detecção de casos prováveis da doença, neste ano, está atualmente acima do limite máximo esperado, segundo a Sesau.
Se forem considerados os casos prováveis (aqueles em que os descartados são subtraídos dos suspeitos), até 4 de setembro, a cidade notificou 6.779 de dengue, 12.412 de chicungunha e 130 de zika, totalizando 19.321 casos prováveis de arboviroses. Em comparação com o mesmo período do ano de 2020, houve um aumento de 509,6% de casos prováveis de dengue e 648,2% de chicungunha.
Arboviroses nos bairros
A Secretaria de Saúde do Recife informa que, ao considerar os casos prováveis de arboviroses das últimas oito semanas (11/07 a 04/09), que se referem ao período de transmissão ativa recente das doenças transmitidas pelo Aedes, os bairros que apresentaram o maior número de casos prováveis foram: Ibura (278), Cohab (145), Água Fria (141), Campina do Barreto (123) e Campo Grande (113). Entretanto, ao analisar o risco de adoecimento, os bairros que apresentaram as maiores taxas de detecção por 10 mil habitantes foram: Campina do Barreto (120,6), Bairro do Recife (61,8), Beberibe (55,7) e Cajueiro (55,1).
O último Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa), realizado no período de 30 de agosto a 1º de setembro, apresentou resultado geral no Recife de 1,7% (risco médio para surto de arboviroses). Seis bairros (Santo Amaro, Tejipió, Torrões, Jordão, Nova Descoberta e Alto do Mandu) apresentaram risco muito alto de infestação pelo Aedes aegypti.