Erika Drumond (Portal Fiocruz)
Coriza, tosse, febre, mal-estar.
Esses são sintomas que podem indicar apenas um resfriado, mas o quadro também é provocado pelo vírus sincicial respiratório (VSR), agente causador de doenças como a bronquiolite, inflamação que dificulta a chegada do oxigênio aos pulmões.
Provocada por vírus, a doença ocorre sazonalmente, e a incidência é mais frequente nos meses de outono e inverno no Brasil, principalmente em crianças até 2 anos de idade.
Bronquiolite: Fiocruz faz alerta para prevenção e diagnóstico
“Quando os sintomas evoluem para o chiado no peito (sibilância) e esforço respiratório, a criança deve ser rapidamente levada ao pronto atendimento pediátrico para avaliação médica. O quadro pode ou não evoluir para uma insuficiência respiratória, podendo ser necessário internação hospitalar e uso de oxigênio por meio de ventilação não invasiva ou invasiva", informa a alergista e imunologista Flávia A. Anisio de Carvalho, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).
O VSR é responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Ainda não existe vacina contra a doença, mas o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza, desde 2013, o medicamento palivizumabe – indicado especialmente para bebês prematuros extremos, aqueles com cardiopatia congênita ou doença pulmonar crônica, casos em que a infecção costuma ser mais grave.
Bronquiolite: como prevenir e como tratar?
O vírus (VSR) é muito contagioso, sendo transmitido pelo ar, por toque e por objetos contaminados. A prevenção é similar às outras infecções de causa viral, incluindo a covid-19.
A médica Flávia Carvalho reforça a importância de evitar ambientes fechados e com aglomeração de pessoas, sobretudo nos primeiros três meses de vida. Lavar as mãos com sabão ou usar álcool em gel, além de máscaras são outras medidas que favorecem a redução da transmissão viral.
O crescimento do VSR, assinala Flávia Carvalho, ocorre em um momento de redução da circulação do coronavírus, sendo importante manter a atenção para outras infecções respiratórias, que também podem levar a quadros graves com necessidade de internação em UTI.
"Com a pandemia e o período de isolamento social, o VSR e outros vírus tiveram sua circulação quase interrompida, devido ao uso de máscara e de medidas de higiene mais constantes", assinala. Além disso, diminuir o contato com crianças e adultos infectados é mais uma forma de prevenção.
Na maioria dos casos, a bronquiolite apresenta sintomas leves, que variam entre sete e 12 dias. O tratamento é feito em casa por meio de medidas gerais de suporte, como antitérmicos em caso de febre, e medidas para desobstrução nasal, como inalações com soro e a lavagem nasal. Em alguns casos, podem estar indicados broncodilatadores e nebulização com salina hipertônica.
"Esse tipo de nebulização, feita com soro mais salgado, faz com que o muco seja expectorado com mais facilidade, desobstruindo as vias aéreas", explica. Em casos mais graves, nos quais a criança apresenta dificuldade respiratória, o tratamento é hospitalar, podendo ser empregada a oxigenioterapia”, realça.
Com relação à mãe que amamenta, a recomendação é o uso de máscara e higiene adequada das mãos, especialmente se apresentar sintomas catarrais, como tosse, coriza e obstrução nasal. "Ela pode e deve amamentar", ressalta a especialista. "Além disso, não há indicação de interromper a amamentação, estando indicada até pelo menos dois anos de idade, sendo o único alimento necessário para o bebê até os 6 meses de vida", afirma.
Vacinação em dia
Mesmo não havendo vacina contra o vírus, a médica faz um alerta para que os familiares mantenham o calendário vacinal em dia. "É preciso vacinar bebês a partir dos 6 meses contra a gripe, já que o vírus influenza é outra causa de infecção pulmonar potencialmente grave", destaca. Ela assinala ser fundamental manter as outras vacinas em dia, a fim de evitar a transmissão de doenças imunopreveníveis às crianças.