A pandemia da covid-19 elevou os riscos à saúde geral da população, seja pela própria infecção causada pelo coronavírus, seja pela falta de acompanhamento a tratamentos para inúmeras doenças. Além disso, a queda na realização de exames de rotina impede que doenças graves sejam diagnosticadas precocemente, o que prejudica a qualidade de vida. Tudo isso provoca uma reação em cadeia, conforme explica a cardiologista Sueli Vieiras, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo. "Não sabemos o curso que a pandemia terá no futuro, mas cuidar da saúde do coração neste momento é mais importante do que nunca", diz.
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O depoimento da médica vem das condições vividas atualmente pelos brasileiros. Segundo o Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de morte no País. Dados apontam que cerca de 300 mil indivíduos sofrem anualmente de infarto agudo do miocárdio (IAM), levando a óbito 30% destes casos.
Além disso, um estudo promovido pela International Atomic Energy Agency (sigla em inglês para Agência Internacional de Energia Atômica) sobre o impacto da covid-19 no diagnóstico de doenças cardíacas aponta para uma estimativa de que mais de 700 mil exames de diagnóstico por imagem, voltados à detecção de doenças cardiovasculares, deixaram de ser realizados em todo o mundo entre março e abril de 2020. Isso representa uma redução de 42%, em relação ao mesmo período no ano anterior.
Quando considerado apenas o mês de abril, a queda na realização deste tipo de exame foi ainda maior, de 64% em relação a abril de 2019.
Diante desse cenário, especialistas e entidades de saúde reforçam que a população retome os cuidados com a saúde geral. Eles frisam a importância do papel do check-up cardiovascular para detectar possíveis anormalidades o mais cedo possível.
Antes da pandemia, a orientação para realização dos exames cardiovasculares periódicos era, em geral, direcionada aos homens com mais de 45 anos ou mulheres após início da menopausa, além de pessoas com quadro de diabetes, obesidade, colesterol e triglicérides altos, fumantes e pacientes com histórico familiar ou que já fossem portadores de doenças cardíacas.
“Essa recomendação não mudou. No entanto, a falta de acompanhamento médico durante o longo período de isolamento social, somada aos riscos de sequela da covid-19 àqueles que contraíram a infecção e ao aumento do sedentarismo, resulta em um cenário diferente, que nunca vivenciamos antes. Por isso, a atenção agora é maior”, Sueli.
Exames importantes do check-up cardiológico
Falta de ar, fraqueza, tontura, pernas inchadas, dor no peito e pontas dos dedos azuladas estão entre os principais sinais que indicam a possibilidade de algum comprometimento das funções cardíacas.
Além disso, caso a pessoa não tenha sintomas como estes, mas deixou de fazer exames durante a pandemia, reduziu a prática de atividades físicas e/ou percebeu aumento significativo de peso neste período, é recomendado realizar avaliação médica.
Confira abaixo quais são os exames que fazem parte do check-up:
- Eletrocardiograma: Verifica alterações no funcionamento do coração, identificando problemas como arritmias ou princípio de infarto
- Ecocardiograma: Ultrassom que ajuda a diagnosticar patologias como sopros cardíacos, pericardites, endocardite infecciosa, cardiopatias congênitas e doenças valvulares, entre outras.
- Exames de sangue: Para acompanhamento das taxas de glicemia, colesterol, triglicérides, troponina, creatinina, sódio, potássio, ureia, CPK e CK-MB
- Teste de esteira: Avalia como o coração responde ao esforço físico
- Monitoramento Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA): Fornece dados precisos com o monitoramento da pressão arterial por 24 horas
- Holter: Checa alterações no ritmo cardíaco por meio de eletrodos, durante 24 horas