A Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês) divulgou novos números que mostram que 537 milhões de adultos vivem atualmente com diabetes em todo o mundo. Isso representa um aumento de 16% (74 milhões), em comparação com 2019. Divulgadas antes do Dia Mundial da Diabetes, em 14 de novembro, essas novas descobertas destacam o crescimento alarmante da prevalência de diabetes em todo o mundo. Os novos números são da 10ª edição do Atlas de Diabetes da IDF, que será publicado em 6 de dezembro, e fazem a entidade alertar que a doença está saindo do controle.
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O documento da IDF mostra que a prevalência global de diabetes atingiu 10,5%, com quase metade (44,7%) dos adultos sem diagnóstico. As projeções do IDF mostram que, em 2045, 783 milhões de adultos viverão com diabetes - ou um em cada oito adultos. Isso representaria um aumento de 46%, mais que o dobro do crescimento populacional estimado (20%) no mesmo período.
Confira as principais conclusões da 10ª edição do Atlas de Diabetes da IDF
- Um em cada dez (10,5%) adultos em todo o mundo vive atualmente com diabetes
- Prevê-se que o número total aumente para 643 milhões (11,3%) até 2030 e para 783 milhões (12,2%) até 2045
- Estima-se que 44,7% dos adultos que vivem com diabetes (240 milhões de pessoas) não foram diagnosticados. Mais de 4 em 5 (81%) dessas pessoas vivem em países de baixa e média renda
- A diabetes foi responsável por cerca de US$ 966 bilhões em gastos globais com saúde em 2021. Isso representa um aumento de 316% nos últimos 15 anos
- Excluindo os riscos de mortalidade associados à covid-19, estima-se que aproximadamente 6,7 milhões de adultos morreram devido ao diabetes ou suas complicações em 2021. Isso é mais de uma em dez (12,2%) das mortes globais por todas as causas
- 541 milhões de adultos, ou 10,6% dos adultos em todo o mundo, têm tolerância à glicose diminuída (IGT), colocando-os em alto risco de desenvolver diabetes tipo 2
Os 100 anos da insulina
"Enquanto o mundo marca o centenário da descoberta da insulina, gostaria de poder relatar que testemunhamos ações decisivas para reverter a maré crescente da diabetes. Infelizmente, não posso", comenta o presidente da IDF, o professor Andrew Boulton. "A diabetes é uma pandemia de magnitude sem precedentes. No início deste ano, a Organização Mundial da Saúde lançou o Global Diabetes Compact, e os Estados-Membros das Nações Unidas adotaram uma resolução que pede uma ação global coordenada urgente para combater a diabetes. Esses são marcos significativos, mas as palavras devem ser agora transformadas em ação. Se não for agora, quando?", questiona.
O centenário da descoberta da insulina representa uma oportunidade única para refletir sobre o impacto da diabetes e destacar a necessidade urgente de melhorar o acesso ao atendimento para os milhões de afetados. Estima-se que uma, em cada duas pessoas com diabetes em todo o mundo que precisam de insulina, não tenha acesso ou não possa pagar por ela.
Diagnóstico e tratamento da diabetes
Quando a diabetes não é detectada nem tratada de forma adequada, as pessoas com a doença correm maior risco de apresentar complicações graves e fatais, como ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, insuficiência renal, cegueira e amputação de membros inferiores. O agravamento se torna mais comum quando os pacientes não recebem tratamentos eficazes em tempo hábil. Essas complicações resultam em redução da qualidade de vida e maiores custos de saúde.
"Os novos dados confirmam a diabetes como um desafio global significativo para a saúde e o bem-estar de indivíduos, famílias e países. Muitos diabetes estão escondidos. Quase sempre que encontramos dados mais recentes e mais precisos, nossas estimativas precisam ser revisadas para cima", disse a professora Dianna Magliano, copresidente do Comitê do Atlas de Diabetes do IDF.
O impacto do estilo de vida na diabetes
Globalmente, mais de 90% das pessoas com diabetes têm diabetes tipo 2. O aumento no número de pessoas com diabetes tipo 2 é impulsionado por uma complexa interação de fatores socioeconômicos, demográficos, ambientais e genéticos. Os principais contribuintes incluem urbanização, envelhecimento da população, diminuição dos níveis de atividade física e aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade.
Muito pode ser feito para reduzir o impacto da diabetes. As evidências sugerem que o tipo 2 da doença pode frequentemente ser evitado, enquanto o diagnóstico precoce e o acesso a cuidados adequados para todos os tipos de diabetes podem evitar ou retardar complicações em pessoas que vivem com a doença.