Um período de praticamente um ano separa as duas fotos (acima e após este parágrafo). As sensações vivenciadas, nos momentos retratados em ambas as imagens, são de alegria, proteção e gratidão. Ah, e também desponta o sentimento de esperança — e ele vem como um apaziguador, pois traz a impressão de que, mesmo diante desta nova onda de covid-19 com a variante ômicron, a vacina sempre faz a gente vislumbrar um cenário de renovação. Ao contemplar foto de Heudes Régis ao alto, vemos um brilho sem igual no olhar da técnica de enfermagem Perpétua do Socorro Barbosa dos Santos, de 53 anos. O retrato foi feito no dia 18 de janeiro de 2021, quando ela recebeu a primeira dose contra o coronavírus. Foi a primeira pernambucana vacinada contra a infecção no Estado. A partir da imunização de Perpétua, foi dado início à campanha de vacinação contra um vírus que nos surpreende dia após dia.
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"Receber a primeira dose, naquele momento, significou o primeiro passo para a esperança de que dias melhores viriam. Mas ainda lutamos contra o vírus, e vamos vencer esta guerra", relata Perpétua, que é funcionária do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) há 31 anos. Assim como tantos outros funcionários da unidade de saúde, o primeiro a vacinar suas equipes de saúde com a chegada dos primeiros imunizantes em janeiro do ano passado, Perpétua está na linha de frente contra a covid-19 desde o começo da pandemia em Pernambuco, em março de 2020. "Toda a população precisa entender que a vacina salva vidas. Ainda assim, o atual momento ainda pede os nossos cuidados, exige a nossa conscientização. Precisamos continuar a usar máscaras, fazer a higienização frequente das mãos e respeitar o distanciamento social", destaca.
Agora, a expectativa de Perpétua é vacinar a filha de 3 anos, Yasmin Barbosa dos Santos. O desejo dela se torna cada vez mais perto de ser alcançado. Atualmente a CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac, já é usada em crianças a partir dos 3 anos em diferentes países do mundo. Por enquanto, a utilização neste público está em análise pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Enquanto isso, mais de 1 milhão de vacinas pediátricas da Pfizer (única autorizada pela Anvisa para aplicação dos 5 a 11 anos) já desembarcam no Brasil e foram distribuídas, pelo Ministério da Saúde, aos Estados.
Quase um ano após Perpétua ser imunizada, Maria Antônia Oliveira (na foto acima, recebendo a vacina), de 11 anos, foi a primeira criança de Pernambuco, na faixa etária de 5 a 11 anos, vacinada contra a covid-19 no Estado. Ela tem síndrome de Down e foi imunizada no início da tarde da última sexta-feira (14), em solenidade simbólica realizada pela Prefeitura do Recife e Governo de Pernambuco na Associação de Famílias para o Bem-Estar e Tratamento da Pessoa com Autismo (Afeto), no bairro da Encruzilhada, Zona Norte da capital. De acordo com o técnico em manutenção e pai de Maria Antônia, Samuel de Oliveira, de 44 anos, o momento foi de gratidão. "Estou feliz porque chegou a vez dela e, graças a Deus, todos nós já estamos vacinados. Eu já estou com a terceira dose. A expectativa era muito grande, a ansiedade era enorme", contou Samuel.
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Ao longo deste primeiro ano de campanha contra a covid-19, Pernambuco passou por duros momentos na pandemia, com os picos e as ondas de variantes que fazem o coronavírus evoluir e ser cada vez mais transmissível. O fantasma da covid-19 ainda existe, e é difícil saber se ele desaparecerá algum dia. Por enquanto, a recomendação é continuar a acreditar no poder da vacina, que evita os casos graves e mortes em decorrência da infecção.
Se a vacinação completa, com duas doses, associada ao reforço (terceira aplicação), é o que vai mais ajudar a reduzir a circulação do vírus, impedir as hospitalizações e os óbitos, o nosso Estado ainda tem a grande missão de imunizar cerca de meio milhão de pessoas que estão com a segunda dose em atraso. Por mais que o Vacina Mais Pernambuco (programa para acelerar a imunização contra a covid-19) conte com equipes itinerantes, que percorrendo as cidades em veículos que possibilitam o acesso a áreas mais difíceis, esse número de faltosos não baixa faz tempo. É necessária uma análise mais cuidadosa para identificar as maiores e prováveis causas do atraso. Esse diagnóstico é fundamental para orientar as atividades para estimular a população a completar o esquema vacinal e salvar cada vez mais vidas.