O Recife notificou 26.284 casos suspeitos de arboviroses este ano (até 26 de outubro), sendo 9.698 de dengue, 16.026 de chicungunha e 560 de zika. Entre eles, foram confirmados 5.784 casos de dengue e 12.626 de chicungunha (total de 18.410). Em comparação com mesmo período de 2020, houve aumento de 341% dos casos notificados e de 453% dos casos confirmados de arboviroses. O retrato da cidade se estende também a outras regiões de Pernambuco, pois a subida dos casos tem ocorrido em todo o Estado.
Só neste ano, em Pernambuco, já são 49.306 casos suspeitos de dengue, em todos os 184 municípios e Fernando de Noronha, o que representa um aumento de 46%, em relação ao mesmo período de 2020, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Em relação à chicungunha, foram notificados 35.981 casos em 147 municípios, o que corresponde a um aumento de 363%, em comparação com o mesmo período do ano passado. Já para zika, até o momento, foram notificados 5.753 casos em 114 municípios, o que mostra um aumento de 141%, em relação a 2020.
Esses dados expressivos ainda tendem a estar subnotificados, já que a pandemia impactou o registro de casos das arboviroses e demais doenças pelos municípios, que têm dedicado esforços ao enfrentamento do coronavírus. "A covid fez com que os municípios não registrassem (casos de arboviroses e outras doenças de notificação compulsória) como vinham fazendo antes da pandemia. Mesmo assim, é notório o aumento no número de casos (de dengue, chicungunha e zika) que temos este ano", diz a secretária-executiva de Vigilância em Saúde da SES, Patrícia Ismael.
Ela destaca que, no Estado, algumas localidades trazem maior preocupação em relação ao cenário das arboviroses. "Limoeiro, Goiana, Palmares e Afogados da Ingazeira são regiões que chamam a atenção no momento, pois tiveram mais aumento de casos. Nos municípios dessas áreas, procuramos saber como está o trabalho dos agentes de endemia, que estavam sem entrar nas casas no ano passado", informa Patrícia. A secretária-executiva explica que, devido às medidas de proteção para conter a pandemia, os só realizam o trabalho nos arredores das residências. "E isso impactou bastante, pois são os agentes que orientam as pessoas e procuram por criadouros nas casas. O fato de, no ano passado, eles não terem conseguido fazer isso certamente contribuiu para a situação (aumento de casos de arboviroses) que temos hoje, o que é realmente grave", acrescenta Patrícia.
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No Recife, o diagrama de controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, com base na série histórica de casos prováveis (inclui os notificados, exceto os descartados) de dengue, demonstra que a taxa de detecção da doença está acima do limite máximo esperado. Até 26 de outubro, a capital pernambucana notificou 7.594 casos prováveis de dengue, 14.926 de chicungunha e 41 de zika, totalizando 22.561 casos prováveis de arboviroses. Em comparação com o mesmo período do ano de 2020, houve um aumento de 445,2% de casos prováveis de dengue e 629,2% de chicungunha.
O último Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa), realizado no período de 30 de agosto a 1º de setembro (5º ciclo), apresentou resultado geral no Recife de 1,7% (risco médio para surto de dengue, chicungunha e zika).
Seis bairros estão na zona vermelha, aquela que apresenta risco muito alto de infestação pelo Aedes aegypti:
- Santo Amaro
- Tejipió
- Torrões
- Jordão
- Nova Descoberta
- Alto do Mandu
Já uma análise sobre os casos prováveis de arboviroses das últimas oito semanas (29 de agosto a 23 de outubro), que se refere ao período de transmissão ativa recente das doenças transmitidas pelo Aedes, mostra os quatro bairros que apresentaram o maior número de casos prováveis:
- Ibura (122)
- Cohab (47)
- Campina do Barreto (44)
- Areias (42)
Entretanto, ao analisar o risco de adoecimento, os bairros que apresentaram as maiores taxas de detecção por 10.000 habitantes são:
- Campina do Barreto (42,9)
- Ibura (22,3)
- Coelhos (21,8)
Outro detalhe é que, neste ano, a distribuição dos casos confirmados de arboviroses por faixa etária, no Recife, mostra uma concentração nas pessoas entre 20 anos e 59 anos (64,7% dos casos), atingindo a população economicamente ativa. Entre as gestantes, a alta das doenças transmitidas pelo Aedes também tem sido uma realidade. Foram notificados 531 casos suspeitos em mulheres grávidas - e 229 deles confirmados. Considerando o mesmo período do ano anterior, foram notificados 79 casos de gestantes com suspeita de infecção por arbovírus, dos quais 23 foram confirmados.
Mortes
O Recife confirmou mais duas novas mortes por arboviroses. A informação foi ratificada pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) na tarde da segunda-feira (15). O primeiro dos óbitos, que consta no boletim epidemiológico, é de um homem de 41 anos, que não resistiu às complicações da dengue. Ele morava no bairro de Brejo de Beberibe, Zona Norte da cidade. O homem, que tinha comorbidades (obesidade, hipertensão e insuficiência cardíaca), começou a apresentar sintomas, como febre e dor de cabeça, no dia 30 de julho. No dia 7 de agosto, ele deu entrada em um hospital da rede estadual de saúde. A morte aconteceu no dia 8 de agosto, após parada cardiorrespiratória.
Já a segunda vítima é uma mulher de 61 anos, que morava no bairro da Boa Vista, área central da cidade, que também foi a óbito por dengue. Ela não tinha comorbidades. Começou a apresentar sintomas como febre, dores de cabeça e dor nas articulações em 2 de julho. No dia 7 do mesmo mês, deu entrada em um serviço de pronto atendimento do Estado. No dia 10 de julho, a mulher foi a óbito, após paradas cardíacas.
Anteriormente, ao longo deste ano, a capital pernambucana já havia confirmado uma morte por dengue e outra por chicungunha. Além desses quatro óbitos confirmados por arboviroses, outros seis foram descartados e quatro permanecem em investigação.
Combate ao Aedes aegypti
A Sesau diz que tem utilizado diversas estratégias para controle do Aedes e pede que a população também colabore para evitar a proliferação do mosquito, já que mais de 80% dos focos são encontrados dentro das residências.
De janeiro até agora, os agentes de saúde ambiental e controle de endemias (asaces) da Prefeitura do Recife visitaram mais de 1,4 milhão de imóveis da capital e cerca de 11 mil pontos estratégicos de monitoramento.
Denúncias de possíveis focos do mosquito devem ser feitas, primeiramente, nos canais oficiais da PCR, como o Conecta Recife, na opção "Bora se Cuidar contra o Mosquito", e à Ouvidoria do SUS pelo telefone 0800 2811520, das 7h às 19h, de segunda a sexta-feira.