A enfermagem está presente em todos os braços do Sistema Único de Saúde (SUS). É uma categoria com jornadas duplas e até triplas de trabalho. São trabalhadores que cuidam da nossa saúde a todo instante, do pré-natal ao doloroso momento do óbito.
Com a suspensão dos efeitos da lei do piso salarial da enfermagem, no domingo (4), pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, a classe está de luto.
Em entrevista nesta segunda-feira (5), ao Passando a Limpo, da Rádio Jornal, o presidente do Sindicato Profissional dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de Pernambuco (Satenpe), Francis Herbert, lamentou a decisão de Barroso.
Presidente do Satenpe repudia suspensão do piso salarial da enfermagem
"Nós, sindicalistas, recebemos com muita estranheza esta decisão do ministro Barroso. A gente viu que o Judiciário se sobrepôs a dois outros poderes: o Legislativo e o Executivo. Isso prejudicou a enfermagem no seu contexto geral, até porque todos (os pontos) que ele pede foram debatidos nos últimos dois anos pelas comissões criadas; o impacto financeiro, os leitos...", disse Francis Herbert.
Ele acrescentou que a decisão de Barroso prejudica mais de 2 milhões e 400 mil profissionais da enfermagem no Brasil. "Muitos estão vivendo, aqui em Pernambuco, no (cheque) especial. Nós recebemos salário abaixo do mínimo (atualmente é R$ 1.212). Vemos os grandes hospitais com lucros exorbitantes e não repassando parte desse lucro para que tenhamos salário digno", destacou.
Durante o programa na Rádio Jornal, Francis Herbert ressaltou que os argumentos de Barroso não têm fundamento porque foram feitas comissões em que se discutiu o impacto financeiro gerado pelo piso salarial da enfermagem.
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"Entendemos que há uma morosidade por parte de quem realmente tem que apresentar as fontes de custeio. Mas isso não impede que nós recebamos da iniciativa privada o que está em lei, o que é constitucional. Vamos entrar com recurso para que a gente tenha esta cautelar sendo avaliada, pelo pleno, o mais rápido possível."
Na visão do presidente do Satenpe, a decisão de de suspender os efeitos da lei do piso salarial da enfermagem surpreendeu a categoria. "Foi muito, muito triste. Entendemos que o ministro é advogado patronal, levando trabalhadores da enfermagem ao análogo à escravidão, trabalhar de graça praticamente, enriquecendo uma grande parte do empresariado na área de saúde", disparou Francis Herbert.